Guindaste na Appa afunda e pode prejudicar movimentação de fertilizantes


Por Redação JB Litoral Publicado 09/05/2015 Atualizado 14/02/2024

  Ciente de iniciar a obra de reforço no cais pelo berço 208, “trecho mais antigo do cais”, segundo reportagem na Assessoria de Comunicação postada no site oficial dia 16 de abril, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) viu o guindaste do bate-estaca cair e afundar parte do cais acostável no último dia 30 em Paranaguá.

  A reforma que tem por finalidade preparar o porto para suportar operações com navios de maior capacidade e permitir a dragagem de nivelamento de todos os berços para uma profundidade maior iniciou no berço que, segundo a Appa, “preserva algumas características de quando o porto foi criado, na década de 30”.
Atualmente esta parte do porto, segundo a Appa, tem profundidade de apenas oito metros suportando operações de até duas toneladas por metro quadrado. Com a obra, o berço 208 poderá ser dragado para 13,8 metros e aguentará uma pressão de cinco toneladas por metro quadrado. Porém, quem não suportou a pressão do trabalho de bate-estaca foi o piso do cais que afundou, em razão, possivelmente do que informou a Appa, do tempo de existência, que data da década de 30.
  A obra de bate-estaca, que está sendo feita pela empresa carioca Construport – Construção Civil e Portuária Ltda, pretende colocar no porto cerca de 500 estacas de concreto, sendo 190 na água e 310 na estrutura do cais, a fim de reforçá-lo num investimento de R$ 511 milhões, que permitirá a atracação de navios com capacidade de até 80 mil toneladas.
  A reportagem do JB tem a informação da existência de ordens de serviço na Appa que exigem que para o operador portuário que quer comprar e adentrar com um guindaste na área primária há a necessidade de autorização da administração portuária, através da Diretoria de Engenharia e Manutenção (DEMANT), hoje, sob a responsabilidade de Paulinho Dalmaz, justamente para avaliar a questão do peso do equipamento. A reportagem do JB questionou a Appa para saber se esse procedimento ainda existe e se houve a autorização, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.
Da mesma forma, questionou ainda qual a avaliação do prejuízo causado e se o acidente interferirá na movimentação de fertilizante pelos berços 209 e 211. Também não houve resposta da Appa.

Navio amarrado no cabeço do berço 209

Vale ressaltar que o 209 e 211 são dedicados à operação com fertilizantes. No dia do acidente havia um navio operando no berço 209, que fica ao lado do 208. O incidente pode trazer risco na movimentação de fertilizantes para o porto público, para as cooperativas de transporte e operadores portuários.
A reportagem do JB questionou ainda a Appa a respeito do período para conserto do cais acostável no 208 e de que forma a obra de reforço do caís prosseguirá. Porém, não obteve nenhuma resposta até o fechamento desta edição.
Todos os questionamentos serão protocolados na Appa, tendo por base a Lei federal 12.527/211, de Acesso à Informação.

O que é a obra

  A obra de reforço vai acontecer ao longo de todo o cais comercial, dos berços 202 a 214. A obra será dividida em vários trechos para não prejudicar a movimentação das cargas. A expectativa é que a intervenção seja finalizada até a metade do ano que vem.
  A reforma consiste em cravar uma série de estacas e instalar diversas vigas para reforçar a estrutura do cais. São cerca de 190 estacas de concreto armado que serão instaladas na beira do porto. Estas estruturas têm 26 metros de comprimento e pesam mais de 20 toneladas cada. Em uma área poucos metros mais recuada, outras 300 estacas mais finas também perfurarão o solo, dando mais resistência ao piso.