Governo do bolso, pelo bolso e para o bolso!


Por Redação JB Litoral Publicado 29/07/2014 às 07h00 Atualizado 14/02/2024 às 02h40

Há 109 anos era rompido o cordão umbilical do último parnanguara que se tornaria o orgulho da cidade Mãe do Paraná, num segmento, hoje, marginalizado e desacreditado em todo o país, a política. 

No dia 17 de dezembro, a terra da grande poetisa Julia da Costa, dava boas-vindas para Bento Munhoz Bento Munhoz da Rocha, um parnanguara que foi duas vezes governador do Paraná e um dos políticos de maior destaque e prestígio do Paraná. A Copel, o Teatro Guaíra e o Centro Cívico, foram algumas de suas grandes obras em favor da população que, até hoje, pode ser visto, usado e admirado por milhares de paranaenses.

Passados 36 anos de sua partida, apenas nove eleições gerais, e a cidade ainda conseguiu, com João Elisio Ferraz de Campos, chegar ao Governo do Estado em 1986, depois que José Richa foi eleito senador e o parnanguara deixou de ser vice-governador para comandar o Estado. Quatro anos mais tarde, Lourenço Fregonese manteve a cidade no mapa político do Paraná ao se eleger deputado estadual e, a partir daí, com o nascimento da era dos prefeitos sindicalistas, a cidade e a região foi defenestrada da Assembleia e Câmara Federal. Miguel Buffara foi o nosso último representante em Brasília até 1967.

Foi necessário o vereador Waldir Leite vencer um jejum de 12 anos para marcar o retorno da cidade para Assembleia Legislativa. Encerrado seu mandato, a vaidade e a mesquinhez da classe política local, fizeram nossa representatividade degringolar. O que aconteceu com o legado da boa política deixado por homens como Bento Rocha, Miguel Buffara e João Elisio?

Onde nossos atuais gestores, dirigentes partidários e políticos não entenderam o “beabá” da democracia, ensinada desde 1863 pelo presidente dos Estados Unidos da América, Abraham Lincoln, no famoso discurso de Gettysburg;“o governo é do povo, pelo povo e para o povo ”? 

Nos últimos anos este discurso foi trocado pela Lei de Gerson, aquela de levar sempre vantagem em tudo e, quando nem esta lei é possível seguir, o jeito é apelar para “se não sou eu, ninguém será”. E assim tem sido nos últimos oitos anos onde tivemos que nos contentar com migalhas representativas nos cinco meses do ex-prefeito Roque e em quase um ano de Alceuzinho Maron. 

Hoje nos 366 anos de Paranaguá a classe política dá um presente de Grego para seus eleitores em forma de 18 candidaturas para serem colocadas nas urnas em outubro e toda dificuldade de resgatar a tão necessária representatividade estadual, porque a federal certamente completará quase meio século de ausência. 

Penso que a essência do Discurso de Gettysburg, em nossa cidade, deveria ter outra redação, que melhor caracteriza o que muitos dos nossos políticos entendem o que é governo:“é do bolso, pelo bolso e para o bolso.