Em Paranaguá, fiações elétricas do viaduto Nelson Buffara são furtadas pela terceira vez


Por Redação Publicado 15/06/2021 às 23h09 Atualizado 16/02/2024 às 05h16

Por Karla Brook

Pela terceira vez, o JB Litoral traz a notícia de mais um furto nas fiações de energia elétrica do viaduto Nelson Buffara, localizado no KM 5 da BR-277, na entrada de Paranaguá. A região, que é vista por moradores e caminhoneiros, que por ali trafegam, como um local perigoso, oferece ainda mais riscos com a falta de iluminação.

Inaugurado em outubro de 2019, o viaduto que contou com um investimento de R$ 12,7 milhões por parte da empresa pública Portos do Paraná, já passou pela mesma situação outras duas vezes. O local é passagem obrigatória para quem deseja entrar e sair da cidade, o que não é diferente para os caminhoneiros, de todos os estados brasileiros, que carregam e descarregam produtos e a safra agrícola do Paraná no porto Dom Pedro II.

Desse modo, os motoristas acabam sendo os maiores prejudicados pelos riscos que a noite oferece. “Antes da construção do viaduto eu já recebia reclamações de situações complicadas na região. Depois da inauguração da obra, essas queixas aumentaram ainda mais. A falta de iluminação causa muitos riscos para os caminhoneiros que precisam passar por ali”, relatou o diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos (Sindicam-PR), Hilton Rangel.

Uma das situações mais recorrentes e temidas pelos motoristas é o crime de “vazadas”, quando bandidos aproveitam da escuridão no viaduto Nelson Buffara para abrir bicas (dispositivos por onde a carga a granel é escoada dos caminhões) e até tombadores dos caminhões, para que o produto caia no asfalto e seja coletado, caracterizando o furto.

O MEDO NA PELE

Há três semanas, o JB Litoral publicou uma reportagem denominada: “Vazadas é crime popular em Paranaguá e sistema portuário luta para diminuir incidências”. Nela, autoridades da segurança pública da região relataram sobre a preocupação com o viaduto e na busca de solução ao problema. No entanto, o medo continua para quem trafega no local.

Entre os muitos prejudicados, está o caminhoneiro Marinaldo Machado Junior, de 45 anos, morador na cidade de Wenceslau Braz, no norte pioneiro do Paraná. Trabalhando na estrada há 27 anos, as rodovias de Paranaguá fazem parte de seu roteiro. Em um dos outros “apagões” no viaduto, ele foi uma, das muitas vítimas do crime de “vazada”.

“Depois de ter sofrido um acidente na saída do viaduto e ter sido liberado pelos policiais, por volta da meia-noite, algumas pessoas abriram o tombador do meu caminhão e, quatro toneladas de soja, da carga que eu carregava, caíram na rodovia. Infelizmente, depois desse dia em que fui roubado, nunca mais passei por ali com tranquilidade”, desabafou o caminhoneiro.

AFINAL, QUEM “PAGA A CONTA”?

A manutenção da BR-277 é motivo de discussão entre o Departamento de Estrada e Rodagem (DER) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). As duas esferas de governo, estadual e federal, divergem de quem seja essa obrigação e também atribuem ao município.

Contudo, na última quarta-feira (09), o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) afirmou que a competência dos municípios não afasta a responsabilidade do Governo Federal pela prestação dos serviços de iluminação pública em trechos de estradas federais que cortam perímetros urbanos.

A Coordenadoria de Gestão Municipal (CGM), do TCE-PR, afirmou que o município não é obrigado a arcar com os custos de iluminação em estrada federal.

A unidade técnica ressaltou que são deveres da União a instituição da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) para cobrir despesas com a iluminação em estrada federal; a fiscalização e a sinalização da via; e que é sua a responsabilidade por danos a terceiros por omissão da iluminação adequada na via. O DER recompôs a iluminação em março de 2020 e, a partir de então, o viaduto passou a ser de responsabilidade da concessionária Ecovia.

Para o vereador de Paranaguá, Luiz de Sá Maranhão Neto (PSB), o Luizinho Maranhão, o problema maior é uma questão de segurança pública. “Penso que, no local, deve ser reforçada a segurança por parte da Polícia Rodoviária Federal. Mas, além disso, também espero que os serviços de inteligências das polícias Civil e Militar trabalhem para identificar quem são os compradores dessas cargas, e também das fiações roubadas”, disse.