DNIT diz que vazadas são um problema de segurança pública; PRF nem sabe quantas ocorrem


Por Flávia Barros Publicado 03/06/2022 Atualizado 17/02/2024

Em abril o JB Litoral voltou a noticiar as consequências das chamadas vazadas, quando criminosos abrem as bicas dos caminhões para roubar cargas que ficam esparramadas no asfalto e trazem danos ainda maiores do que prejuízos materiais. A prática criminosa já causou diversos acidentes, muitos deles fatais, como o que tirou a vida do jovem Mauricio Augusto Vipieski Araújo, de 28 anos, em 12 de abril, na Vila Guarani, em Paranaguá.

Passado um mês, o assunto foi levado à Câmara dos Deputados pelos vereadores que compõem a Comissão de Assuntos Portuários e de Turismo, Ezequias Rederd Maré (Pode), Lindonei do Nascimento (PTC) e Bruno Miguel (PP).

COMBATE ÀS VAZADAS + MOBILIDADE


Em Brasília, os parlamentares parnanguaras foram recebidos pelo líder do governo no Congresso, o deputado federal Ricardo Barros (PP), a quem reivindicaram um combate mais efetivo às vazadas que ocorrem na jurisdição federal das avenidas Bento Rocha e Ayrton Senna da Silva. Os vereadores também conversaram com o presidente da Secretaria Nacional de Portos, Diogo Piloni, e pediram melhorias estruturais para a vias e a redução dos problemas de mobilidade ocasionados pelas manobras das composições ferroviárias na avenida Roque Vernalha.

SÓ LIMPEZA


De acordo com a reportagem anterior, publicada pelo JB Litoral, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR), “a ponte sobre o rio Emboguaçu é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), sendo parte de uma via federal. A manutenção de rodovias ou obras de arte especiais (pontes, viadutos etc.) cabe ao ente que administra a rodovia, no caso de vias federais é o DNIT. O DER/PR realiza manutenção e conservação da malha estadual, que consiste em mais de 10 mil quilômetros de rodovias”, disse.

Na ocasião, a reportagem também havia entrado em contato com o DNIT, mas só obteve resposta via lei de acesso à informação, no qual o departamento se posicionou da seguinte forma:

Este fato de abertura das tampas dos caminhões carregados já ocorre há muito tempo nesta região, mesmo no período que a rodovia estava em regime de Delegação ao Governo do Estado do Paraná, através do DER/PR e Concessionária Ecovia. Trata-se de um problema que diz respeito à segurança pública, e segurança da rodovia, através da PRF, e não de Manutenção Rodoviária. O que o DNIT faz, através da referida empresa contratada, é a limpeza da pista sempre que o problema de espalhamento de grãos for verificado por meios próprios, ou através de acionamento da PRF/PR”, argumentou o DNIT.

Problema das vazadas foi levado à Brasília pelos vereadores de Paranaguá; parlamentares cobraram medidas mais efetivas do líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP/PR) / Crédito: Câmara Municipal de Paranaguá


SE A PRF NÃO SABE, QUEM SABE?


Já a assessoria de comunicação da Polícia Rodoviária Federal encaminhou o pedido para a delegacia metropolitana, responsável pela área. A unidade respondeu ao JB Litoral que “não possui esse controle de números de vazadas, nem mesmo a quantidade de limpezas executadas. 

Muitas das vazadas não são informadas, pois as pessoas que promovem a abertura das bicas algumas vezes fazem o recolhimento dos grãos sem a PRF ser notificada. Já nas situações em que ocorre o acionamento da PRF, a limpeza pode ser executada tanto pelo DNIT como por uma ONG que faz a varredura de grãos do Porto de Paranaguá e, muitas vezes, prestam também esse apoio à PRF. Portanto, não temos como fornecer essa informação exata sobre a quantidade de aberturas de bica e/ou acionamento de limpeza”, assinou a nota o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da PRF.

OPERAÇÃO


No último dia 13, a Polícia Militar (equipes do 9º BPM e da Força Verde), em uma ação conjunta com Bombeiros, agentes da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina e da Prefeitura de Paranaguá, realizaram a Operação Receptação/Vazada – Paranaguá. Durante a atividade, 59 pessoas foram abordadas e três delas foram presas. Um bar foi interditado e um automóvel apreendido. Também foi possível apreender quase três toneladas (2.840 kg) de grãos, adubos e fertilizantes oriundos de vazadas nos bairros Vila Guarani, Industrial e 29 de Julho.