Estátua de Iemanjá, à beira do Rio Itiberê, passa por restauro para receber 1º Afoxé Filhos de Iemanjá, em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 19/02/2019 às 13h21 Atualizado 15/02/2024 às 07h30

Na semana passada (14), o artista Turatti, criador da obra da estátua de Iemanjá, localizada na Praça de Eventos Mário Roque, iniciou o restauro da escultura. O entorno da obra também deve receber um jardim de conchinhas, para que os visitantes levem de lembrança após conhecer o local. Ainda nesta semana o restauro já deve estar concluído.

O presidente da Associação Cristã de Estudos da Fraternidade Irmanada (ACEFI), Lederson Souza, acredita que a reforma é muito importante para manter viva a tradição das religiões de matrizes africanas no litoral do Paraná. Ele também está promovendo o “1º Afoxé Filhos de Iemanjá”, neste sábado (23), com concentração às 16h na Igreja São Benedito.

O evento se trata de um ato cívico cultural/religioso e já acontece em outros estados, em alguns há mais de 100 anos, como na Bahia. “A ideia é mostrar à população a magia e o encanto que atrai as pessoas a conhecer os rituais de umbanda e de matriz africana, como o candomblé”, diz Lederson.

Estão convidados todos os parnanguaras, dirigentes de barracão, ilês, terreiros de candomblé, tendas e casas de oração. Para participar, é necessário usar roupas brancas ou camisetas do evento, que podem ser adquiridas na Floricultura Cabral. O uso de vestimentas ou roupas africanas também é permitido.

Bandeira de paz

O presidente da ACEFI afirma que está orgulhoso de estar levando uma bandeira de paz, cultura e amor à Paranaguá. “É o berço da civilização paranaense, porém é escravagista em sua história, tendo dois pelourinhos, muitos navios negreiros aqui atracaram e muitos escravos passaram por nossa cidade, que era provida de um mercado de escravos significativo para a época”, diz ele. Ele conta ainda que os escravos chegavam debilitados, doentes e outras condições parecidas, sendo levados à Ilha dos Valadares, onde ficavam até engordar, ou em “quarentena”, termo utilizado na época.

A dirigente espiritual do Centro Espírita Filhos de Iemanjá, Lídia Antunes dos Santos explica que o Afoxé significa “orixá na rua”, e é um ritual iniciado pelos negros africanos, que trabalhavam em portos e docas, especialmente na Bahia. “O ato ganhou força, principalmente com o Afoxé Filhos de Ghandi, nome dado ao ato pacifista, devido à grande dificuldade e perseguições da época”, afirma.

O evento tem seu fundamento dentro dos cultos de matrizes africanas, sendo cheio de magias ritualísticas, danças tribais e específicas do culto, embaladas pelos sons dos atabaques, agogôs e de vários outros instrumentos de percussão, com cantigas em yorubas (língua africana), como também canções contemporâneas.

A mistura de raças e cultura é fato no Brasil, o país foi povoado por essa miscigenação. Natural, agora, seria se todos respeitassem cada religião, cada crença, cor e raça, assim, naturalmente, seríamos realmente um povo feliz e de paz”, conclui Lederson.

Itinerário

Após a concentração na Igreja São Benedito, os participantes seguirão pela Rua Conselheiro Sinimbu, sentido Professor Cleto, da Rua XV de Novembro irão até o Pelourinho, ao lado do Mercado do Café, onde será o ato de lavação com água de cheiro e, depois, acontecerá a descida pela ladeira 29 de Julho, sentido à imagem de Iemanjá, à beira do Rio Itiberê. A previsão de término é às 21 horas.

Com informações da Assessoria de Imprensa