Ferroviários apresentam proposta para volta do trem diário de passageiros no Litoral


Por Redação JB Litoral Publicado 23/08/2019 Atualizado 15/02/2024

A Cooperativa de Ferroviários do Paraná e Santa Catarina (COOFEPASC) pretende proporcionar ao Litoral a volta do trem de passageiros entre as cidades de Antonina, Morretes e Paranaguá. O projeto visa utilizar a linha ferroviária como transporte público, aproveitando os investimentos na ordem de R$ 6 milhões no restauro das estações ferroviárias destes municípios.

De acordo com o Presidente da COOFEPASC, o Consultor em transporte ferroviário, Lourenço Veiga, a ideia surgiu devido às reivindicações da classe, que têm o anseio de ver as estações retornando ao seu objetivo inicial: embarque e desembarque de passageiros.

A cooperativa tem a intenção de disponibilizar o projeto para que este trem litorâneo volte a rodar, levando passageiros diariamente. Isto diminuiria a duração das viagens entre Antonina e Paranaguá e, além disto, cria uma opção a mais para as pessoas que pretendem se deslocar entre as cidades, com um preço acessível, em média R$ 6 a R$ 7, que é o que a empresa que realiza o trajeto de ônibus cobra”, diz.

Proposta apresentada ao prefeito

Porém, para que o plano possa ser executado, é necessário o auxílio dos Prefeitos de Paranaguá, Marcelo Roque (Podemos), Morretes, Osmair Costa Coelho (MDB) e Antonina, José Paulo Vieira Azim (PSB), bem como da empresa Rumo Logística e do Governo do Estado, por meio da Portos do Paraná. “Nesta semana, teremos uma reunião com o Prefeito Marcelo Roque, na qual estaremos explicando o projeto e alertando para as locomotivas que existem no Porto, que estão apodrecendo e se deteriorando a cada dia, mas podem ser utilizadas em benefício da comunidade litorânea, caso haja esta parceria”, explica Lourenço.

Segundo ele, inicialmente, a proposta prevê o transporte de seis vagões de trem: três partindo de Paranaguá e três de Antonina, passando por Morretes. Cada vagão tem capacidade para 50 passageiros e, estes, seriam cedidos pela empresa Serra Verde Express, explica o presidente.

Projeto da COOFEPASC prevê trem de passageiros entre Antonina, Morretes e Paranaguá. Foto/JB Litoral

É uma ideia concebível e de fácil implementação, é necessário apenas comprometimento dos municípios e apoio por parte da Rumo e da Portos do Paraná. Assim que a Estação Ferroviária de Paranaguá estiver concluída, que eu acredito que seja, no máximo, até janeiro de 2020, tendo em vista o andamento das obras no local, e Antonina também, provavelmente no mesmo prazo, é possível dar início à execução do projeto. Além disto, estamos em um momento oportuno para isto, com os investimentos no restauro das três estações, podendo beneficiar a sociedade como um todo, fomentando o turismo e melhorias sociais, pois investimentos trazem desenvolvimento à região”, declara Lourenço.

Empresas ocuparam linha férrea

De acordo com ele, um dos impedimentos à proposta é o fato de que a Rumo erradicou a chave de acesso ao ramal da Estação Ferroviária de Paranaguá. “A linha que parte de Paranaguá e vai até Curitiba é tombada pelo IPHAN, e a empresa arrancou este trecho, isto é um ato criminoso. Por isto, enviamos um ofício ao Delegado da Polícia Federal no Paraná pedindo a apuração dos fatos, pois precisamos que este ramal seja restabelecido para podermos trazer os trens de passageiros para cá”, conta.

Além disto, ele informa que a empresa Marcon Logística Portuária cercou e obstruiu a linha férrea, colocando contêineres no local, que é faixa de domínio da União. “Esta companhia cercou a linha e fez um pátio de contêiner, ocupando e cercando a área como se fosse sua propriedade, porém, é da União”, diz.

Lourenço denuncia que Marcon ocupou a linha férrea, utilizando-a como se fosse sua propriedade . Foto/JB Litoral

No ofício 0025/2019, enviado ao Delegado da PF, Luciano Flores, no último sábado (17), Lourenço solicita a abertura de um inquérito policial para investigação destas situações envolvendo as duas empresas privadas.

O ramal que dá acesso à Estação de Paranaguá foi construído há 135 anos e remonta aos tempos do Brasil Império, com D. Pedro II. Este bem é tombado pelo IPHAN por Decreto Federal e, em hipótese alguma, deveria ser erradicado. Buscaremos formas de modificar a situação, fazendo com que a justiça prevaleça, oportunizando a volta dos trens ao litoral, o que beneficiará toda a população”, conclui o presidente da COOFEPASC.