Outubro Rosa: moradora de Paranaguá é exemplo de perseverança na luta contra o câncer


Por Flávia Barros
Out Rosa – Rosa de Paulo

A balconista Rosa de Paulo, 38 anos, moradora do Jardim Iguaçu, foi mãe pela primeira vez em 2019. Ela é natural do Ceará, mas mora em Paranaguá há 15 anos, desde que veio ajudar uma irmã, que já morava na cidade.

Durante a amamentação, Rosa sentiu um nódulo na mama direita. Mas foi apenas em julho de 2020, após procurar a rede municipal de Saúde, que veio o diagnóstico: era câncer. E o que Rosa nem imaginava era que a notícia viria acompanhada de uma outra: a gravidez do segundo filho, uma menina.

Encaminhada para iniciar o acompanhamento na Unidade Avançada Erasto Gaertner, no Centro de Paranaguá, Rosa começou o tratamento. “A indicação era de cirurgia, mas a anestesista me explicou dos riscos para o bebê e eu decidi não fazer naquele momento. Em novembro de 2020 começamos a quimioterapia, com ela na minha barriga”, disse Rosa, em conversa com o JB Litoral.

Em abril de 2021, Rosa terminou o primeiro ciclo de quimioterapia. Dez dias depois, a filha nasceu de parto natural, no Hospital Regional do Litoral, assim como o primeiro bebê, dois anos antes.

Em julho de 2021 eu fiz a cirurgia da mama, em seguida fiz radioterapia. Daí, em 2022, eu peguei alta para trabalhar. Trabalhei até o ano passado e me sentia bem, mas então descobri que estava com câncer novamente, metástase, dessa vez no osso da perna, da coluna e no pulmão”, detalhou.

1/3 Aos 38 anos, Rosa de Paulo passa pelo segundo tratamento contra o câncer em 4 anos. Foto: Juan Lima/JB Litoral
2/3 Ela descobriu que tinha câncer de mama quando estava na segunda gestação. Foto: Arquivo pessoal
3/3 O tratamento começou ainda durante a gravidez e, hoje, ela é mãe de um menino de 5 anos e de uma menina de 3. Foto: Arquivo pessoal

NOVAS CIRURGIAS E TRATAMENTOS

Mesmo com o diagnóstico desafiador, Rosa nunca perdeu a fé de que irá vencer o câncer. Ela foi submetida a nova cirurgia e segue em tratamento.

Antes das cirurgias eu sentia muitas dores, mas agora me sinto bem. Precisei passar novamente por rádio e quimioterapia e agora estou passando pela imunoterapia e pela reabilitação, com fisioterapia, consultas e exames”, contou.

Rosa faz todo o tratamento pelo Hospital Erasto Gaertner, via Sistema Único de Saúde (SUS), tanto em Paranaguá quanto em Curitiba, para onde vai de duas a três vezes por semana, com o transporte da prefeitura.

SUPERAÇÃO

Quem vê a serenidade com que Rosa fala sobre todos os desafios que têm enfrentado nos últimos cinco anos, nem imagina os momentos mais difíceis, em que ela pensou na possibilidade de não ver os filhos crescerem. “No primeiro câncer eu só via a morte na minha frente. Mas recebi muito apoio de pessoas próximas e de gente que eu nunca tinha visto. E, claro, Deus sempre me sustentou”, relatou.

Mesmo passando por dificuldades financeiras, a família segue unida. “Quando descobri a doença, trabalhava registrada como balconista. Não sei o que houve, mas não consegui receber meu auxílio maternidade. Felizmente desta vez consegui receber o auxílio-doença, e faço minhas vendas de cosméticos como autônoma”, pontuou Rosa.

O pai dos meus filhos me ajuda muito, mesmo a gente tendo se separado no meio desse processo todo. Ele perdeu o emprego há um ano, mas é sempre muito presente e me ajuda bastante com os afazeres domésticos e com as nossas crianças”, completou.

O filho mais velho do casal está com cinco anos e a mais nova com três.

HISTÓRICO FAMILIAR

Rosa perdeu a mãe ainda bebê, justamente para o câncer de mama. “O fato de ter perdido minha mãe tão cedo me fez muito forte. Saber que eu ficaria dependente da ajuda dos outros, que não poderia amamentar, pegar meus filhos no colo por um tempo, foi um momento muito difícil para mim. Recentemente, passei três meses acamada quando fiz a cirurgia para retirar o câncer da perna e colocar uma prótese de titânio”, lembrou Rosa.

Apesar das dificuldades, a moradora de Paranaguá e mãe de dois parnanguarinhas deixa uma mensagem cheia de fé e esperança. “Câncer não é uma sentença de morte. Enquanto há vida, há esperança. A gente tem que confiar no tratamento e eu sou eternamente grata a todos que fazem parte do meu, desde os servidores da Prefeitura até os funcionários do Hospital Erasto Gaertner”, finalizou Rosa.

OUTUBRO ROSA

O Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização sobre o câncer de mama, criado na década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cureé, nos Estados Unidos. Desde então, vem sendo difundido e apoiado, no Brasil, pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), reforçando as recomendações do Ministério da Saúde. Como parte da campanha, todos os anos, os municípios do Litoral realizam ações e mutirões voltados às mulheres em suas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os calendários das ações devem ser divulgados pelas prefeituras ao longo desta primeira semana de outubro.

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