Com mais uma embarcação recuperada, Guaraqueçaba tem transporte marítimo com frota completa para estudantes


Por Flávia Barros Publicado 04/08/2022 Atualizado 17/02/2024

A única opção de transporte para os cerca de 150 alunos das redes municipal e estadual de educação em Guaraqueçaba, o marítimo, agora tem lancha escolar reserva com a recuperação de mais uma embarcação, que passou a compor a frota na semana passada.

Essa lancha foi projetada pela Marinha do Brasil e adaptada para o transporte de até 18 alunos sentados. O valor médio é de R$ 150 mil, apenas o casco. Ela toda equipada, com o motor e equipamentos, pode chegar a R$ 300 mil”, disse, ao JB Litoral, o secretário de Educação de Guaraqueçaba, Sidney França.


CINCO LINHAS, VÁRIAS COMUNIDADES


As lanchas escolares transportam os estudantes diariamente, nos períodos da manhã e da tarde. As 5 linhas atendem a 17 comunidades:

Linha 1 – Barbados, Bertioga, Tibicanga

Linha 2- Vila Fátima, Canudal, Abacateiro, Vila Rita, Sebuí

Linha 3 – Medeiros, Mariana, Massarapuã, Ilha Rasa

Linha 4 – Poruquara, Sede, Guapecum

Linha 5 – Tromomô, Taquanduva, Ilha Rasa

Nós possuímos as cinco embarcações, que são o único meio seguro para os alunos dessas comunidades irem à escola. Quando iniciamos a gestão, em 2021, havia apenas duas lanchas funcionando, mas ainda faltando equipamentos. Agora já possuímos as cinco lanchas necessárias para todas as rotas e uma lancha extra para quando alguma precisa passar por manutenção. Nosso desafio agora é recuperar mais duas lanchas que possuímos, para encerrar o ano com 10 lanchas recuperadas e iniciar o ano letivo de 2023 a 100%, contemplando todos os 200 dias letivos de aulas”, falou o secretário.

Secretário de Educação, Sidney França, comemora o andamento da recuperação das Lanchas Escolares e espera que os alunos que precisam do transporte terrestre também não sofram com a falta de ônibus. Foto: Prefeitura de Guaraqueçaba


AUMENTOS IMPREVISTOS


Ainda segundo Sidney França, este ano houve um aumento significativo de consumo de combustível. “Devido ao estado implantar a sexta aula para os alunos do 1º ano do ensino médio, tivemos basicamente que dobrar as viagens. As lanchas, que são movidas a gasolina, levam todos os alunos, depois trazem aqueles que têm cinco aulas, retornam para buscar os que têm a sexta aula, para só então voltar novamente. Então, houve um aumento significativo do consumo, o que torna um transporte bem caro para o município”.


CUSTOS X CONTRAPARTIDA DO ESTADO


De acordo com a secretaria de Educação, as cinco lanchas utilizam, aproximadamente, 400 litros de gasolina por dia, totalizando 8 mil litros por mês (20 dias de aula), resultando no valor de R$ 56 mil/mês apenas em combustível. “Com as manutenções, quando quebra uma rabeta do motor, dá algum problema no casco, vazamento, bateria, equipamentos que estragam, trocas regulares de óleo; somando tudo, aproximadamente, R$ 70 mil por mês em despesas”, detalhou Sidney França.

O chefe da pasta disse, ainda que, por meio do Fundepar, o governo do Estado arca com grande parte desses gastos, desde a restauração delas até as despesas mensais.

São 320 alunos da rede estadual e 60 da rede municipal, mesmo com a parceria, acabamos gastando bem mais do que se arcássemos apenas com os custos dos nossos alunos da rede municipal. Este ano foi bem difícil, pois quando os valores foram estimados em 2021, os itens tinham valores muito inferiores, a cotação, na época, era da gasolina com R$ 5 o litro, agora, custa mais de R$ 7, por exemplo. Com a moeda muito instável, tudo aumentou, inclusive peças. Essa diferença o município acaba arcando. Nem que o combustível chegue a R$ 10, nós temos que pagar e arcar com o nosso compromisso de prover o transporte. Até que no próximo ano o Estado faça um reajuste em cima desse aumento de preços, sendo que o município paga os 10 marinheiros e motoristas”, explicou.

Recuperar cada lancha escolar custa até R$ 300 mil; as embarcações foram recuperadas em parceria com o governo estadual. Foto: Prefeitura de Guaraqueçaba


DEPOIS DE RECUPERAR, MANTER


Mesmo que recuperar praticamente toda a frota de lanchas escolares seja um desafio que está sendo cumprido, o secretário de Educação foi categórico: de nada adianta recuperar e não manter.

“Não é só recuperar toda a frota que foi complexo, mas manter a frota funcionando. Isso é mais complexo ainda, porque muitas vezes o gestor vai lá e recupera…, mas três ou quatro meses depois está tudo detonado. Manter todas as embarcações em dia, funcionando, com os equipamentos e manutenções, é caro, mas é um patrimônio importante para a educação”, afirmou Sidney França, em conversa com o JB Litoral.


SITUAÇÃO TERRESTRE


Ao contrário do que acontece com a frota marítima, o transporte terrestre, que sofre com as condições da estrada, não tem veículo reserva, o que preocupa a Educação.

Temos 9 linhas, com 9 ônibus que atendem 12 comunidades. Eles usam diesel, que também encareceu muito e passam pela mesma situação de ter mais viagens, devido à implementação da sexta aula. Lembrando que a nossa estrada é péssima, os veículos quebram constantemente e não temos um veículo reserva. Quando acontece de quebrar um ônibus, os alunos ficam três, quatro dias, até uma semana sem aula, porque não tem transporte. A empresa responsável tem que trazer peças de fora, porque não temos na cidade, até fazer a manutenção e a linha ser restabelecida”, lamentou o secretário.