Drª Valéria rompe com Zé Paulo, mas garante que estará sempre com o povo


Por Redação JB Litoral Publicado 14/10/2017 Atualizado 14/02/2024

Peça fundamental na vitória com 5.709 votos do Prefeito José Paulo Vieira Azim (PSB), a Médica Valéria Regina Fernandes de Oliveira (PP) rompe política e administrativamente com a atual gestão, ao se sentir como mera expectadora e ver que seus ideais nesta administração não estão se cumprindo.

Sem se deixar abalar, apesar da precocidade do rompimento, a doutora diz sentir-se, agora, livre para lutar pela verdade e garante não desistir da missão que lhe foi atribuída. “Voltei a ser eu mesma, de braços com a democracia. Confio que Deus está no comando sempre”, diz a vice-prefeita nesta entrevista exclusiva ao JB.

 

JB – Nove meses de gestão e a senhora rompe política e administrativamente com o prefeito que ajudou a eleger. O que ocorreu?

Drª Valéria – Infelizmente a confiança se rompeu. Não temos objetivos e atitudes em comum, o que idealizei para ser executado nesta gestão não está se cumprindo. Aliás, não faço parte das decisões e idealizações deste governo. Sou apenas uma mera expectadora.

 

JB – O que a motivou aceitar ser vice-prefeita na cidade em que nasceu? Quais eram suas expectativas?

Drª Valéria – Morando e trabalhando em Antonina, fui criando um compromisso social com a comunidade, absorvendo as necessidades de cada paciente e amigo. Acredito que a política é um meio de transformação social e sonhava com este momento, lutar para fornecer dignidade no dia a dia do povo que me escolheu como representante, principalmente na área médica e social.

 

JB – Com grande bagagem médica, por que este seu potencial não foi aproveitado em favor da gestão?

Drª Valéria – Esta pergunta me faço todos os dias. Sou uma profissional que é aceita em todo o litoral, já ocupei cargos de gerência médica de grande importância não só no Paraná como no estado de São Paulo com sabedoria e conhecimento de causa. Porém, na minha cidade não tenho liberdade para arbitrar na saúde, sinto-me frustrada, totalmente inválida e envergonhada por não ser ativa na área em que mais tenho conhecimento.

 

JB – Na Secretaria de Ação Social, suas ações chamaram a atenção por focar políticas públicas em favor dos mais carentes e excluídos. Quais eram os seus projetos nesta área?

 

Drª Valéria – Quando iniciei meus trabalhos na Secretaria de Ação Social me deparei com uma verba de aproximadamente 850 mil, depositada no Fundo Municipal de Ação Social que nem sequer constava no orçamento. Obrigatoriamente, então, tive que me empenhar para que todo o trabalho administrativo fosse realizado. Desta forma, montei o planejamento para aplicar estes recursos oriundos de programas estaduais e federais, que continham compra de veículos, cursos do SENAC para os cadastrados no bolsa família, construção e reforma dos aparelhos da estrutura da Secretaria de Ação Social, contratação e capacitação para pessoal, implantação de projetos sociais como oficinas para menores infratores e outras demandas. Enfim, tudo ficou administrativamente encaminhado só para dar continuidade.

 

JB – Seu trabalho em favor dos moradores em situação de rua, conhecidos como a “Turma do Litro”, vinha trazendo bons resultados, por que ele parou a ponto de os vereadores cobrarem esta ausência na última sessão?

 

Dra Valéria – A Turma do Litro é um problema crônico na cidade, pois encontravam-se em situação degradante, vivendo em um universo paralelo, sem regras, sem respeito e sem dignidade. E o meio que encontrei de me aproximar e ganhar a confiança do grupo foi oferecendo-lhes um prato de comida uma vez por semana. Assim,  o trabalho foi tomando forma, eles passaram a interagir com o grupo que lhes servia e gradativamente passamos a realizar ações de inclusão social, documentos, avaliações médicas, fornecimento de cestas básicas, resgate social e internações psiquiátricas. Estando à frente da Secretaria de Ação Social, toda a estrutura estava à disposição para o trabalho, mas com minha saída não conseguimos apoio da referida secretaria, ficando apenas a sopa como elo entre o grupo de trabalho e os pacientes. Por várias vezes solicitei ao prefeito que intervisse para que o trabalho continuasse, entretanto não fui ouvida.

Eles precisam de tratamento, a sopa mata a fome e aquece o coração, mas é insuficiente para o tratamento e cura. Uma pena.

 

JB – Como avalia a gestão na Secretaria de Ação Social?

Drª Valéria – Esta ação com a Turma do Litro, a meu ver, eu devo sair da liderança deste trabalho, pois minha presença impõe uma conotação política. Esta obra social é muito importante para ser motivo de chacota e não tratada com seriedade. Meu respeito pela secretaria será demonstrado quando a equipe abraçar esta causa. Não largo bandeiras, sou a vice-prefeita e tenho o direito e dever de delegar funções. Cabe a estes funcionários, pagos com o dinheiro do povo, cumprir ordens e trabalhar para o bem-estar da comunidade.

 

JB – Com trânsito facilitado, hoje, junto ao Ministro Ricardo Barros e a Vice-governadora Cida Borghetti, de que forma pretende usar esta ferramenta em favor da cidade?

 

Drª Valéria – Optei em ingressar neste partido pela afinidade e admiração que tenho pela vice-governadora. Estava me sentindo inútil e a Cida me mostrou inúmeros caminhos para beneficiar Antonina e todo o litoral. O Ministro Ricardo Barros, por sua vez, se colocou à disposição de ajudar a cidade e o litoral como um todo, e está me oferecendo a oportunidade de fazer pela região. Conheço grande parte das necessidades das sete cidades e vou colaborar ao transmitir meu conhecimento à equipe operacional do Ministério da Saúde para que ações efetivas sejam planejadas para o nosso litoral.

 

JB – Como pretende levar seu mandato a partir de agora?

Drª Valéria – Estarei à disposição da população de Antonina para toda e qualquer solicitação. Quero e vou ser útil a quem depositou sua confiança em mim. Estarei sempre com o povo e trabalhando para os capelistas.

 

JB – Qual mensagem deseja passar para todos os antoninenses que confiam em seu trabalho e na sua pessoa?

Drª Valéria – Não cheguei onde estou sozinha. Fui trazida até a prefeitura pela vontade do povo e nos braços daquele que tudo sabe. Não posso e não devo desistir da missão que me foi atribuída. Hoje me sinto livre, voltei a ser eu mesma, de braços com a democracia, livre para lutar pela nossa verdade. Eu amo e respeito minha cidade e confio que Deus está no comando sempre.