Estudantes de medicina são voluntários na Unidade de Enfrentamento à Covid-19 de Morretes


Por Luiza Rampelotti Publicado 19/06/2020 Atualizado 15/02/2024
Dra Valéria Fernandes e a voluntária Leticia, que passou quase três meses atuando na Unidade de Enfrentamento à Covid-19

Desde o final de março, quando foi declarado estado de emergência na saúde pública em Morretes, devido à pandemia do coronavírus, a cidade está realizando um programa de voluntariado para que estudantes de medicina, que desejarem, se inscrevam e auxiliem o município no enfrentamento à doença. De lá para cá, oito pessoas já foram voluntárias.

A secretária municipal de Saúde, Lucia Shingo, explica que os estudantes estão atuando na Unidade de Enfrentamento de Casos Suspeitos da Covid-19, sendo acompanhados por um médico responsável, que é o plantonista nas escalas fixas. “O aluno assina um termo de responsabilidade, junto ao médico que ficará responsável por ele e à secretaria de saúde, e recebe orientações, informações sobre seus direitos e deveres, entre outros”, diz.

Para ela, foi uma surpresa o número de inscritos. “Tivemos sucesso com o programa e está sendo extremamente proveitosa a vinda desses futuros médicos, principalmente porque essa leva de novos profissionais, além de ótimos, são humanos, solidários. Eles pendem para o lado mais humanizado dos atendimentos, inclusive, nesse momento tão difícil que o mundo está enfrentando”, comenta.

Estudantes de medicina, a partir do 5º período, e profissionais de saúde podem continuar se inscrevendo como voluntários enquanto durar a pandemia. “Estamos precisando muito, pois profissionais que atuam na linha de frente no combate ao coronavírus correm o risco de ficar doentes e, de fato, estão ficando doentes. Então toda a ajuda é bem-vinda. Demos graças a Deus que existe esse grupo de futuros profissionais solidários, que estão aqui para ajudar. Esse é um momento de união, de ajuda, todos devem estar prontos para oferecer apoio”, destaca Lucia.

Para os estudantes e profissionais que quiserem participar, é possível se inscrever por meio do link: http://morretes.pr.gov.br/voluntario-inscricao/?id=3.

Voluntários de outras cidades

A estudante de medicina Leticia Marcassa Hunzicker está cursando o 6º ano na Faculdade Pequeno Príncipe, em Curitiba, cidade onde mora, e decidiu se voluntariar. “Meu internato foi suspenso em março, por conta da Covid-19, e logo começaram a ser abertos estágios voluntários para atuação de acadêmicos. As faculdades e o Ministério da Saúde encorajaram a oferta e realização destes estágios e, então, resolvi me voluntariar para atuar em Morretes, pois sempre tive um carinho grande pela cidade e tenho familiares aqui”, diz.

Durante quase três meses, ela atuou como voluntária na cidade, sob supervisão da médica responsável Doutora Valéria Fernandes. “No programa, atendemos da mesma maneira como fazemos no internato. Realizamos a consulta médica, mas sempre com supervisão de um médico, com quem discutimos os protocolos, casos e as condutas. Concluí o voluntariado na terça-feira passada (09)”, conta.

Leticia comenta que a Unidade da Covid-19, em Morretes, é “extremamente organizada, bem instruída e amparada de EPI’s, testes e conhecimento técnico”. Segundo ela, a equipe é sempre muito atenciosa e receptiva com os voluntários e, especialmente, com os pacientes.

É imprescindível ter empatia

Em um momento extremamente delicado como esse que estamos passando, acredito ser imprescindível ter empatia e se colocar no lugar do próximo, independente se doente ou não. Com cada um fazendo o que pode, conseguiremos passar por esta pandemia mais unidos e resilientes”, ressalta a estudante.

Além dela, outros três voluntários atuaram ao mesmo tempo na unidade de saúde, e os quatro irão se formar, ainda neste ano, em medicina. “Tudo o que tínhamos era nosso conhecimento e treinamento adquiridos na faculdade e nos hospitais para ajudar os moradores de Morretes”, declara.

Sobre a exposição à doença, Leticia afirma que o sentimento de poder ajudar supera o medo. “Embora estivéssemos nos expondo – e os familiares que moram conosco – a um risco maior de contrair a doença, ter que pegar a estrada para fazer o plantão e retornar a Curitiba, gastar com pedágio, gasolina, entre outros, a real remuneração, mesmo que não financeira, vem por meio da realização de ajudar uma comunidade fazendo aquilo que gostamos: atendendo”, conclui.