Funcionários do Hospital Regional do Litoral denunciam más condições de trabalho; FUNEAS se manifesta


Por Luiza Rampelotti Publicado 23/06/2022 às 18h38 Atualizado 17/02/2024 às 11h14

Desde o início do mês de junho, os servidores da saúde pública do Estado decidiram suspender a greve iniciada em 12 de abril. Foram 51 dias de paralisação em busca da reposição salarial que não é paga desde 2016.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Paraná (SindSaúde PR), em Assembleia Geral Extraordinária, os filiados decidiram encerrar a greve e definiram um plano de lutas para fortalecer as reivindicações da categoria, que denuncia que a defasagem salarial já chega a 34%.

Em Paranaguá, os atendimentos no único hospital público estadual que atende aos sete municípios da região, o Hospital Regional do Litoral (HRL), não pararam mesmo durante a greve. Cerca de 500 funcionários aderiram à manifestação, mas continuaram realizando os serviços na unidade hospitalar, que atendeu com número reduzido de profissionais.

No entanto, após a suspensão da greve, um profissional de saúde que atua no HRL e prefere não se identificar procurou o JB Litoral para denunciar as condições de trabalho no local. “Está em falta um monte de medicamentos, com baixo estoque ou estoque já zerado, mas com produto ainda na prateleira; como soro fisiológico e glico de 100, meropenem, fitomenadiona, ondasetrona, buscopan simples e composto, glicose 25 e 50, dimeticona em cápsula e gotas, diclofenaco em cápsula, digoxina, complexo b, ácido ascórbico, amicacina, cabergolina, cefalotina, polamiramine, diosmina, glicerina, hidralazina, loratadina, prometazina, e outros”, conta.


Fotos e vídeos de materiais estragados


Além disso, o denunciante enviou diversas fotos e vídeos que mostram equipamentos como ambulâncias, macas e poltronas estragadas, vazamentos de água no teto, entre outros materiais muito desgastados. “São ambulâncias estragadas; poltronas de acompanhantes sucateadas e expostas no fundo do HRL; macas sem colchão e pacientes sendo transportados em cima de cobertores; braçadeiras de cirurgia quebradas e com gambiarra para realizar a cirurgia. Além disso, temos problemas de goteira no centro cirúrgico por falta de manutenção; infiltração nas paredes; materiais estragados como saboneteiras; portal papel higiênico; lâmpadas auxiliares; suporte de soro fixo; rachaduras na parede e chão; tomadas expostas e outras questões”, diz.

De acordo com denunciante, a direção do Hospital Regional não se pronuncia sobre a situação e desde que a Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Estado do Paraná (FUNEAS) passou a administrar o HRL, em 2016, os problemas se tornaram cada vez piores. Há anos existe um embate entre os funcionários públicos da saúde estadual e a FUNEAS. Eles afirmam que a Fundação não cumpre seu contrato de gestão e pedem que a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) volte a administrar o hospital.  

O JB Litoral procurou o diretor-geral do Hospital Regional, Hemerson Saqueta Barbosa, para comentar a respeito das denúncias. No entanto, ele afirmou que não tem autorização para comentar sobre o assunto e pediu para que a reportagem entrasse em contato com a FUNEAS.

O que fiz a FUNEAS


Questionada pela equipe, a Fundação Estatal de Atenção em Saúde afirma que não existe cenário de falta ou racionamento de insumos, e que abastece suas unidades regularmente, de forma suficiente, conforme planejamento de estoque. “Nossos hospitais possuem equipes responsáveis pela operacionalização destes estoques para que em toda e qualquer alteração de consumo que haja, independentemente de fatores internos ou externos, que possam gerar desabastecimento, comuniquem a nossa Central de Distribuição, que, em tempo, faz a correção na modalidade de estoque descentralizado, ou seja, cada uma de nossas unidades torna-se fornecedora secundária para a outra unidade da rede”, diz.

Sobre os mobiliários danificados, a instituição informa que existe um quantitativo de material inservível que está sendo acomodado em um ambiente onde será construído um ambulatório médico, aguardando a retirada por uma empresa especializada, a qual fará a realocação destes.

Já sobre as ambulâncias, a FUNEAS explica que o HRL possui, atualmente, seis ambulâncias e, destas, apenas duas estão em operação (uma própria e outra remanejada para suprir a demanda de remoções durante o período de reparos das demais). As outras quatro estão em processo de manutenção, sendo que duas delas estão em fase final do processo de execução e outras duas em avaliações para elaboração de laudo. Além disso, também está em andamento a aquisição de uma nova ambulância totalmente equipada.

Obras de reforma devem acontecer


O JB Litoral também questionou a respeito dos problemas estruturais vistos nos vídeos enviados pela denunciante. De acordo com a Fundação, para resolver a situação da cobertura do telhado que cobre a UTI, uma obra já está prevista para ser iniciada.

Estamos organizando a mudança física desta unidade para o período das obras e melhor acomodar os pacientes, com toda a segurança necessária. Também estão previstas outras melhorias de reformas na unidade, como limpeza da fachada externa e readequação de ambientes, para proporcionar mais qualidade na prestação dos serviços”, conclui.