Estivadores se reúnem para cobrar pagamento da ficha; “isso nunca aconteceu antes”, dizem trabalhadores


Por Luiza Rampelotti Publicado 11/04/2022 às 12h46 Atualizado 17/02/2024 às 05h58

Nesta segunda-feira (11), os trabalhadores associados ao Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva) se reuniram em frente à sede da diretoria (avenida Coronel Santa Rita, 236) para reivindicar o pagamento da chamada “ficha”. Tal valor é pago mensalmente, até o dia 10 de cada mês, conforme determina o Estatuto Sindical.

No entanto, neste mês de abril, a quantia ainda não foi paga, gerando indignação dos trabalhadores. A “ficha” se trata da porcentagem de 11,95% (dos 27% totais do desconto) que é descontada de cada estivador em todos os pagamentos semanais.

Esse valor é repassado ao Sindestiva, que é o fiel depositário do dinheiro, até que se complete um mês de serviço e, então, a “ficha” seja reembolsada ao trabalhador com o total das porcentagens pagas ao longo das semanas.

Estamos todos aqui para saber o que está acontecendo com as finanças do sindicato. É proibido que a administração use esse valor da ficha, que é o salário do trabalhador, como capital de giro, mas ainda não recebemos. A categoria veio tentar falar com o presidente Izaías, com quem é responsável, o tesoureiro, para saber o porquê não foi depositado”, diz o estivador Everson Leite de Farias.

Ele ainda comenta que a situação da atual diretoria é “catastrófica”. “O sindicato está mergulhado em dívidas acumuladas em um ano e dois meses de mandato do presidente, que não tem conseguido caminhar com o sindicato. Estamos com dois Acordos Coletivos de Trabalho vencidos, com a Convenção Coletiva vencida, e isso tem causado prejuízo financeiro muito grande para a categoria e para a instituição”, afirma.

Outro associado é Ernesto Cesar de Araújo Neto, estivador há 36 anos. Ele avalia a atual gestão como “inédita”. “Tudo o que ele está fazendo é inédito na história da Estiva. Estou na 3ª geração no sindicato, meu vô foi sócio fundador, meu pai foi diretor, e isso nunca aconteceu antes. A ficha é sagrada todo dia 10 e, pela primeira vez, o trabalhador está aqui, querendo seu dinheiro, para honrar seus compromissos. O dinheiro também não está na conta do sindicato, e é proibido mexer nesse valor, eles não podem trabalhar com essa quantia. E hoje não temos o pagamento e nem o sindicato tem esse valor em caixa”, denuncia.

Everson destaca que a categoria gostaria de receber uma explicação do presidente Izaías Vicente da Silva Junior sobre a saúde financeira do Sindestiva. “A gente já sabe da má administração e incompetência dele para com o sindicato e os trabalhadores. Nós nos perguntamos o que está acontecendo, existe uma preocupação muito grande para tentar salvar o sindicato para que isso não se torne cada vez pior e a gente não consiga nem erguer novamente a Estiva”, finaliza.

O JB Litoral entrou em contato com Izaías Jr para que ele pudesse se manifestar, porém, até a conclusão desta reportagem não houve retorno.