Educação da felicidade: vereador propõe implantação de matéria nas escolas de Paranaguá


Por Publicado 20/09/2021 às 19h58 Atualizado 16/02/2024 às 13h52

Inspirado na Universidade de Harvard, o vereador de Paranaguá Welington Frandji (PODEMOS) apresentou um projeto que inclui a disciplina da Felicidade nas escolas locais.

O Projeto de Lei 5831/2021 propõe que a nova matéria seja aplicada nos anos iniciais do Ensino Fundamental, da Rede Pública Municipal de Ensino. De acordo com o PL, a implantação do novo conteúdo ocorreria já no início de 2022 de forma gradativa e por adesão de cada estabelecimento de ensino.

,A ideia é que a disciplina seja oferecida com a periodicidade mínima de duas aulas semanais e os temas que serão abordados em sala de aula são: qualidade de vida, inteligência emocional, liderança positiva, relações humanas, criatividade, potencialidade, autoconhecimento, solidariedade, empatia, saúde emocional e gratidão, entre outros.

Para defender a proposta, o vereador Frandji explica que os casos de jovens com problemas de saúde mental crescem consideravelmente e iniciam em grande parte antes dos 14 anos. “Também tem o fato de que o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 24 anos”, explica o parlamentar ao citar dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A implementação da felicidade como conteúdo programático, por intermédio de uma disciplina curricular, é a tentativa de inovar e garantir uma formação mais ampla aos estudantes. “Trazer esses conteúdos representará um grande avanço e inovação no processo de aprendizagem e formação integral dos alunos, que contemplará o indivíduo na sua totalidade, agregando desenvolvimento humano pleno e promovendo bem-estar social e saúde”, diz o vereador.

Proposta tem respaldo em instituições

A temática não é novidade em escolas particulares e universidades nacionais e internacionais. Alguns colégios do Paraná já constam, além das matérias tradicionais, como Português, Matemática e História, carga horária de disciplinas como Psicologia, que busca desenvolver qualidades individuais e autoconhecimento entre os alunos. Universidades também disponibilizam aulas optativas sobre a temática, nos mais variados enfoques, mas sempre na tentativa de ser um espaço mais amplo para discutir ideias sobre o comportamento humano e como estar bem consigo mesmo.

Para a psicóloga Rebeca Pegoraro, desenvolver habilidades como a proposta pelo vereador é benéfica para toda a sociedade. “É extremamente importante e necessário, tanto o indivíduo se conhecer, como o assunto ser tratado com mais inclusão. Quando a pessoa se conhece, ela entende suas forças e fraquezas, sabe o que vai lhe fazer bem ou mal e o que deve ser melhorado. Buscar essa compreensão de si e do mundo ao redor permite ter uma saúde mental mais estável. Sem dúvidas, o primeiro passo para a felicidade é o autoconhecimento”, explica a especialista.

Rebeca também cita que é necessário dialogar sobre as condições humanas da contemporaneidade e também entender que algumas coisas precisam ser faladas e não apenas guardadas para si. “Assim é muito mais fácil saber o que é melhor para nós e o que realmente merecemos. Com isso, podemos trabalhar de forma mais efetiva com as nossas próprias mudanças”, ressalta a psicóloga que afirma ser necessário que essa discussão aconteça também dentro do ambiente estudantil. “O assunto deveria ser mais abordado em escolas e até mesmo em casa pelos pais, porque quanto mais cedo a criança tiver conhecimento sobre o assunto, o seu desenvolvimento, e entender como tudo se passa ao seu redor, fica mais fácil, podendo ser evitado, no futuro, problemas como ansiedade ou até mesmo depressão, que são geralmente desenvolvidos na adolescência”, explica.

Disciplina busca desenvolvimento emocional

Segundo o projeto de lei, que tramita na Câmara Municipal de Paranaguá, a disciplina irá trabalhar nos pilares que dão sustentação à educação socioemocional, obedecendo as orientações metodológicas da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) do Ministério da Educação (MEC).

Na visão do vereador e autor da proposta Welington Frandji, há problemas que podem ser evitados já na infância e adolescência, garantindo uma vida mais saudável aos futuros adultos do país. “Nossos alunos estão extremamente vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade e estresse, bem como também passamos a vivenciar uma crise global de saúde mental na juventude. O cenário é grave e complexo, não podendo ser negligenciado pelo Poder Público e sociedade em geral”, explica Frandji, que é professor e foi responsável pela implantação da disciplina da Felicidade no Ensino Superior em Paranaguá.