Fortes chuvas castigaram o Litoral; confira a situação em cada cidade


Por Publicado 25/01/2021 às 16h44 Atualizado 15/02/2024 às 18h56

A chuva intensa, que assolou as sete cidades do litoral na semana passada, causou alagamentos e deixou muitas famílias ilhadas. Historicamente, janeiro é o mês mais chuvoso do ano no Paraná, porém, a Coordenadoria da Defesa Civil Estadual alerta que a quantidade registrada já superou a média prevista para o mês todo em várias estações pluviométricas do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

Segundo dados divulgados pela Defesa Civil Estadual, em apenas 24 horas, de sexta-feira (22) para sábado (23), o acumulado no Morro Inglês, em Paranaguá, foi de 202 mm; na BR 227, km 10, 252 mm; em Paranaguá 151,8 mm; em Guaraqueçaba 104 mm; e na comunidade de Floresta, 100 mm. Em Paranaguá, por exemplo, a média de precipitações para o mês de janeiro é de 280 milímetros, mas neste mês o acumulado já foi de 401 milímetros.

Pontal do Paraná

A cidade foi um dos municípios mais atingidos pelo grande volume de água. Durantes dias, vários balneários ficaram completamente alagados, fazendo com que muitas famílias não conseguissem sair da própria casa.

Em entrevista ao JB Litoral, Floresval Moreira, de 71 anos, que mora há 6 anos no balneário de Ipanema, disse que a situação está crítica. “Ninguém consegue sair de casa. Estamos ilhados. Meu vizinho, por exemplo, não consegue entrar com o carro em casa. Tem um casal de idosos, que mora na rua de trás, que não consegue sair para ir ao médico. Então, esperamos que o prefeito faça alguma coisa, porque do jeito que está não dá para ficar. Teve gente que alugou casa e foi embora dizendo que não volta mais. É só prejuízo para o município”, desabafou.

Sem opção, moradores precisaram molhar as pernas para sair de casa (Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral)

Canais entupidos

Segundo o prefeito de Pontal do Paraná, Rudisney Gimenes, o Rudão Gimenes (MDB), além da grande quantidade de chuva, as enchentes ocorreram devido ao entupimento dos canais, o que impediu o escoamento da água. “Isso é um problema crônico de Pontal do Paraná. Além da falta de limpeza dos canais, há ocupação de área irregular, aterro de valetas, são situações agravantes”.

Rudão ressaltou que a prefeitura está realizando ações emergenciais. “Nossas equipes estão trabalhando para minimizar a situação, limpando valetas e liberando manilhas entupidas, mas esse tipo de limpeza precisa ser feito o ano todo, para que não haja transtorno na temporada”.

Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

De acordo com o prefeito, o município aguarda a licença ambiental para realizar a limpeza efetiva. “Reforçamos que estamos realizando apenas uma ação paliativa. Para que a limpeza efetiva seja feita, precisamos da licença ambiental do Instituto Água e Terra (IAT). Acreditamos que o problema será resolvido neste primeiro semestre, pois já temos a verba de R$ 1 milhão que foi disponibilizada pelo Estado desde 2019”.

A Licença Ambiental Simplificada (LAS), citada pelo prefeito, prevê a limpeza e desassoreamento de canais. Sendo o licenciamento para 5 segmentos de canais extravasores, totalizando 9.000 metros. Outro ponto crítico na cidade é a Avenida Aníbal Cury (Beira Mar). “Grande parte da Avenida foi asfaltada sem um projeto de drenagem, um verdadeiro absurdo”, disse Rudão.

Em caso de emergência, a população pode solicitar o atendimento pelo telefone 0800 880 0332, que a prefeitura irá ao local verificar a situação.

Guaraqueçaba

A menor cidade do litoral também foi prejudicada pela grande quantidade de água e famílias estão sofrendo com os temporais há mais de 10 dias. Além dos alagamentos, principalmente na área rural, a PR-405, único acesso terrestre ao município, ficou totalmente intransitável. Na Ilha Rasa, uma das comunidades da região, uma cratera se abriu e danificou o sistema de abastecimento de água potável no local.

No sábado (23), a prefeita Lilian Ramos Narloch (PSC) acompanhou a Defesa Civil e representantes da Secretaria de Segurança Pública do Paraná que utilizaram a aeronave do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) para sobrevoar as regiões e verificar as áreas alagadas e com deslizamentos. A Defesa Civil Estadual também entregou 200 cestas básicas para ajudar as famílias mais afetadas.

Defesa Civil Municipal doou 200 cestas básicas para atender as famílias mais afetadas (Foto: divulgação)

“As chuvas castigam muitas cidades do litoral. Em nosso município as enchentes ocasionaram isolamento em algumas comunidades, rompimento da tubulação da rede água, falta de energia elétrica em algumas regiões. Estamos monitorando, juntamente com Defesa Civil Municipal e Estadual, nossas comunidades. Quero manifestar meus agradecimentos, em nome da população, ao apoio da Defesa Civil Estadual, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Ambiental, que estão no município realizando o monitoramento, e pelas doações de cestas básicas. Quero agradecer também o deputado estadual Michele Caputo (PSDB) e o secretário Chefe da Casa Civil Guto Silva. Nesta terça-feira (26) estarei com minha equipe apresentando ao Governo do Estado, por meio do secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Estado do Paraná, Márcio Nunes, e do secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, uma proposta de manutenção da nossa PR-405 que efetivamente melhore o trânsito nesse trecho”, disse a prefeita.

