Em um mês, 32 caçambas de entulhos são retiradas da região Sul de Paranaguá

Apesar de Paranaguá estar apresentando um número relativamente baixo de casos de dengue nos últimos meses, o cuidado precisa ser constante para evitar o Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença e de outras tão graves quanto. No ano epidemiológico iniciado em agosto de 2021 e que segue até julho deste ano, foram confirmados 112 casos e feitas 751 notificações sobre a doença.

No entanto, algo que tem preocupado a secretaria municipal de Meio Ambiente e da Saúde é a quantidade de lixo e entulhos descartados em esquinas e terrenos baldios na cidade. Nos últimos meses, as equipes estão realizando uma força tarefa para recolher os materiais e, até o momento, foram feitos quatro mutirões com retiradas de entulhos na região Sul da cidade (Jardim Ouro Fino, Cominese, Vale do Sol, Vila Garcia, Comerciários, Jardim Esperança e regiões próximas). Apenas nestas ações, que acontecem todas as quintas-feiras nas áreas com maior infestação do Aedes aegypti, foram recolhidas 32 caçambas de entulhos.

“Os mutirões são mais uma ferramenta no combate à dengue por se aliar aos demais serviços realizados pela secretaria de Saúde como palestras, conscientização de casa em casa e empresas, utilização de bomba costal quando já há notificação ou caso confirmado da doença, entre outros serviços”, explica a prefeitura.

Moradora alerta para descarte irregular de entulho

De acordo com o poder municipal, o objetivo é realizar mutirões em todas as áreas da cidade e, nos ambientes que apresentam casos ou notificações, também é feita a verificação dos possíveis focos e utilização de bomba costal para eliminar os mosquitos alados (adultos) e efetuar o bloqueio. Porém, o destaque vai para o acúmulo de entulhos/lixo que se torna propício para possíveis criadouros do mosquito.

A prefeitura afirma que o maior número de criadouros ainda é encontrado nas residências e, por isso, a conscientização dos moradores é fundamental. Além disso, o descarte correto do lixo e entulhos é essencial para evitar a proliferação do mosquito.

Recentemente, um mutirão de limpeza foi realizado na Vila dos Comerciários. Nestas ações, moradores da região são convidados a praticarem o descarte dos entulhos no local indicado. No entanto, a aposentada Laudenice Morato, moradora há 25 anos no bairro, conta que vê diariamente pessoas de outras regiões depositando lixo em um terreno baldio em frente à sua casa.

“Eu sempre estou por aqui com a minha vassoura, limpando a frente da minha casa, toda vez que a prefeitura passa com as máquinas e faz a limpeza, não dá três horas e já vem gente até aqui descartar entulho”, desabafa.

Prefeitura prevê multa para quem jogar lixo em terrenos baldios

Com o intuito de evitar essa situação, a prefeitura informa que, quando identificado o responsável por jogar o resíduo em terrenos baldios, por exemplo, este é notificado ou autuado com multa. Caso não seja possível identificar quem jogou, o proprietário do imóvel é o responsável por manter a área em condições adequadas de limpeza e capinação.

Segundo a secretaria de Meio Ambiente, no caso de notificações, o valor da multa é de, no mínimo, 200 Unidades Fiscais do Município (UFM), cerca de R$ 737, podendo o valor ser aumentado de acordo com a gravidade da situação. Entretanto, não foi informado quantas notificações já foram realizadas neste ano.

“A secretaria de Meio Ambiente tem como prioridade a questão de resíduos no que se refere à limpeza urbana, atendendo denúncias específicas de descarte irregular e de terrenos baldios. Sobre os focos de dengue, acúmulo de água e conscientização quanto a eliminação de criadouros do mosquito, o setor de endemias da secretaria de Saúde é responsável e, além do serviço diário, recebe denúncias de possíveis focos pelo número 3420-2806”, informa a prefeitura.

Drones para monitorar áreas

O coordenador de equipes da secretaria de Saúde, Thiago Batista, comenta que há pouco tempo os agentes de endemias passaram a usar drones para monitorar residências e terrenos. Com o equipamento, é possível visualizar terrenos, calhas, telhados, verificar a existência de possíveis criadouros do Aedes aegypt etc.

“Hoje Paranaguá tem um problema relacionado a imóveis que estão sendo comprados como forma de investimento, mas acabam sendo trancados, ficando sem utilização, muitos deles com piscina, calhas, caixa d’água. Então a tecnologia do drone é fundamental para fazer a orientação aos proprietários para solicitarmos a limpeza de forma adequada”, diz.

Ele ainda revela que antes dos mutirões de limpeza, a região Sul tinha uma média de 17 notificações diárias de supostos casos de dengue. Após o retorno das ações, o número caiu para 3 suspeitos. “Isso é resultado dos mutirões. Até agora, já removemos 32 caçambas de entulho só naquela região”, conta.

Thiago comenta que cerca de 68% dos casos de dengue estão relacionados ao lixo, isto é, são confirmados em regiões onde há acúmulo de lixo e, com isso, maior infestação do mosquito. “A questão da dengue é conscientização. O município está fazendo sua parte e a população também precisa fazer”, finaliza.