Diretores de escolas estaduais com mais de 150 alunos que garantirem, ao menos, 85% de frequência receberão bônus no salário


Por Luiza Rampelotti Publicado 16/05/2022 às 07h35 Atualizado 17/02/2024 às 08h34

A partir deste mês, diretores da rede estadual de ensino do Paraná poderão receber bônus relacionados à frequência escolar dos estudantes. Os pagamentos começam em maio e são retroativos aos meses de fevereiro, março e abril.

O bônus foi criado em dezembro de 2021, por meio da Lei 20935, e foi regulamentado pela resolução 2006 da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR) que implantou, em 25 de abril, a Gratificação de Incentivo Escalonada e Mensal (GIEM) ao diretor e diretor auxiliar em exercício nas instituições estaduais. Com isso, os profissionais de escolas que seguirem os critérios dispostos na legislação poderão se beneficiar.

Para receber o benefício financeiro, os diretores precisam que a frequência dos estudantes seja maior ou igual a 85% e que a escola tenha a partir de 150 matrículas. De acordo com o Governo do Estado, a premissa para condicionar o bônus à frequência foi construída a partir de pesquisas acadêmicas.

Em vários países do mundo, a frequência escolar é o indicativo mais sólido para mensurar a qualidade da aprendizagem e o clima escolar”, diz a Seed.

Bônus de até R$ 2.430


A secretaria de Educação e do Esporte afirma que verificará mensalmente o número de alunos matriculados e o registro de presença. As escolas contempladas serão divididas em três grupos: frequência igual ou maior que 85% e menor que 90%; maior ou igual a 90% e menor que 95%; e igual ou maior que 95%.

O valor pago aos diretores será gradativo, de acordo com o número de estudantes matriculados e com o grupo de frequência em que a escola se enquadra. Ele deve corresponder a no mínimo R$ 108 e máximo de R$ 2.430 para diretores, e mínimo de R$ 92 e máximo R$ 2.070 para diretores-auxiliares.

Combate à evasão escolar é papel de todos”, diz diretor do José Bonifácio


Apesar de, num primeiro momento, a gratificação parecer algo positivo, para Alex Weiss, diretor de uma das maiores escolas estaduais de Paranaguá, o Colégio Estadual José Bonifácio, ela não está sendo vista com bons olhos. “Sou contra esta comissão/bônus atrelada à presença de estudantes nas escolas, pois um diretor não se resume apenas a frequência de estudantes, vai muito além disso. A obrigação primordial de enviar os filhos à escola é dos pais, a nossa é a de estarmos de portas abertas diariamente e sermos a base para que os estudantes possam frequentar a instituição de ensino em busca de conhecimento, aprendizado, socializações, formação moral etc.”, diz.

O Colégio José Bonifácio tem 781 estudantes matriculados no Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante. Com isso, se enquadra nos requisitos para o bônus. No entanto, o diretor Alex comenta que a gratificação exclusiva aos diretores que atingirem os índices de frequência causa uma controvérsia entre todos os educadores da comunidade escolar.

A falta de alunos não pode ser vista ou tratada como um balcão de negócios, se tem mais estudantes ganha mais, se não tem, ganha menos. Não acho que essa seja a forma correta de avaliar a gestão de um colégio. Além disso, o combate à evasão escolar é uma responsabilidade e dever de todos os envolvidos/inseridos no processo ensino-aprendizado”, diz.

Ele é diretor escolar há 10 anos e destaca que no Colégio Estadual José Bonifácio, por exemplo, não estão matriculados estudantes apenas das comunidades próximas à instituição, mas, sim, de todos os perímetros da cidade. “Desta forma, também existe a questão de localização desses estudantes, que deixaram de estudar ou nunca apareceram após uma violenta pandemia, e a necessidade de trabalho a qual é priorizada por muitos que se evadem das salas de aula. Isso é um problema social e não apenas do gestor de sua comunidade escolar. Considero isso como um fator muito grave, pois os efeitos serão sentidos por meses e até anos”, finaliza Alex.