Foto: divulgação

Devido à gravidade da situação, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) lançou uma campanha para arrecadar alimentos não perecíveis e itens de higiene pessoal para as vítimas de enchentes. Segundo a PCPR, 6 comunidades, onde vivem aproximadamente 250 famílias, tiveram as casas tomadas pela água.

Paranaguá

A tenente do Corpo de Bombeiros e coordenadora da Defesa Civil do Litoral, Virginia Turra, informou ao JB Litoral que, apesar dos grandes acumulados de chuva em Paranaguá, poucos danos foram registrados. “Em Paranaguá, a Defesa Civil registrou apenas uma pessoa desabrigada, o abrigo foi concedido pela Defesa Civil Municipal. Outras pessoas precisaram se alojar em casa de parentes ou amigos por um período”, disse.

As equipes do Corpo de Bombeiros e das Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil também foram às comunidades do Morro Inglês, Santa Cruz e Floresta, onde constatou-se alagamento, mas sem residências sujeitas a deslizamentos.

Houve, ainda, orientações nas regiões da Vila dos Comerciários, do Rio Vermelho e, em Alexandra, nos maiores pontos de alagamento e inundação. Bombeiros e Defesa Civil fizeram a retirada das pessoas de suas residências com o uso de um bote, tendo em vista que o nível do rio estava bastante alto e o acesso mais seguro foi com a embarcação a remo. Além das regiões registradas, a equipe do JB Litoral recebeu imagens de leitores e internautas de outros pontos da cidade, observando que vários bairros também foram atingidos pela chuva.

Cabeça d’água em Antonina

Em Antonina foi registrado o fenômeno conhecido como cabeça d’água, que normalmente acontece quando há um aumento rápido e repentino do nível de um rio corrente ou cheio, em decorrência da chuva na serra.

O vereador do município e diretor do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE), Paulo Roberto Broska (PSC), publicou em seu perfil pessoal no Facebook, na sexta-feira (22), o fenômeno natural registrado nos mananciais do rio Jantador e Novo Mundo. Nesta época do ano, isso também acontece em Morretes, no rio Nhundiaquara e outros córregos do local.

Visando a segurança dos moradores da região e turistas, a 2º Tenente do Corpo de Bombeiros do Paraná, Ana Paula Inácio de Oliveira Zanlorenzzi, destacou ao JB Litoral, os principais sinais da proximidade de uma cabeça d’água.

“Ela acontece quando há chuva na região da serra e o fluxo da água aumenta rapidamente. Então, se o banhista perceber que começou a chover, é aconselhável que saia do rio. Pois quando ela acontece, o fluxo de água aumenta bastante, fazendo com que a pessoa, e qualquer objeto que esteja no rio, seja arrastada”.

A Tenente ressaltou, também, que é importante ficar atento ao nível da água. “Outros indicativos são: o nível da água, sempre tomar como referência uma pedra ou uma árvore, observar se a água está subindo rapidamente; e a correnteza, ou seja, se a água começar a vir com folhas, galhos, é porque houve um vento muito forte. Sempre ficar atento aos sinais, pois o fenômeno é muito perigoso”.

Guaratuba e Matinhos

Nas duas cidades balneárias, além dos alagamentos em diversos bairros, foram registrados deslizamentos de terra.

Na sexta-feira (22), houve deslizamento na Rua Capitão João Pedro, no Centro, em Guaratuba, próximo ao ferryboat, causando o fechamento da via. Já em Matinhos, o deslizamento ocorreu em região de mata no bairro Sertãozinho, em ambas as situações não houve feridos.

Durante os dias chuvosos, o Corpo de Bombeiros atuou com o auxílio da Defesa Civil na remoção de pessoas de residências para outras que não estavam alagadas/inundadas. Foram, também, realizadas orientações aos moradores da região.

Segundo o meteorologista do Simepar, Marcolino Nascimento, a chuva continua. “Está chovendo bem acima da média, com uma chuva contínua ao longo da semana, o que merece atenção por parte da população. E a previsão é de mais precipitações até, pelo menos, a próxima quarta-feira (27)”, explica. A Defesa Civil também envia alertas gratuitos pelo celular. Para receber, basta enviar um SMS com o número do CEP endereçado ao 40199. É importante ficar atento aos sinais de inundação, alagamentos ou deslizamentos. Se estiver numa área segura, mantenha-se abrigado e evite passar por áreas alagadas. Caso esteja em região próxima e/ou sujeita a deslizamentos, saia de casa e procure um local seguro. Se necessário, acione socorro especializado do Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193, ou da Defesa Civil, pelo telefone 199.