Gleisi e Requião denunciam contrato do Ibope com Governo Beto Richa


Por Redação JB Litoral Publicado 10/09/2014 às 18h51 Atualizado 14/02/2024 às 02h57

A pesquisa Ibope divulgada na última semana, que apontou uma possível vitória do Beto Richa (PSDB), governador candidato à reeleição, algo diferente do apontado pelo instituto de DataFolha, que em pesquisa divulgou uma disputa equilibrada entre os candidatos, fez com que os senadores Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) questionassem abertamente o resultado e divulgassem denúncia com relação ao Instituto Ibope, que teria contrato milionário com o governo estadual tucano. 

Através de informações do Portal Transparência, as campanhas do PMDB e PSDB afirmaram que o governo de Beto Richa assumiu contrato no valor de R$4.631.040,00 com o Ibope. Segundo os dados divulgados por Gleisi e Requião, até o momento a empresa já recebeu 2.741.440,00 e tem saldo de 1.889.600,00 para recebimento.

Segundo o divulgado por dados da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (CELEPAR), em 2013, houve a contratação do Ibope pelo processo 19/2013, feito entre a empresa e a companhia do Governo do Estado, algo identificado como “prestação de serviço e pesquisa de opinião”. O início do serviço prestado foi no dia 08 de abril de 2013 e seguirá sendo feito até o dia 07 de abril de 2015, ou seja, durante dois anos.

A informação repassada por dados da Celepar no último ano demonstra que durante toda a eleição de 2014 o Ibope terá contrato firmado com o Governo do Estado da gestão Beto Richa, visto que o contrato só será encerrado em 2015. No ano passado, no entanto, o valor anunciado do contrato, em denúncia feita pelo Blog do Esmael, seria de R$ 2,3 milhões, com a nova denúncia feita pelos comitês de Requião e Gleisi, os valores teriam aumentado para mais de R$4 milhões.

Erros em previsões do ibope nas eleições de 2012

A pesquisa Ibope teria apontado Richa com 43% das intenções de voto, enquanto Requião teria 26% e Gleisi 14%. Por outro lado, o Datafolha, em pesquisa divulgada no dia 15 de agosto, afirmou que a disputa estava tecnicamente empatada entre Richa (39%) e Requião (33%). Gleisi estaria na terceira posição com 11%.
Vale ressaltar que o Ibope foi alvo de investigação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). O instituto teria sido acusado de fraude nas eleições municipais de 2012 em Curitiba, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa. Na capital paranaense, por exemplo, o Ibope, em pesquisa registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) sob o número 00462/2012, apontou, no primeiro turno das eleições para prefeito, que Luciano Ducci (PSDB), com 28%, candidato à reeleição na época e aliado de Richa, iria para o segundo turno com Ratinho Júnior (PSC), com 39%, aliado atual do governador tucano.

Apesar disso, o resultado nas urnas foi totalmente diferente, com Gustavo Fruet (PDT), aliado do PT e terceiro colocado na pesquisa com apenas 16%, que acabou sendo segundo colocado nas eleições do primeiro turno, vencendo a eleição no segundo turno, sendo atualmente prefeito de Curitiba. Vale ressaltar que a pesquisa Ibope divulgada na última semana para a disputa eleitoral para o Governo do Estado está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o número 00024/2014.

Requião leva caso ao MPPR

Na última quinta-feira (28), Requião encaminhou um pedido de providências com relação Ibope e a sua relação com Beto Richa ao Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR), através do recebimento do documento pelo procurador de Justiça do Paraná, Gilberto Giacóia, chefe do Ministério Público. De acordo com os autos protocolados no MPPR, o candidato do PMDB relata os contratos milionários firmados entre a gestão Richa e o instituto de pesquisa.

Requião afirma que o Ibope possui um patrão, que é o Governo do Estado de Beto Richa, algo que compromete a lisura necessária para as pesquisas eleitorais do instituto. Além disso, no documento, Requião demonstra a disparidade entre a pesquisa Ibope e o DataFolha, questionando a diferença como sendo algo atrelado ao fato do Ibope ter uma relação comercial “candidato/cliente”com Richa.

O advogado da chapa de Requião, Luiz Fernando Delazari, pede que o procurador Giacóia e o MPPR investigue os termos do contrato entre o Ibope/CELEPAR; apontar seus objetivos; verifique o que foi pago até o momento e a que título; constate se foram realizadas pesquisas do cenário eleitoral ao longo do período contratado; verifique também se de fato o contrato atende ao interesse público ou a particular de Richa; e, investigue a possível fraude na pesquisa eleitoral realizada e divulgada na última semana pelo Ibope.

*Com informações do Blog do Esmael.

Foto: Cícero Cattani.