Em junho, SAMU atendeu cerca de 25 pacientes infartados por dia; casos estão relacionados ao inverno


Por Luiza Rampelotti Publicado 02/07/2022 Atualizado 17/02/2024

Você sabia que no inverno o risco de infarto pode ser até 30% maior do que em outras épocas do ano? “Um dos principais motivos é porque o frio faz com que seja necessária uma vasoconstrição, que reduz o fluxo sanguíneo, provocando um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio no organismo”, explica o Dr. João Cláudio Campos Pereira, diretor técnico e plantonista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) Litoral.

O médico esclarece que os vasos sanguíneos têm a capacidade de se dilatar e se contrair e que, no inverno, as pessoas fazem a contração dos mesmos para compensar o frio externo, direcionando o fluxo sanguíneo para os órgãos mais importantes – coração e cérebro. No entanto, se há algum vaso com predisposição para o infarto, por exemplo, isto é, já com placas ateroscleróticas, ou seja, que já tem um entupimento prévio parcial, a vasoconstrição pode fazer com que o entupimento se transforme em uma obstrução total, ocasionando a doença.

No ano passado, nos meses de verão/outono, entre março e abril, o SAMU registrou 728 casos de infarto. Já no inverno, entre junho e julho, ocorreram 1035 ocorrências, um aumento de 42%. Neste ano, apenas no mês de junho, até sexta-feira (24), o órgão já havia atendido 612 pacientes infartados no Litoral, uma média de 25 pacientes por dia.

Nos 24 primeiros dias de junho, 612 casos de infarto foram registrados no Litoral do Paraná. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral


Maior parte dos infartos acontece na madrugada


Outro dado curioso é que a maior parte dessas ocorrências acontecem no período da madrugada, a partir das 3h às 6h da manhã. “É porque nesse momento é quando temos a maior liberação das catecolaminas endógenas, isto é, substâncias produzidas no corpo como, por exemplo, a adrenalina, que atuam também na vasoconstrição. Essas substâncias aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, fazendo com que o vaso contraia e ocorra o infarto”, explica Dr. João Cláudio.

É que durante a contração dos vasos existe uma maior possibilidade de instabilidade das placas de ateroma (de gordura) e, caso elas se rompam, a gordura acaba entrando na corrente sanguínea, desenvolvendo o processo de coagulação que é responsável pelo infarto.

Para facilitar: a maior incidência de infartos é na madrugada porque é quando liberamos substâncias que contraem os vasos e essa contração tem tendência muito forte de pegar pessoas que já tem predisposição ao infarto”, comenta o médico.

No entanto, não são todos que precisam se preocupar com a situação. O doutor garante que a doença não vai acontecer em pessoas que não tem predisposição, a não ser em casos raros.

Como prevenir?


Ele ainda comenta que a predisposição à doença acontece por vários motivos, entre eles sexo, idade, hábitos de vida e questões genéticas. O infarto acontece, geralmente, em pessoas que são sedentárias, fumam cigarro, bebem álcool em excesso e têm uma alimentação inadequada – rica em gorduras e com exagero de carboidratos.

Existem diversos tipos de substâncias que nos fazem mal e essa nossa vida atual, de cidade grande, vida corrida, associada a situações de estresse no dia a dia, excesso de trabalho, pouco sono, diminuição do sistema imunológico, tudo isso altera o nosso equilíbrio e também acaba predispondo a esse tipo de doença, tantos as cerebrovasculares quanto às cardiovasculares, como infartos e AVC”, informa.

Por isso, para evitar essas doenças, o médico destaca algumas recomendações importantes, como realizar check-up cardiológico anualmente, praticar atividade física, consumir alimentos saudáveis, controlar a obesidade, abandonar o cigarro e diminuir o consumo de álcool.

Os principais sintomas de um infarto são: dor no peito, que pode ser irradiada para o braço, normalmente, esquerdo. Há também possibilidade de tontura, náuseas e suor intenso, mas há casos em que o episódio ocorre de forma silenciosa e atípica, principalmente nos subgrupos: diabéticos, mulheres e idosos.

Confira um vídeo explicativo com dicas para evitar o infarto e derrame: