Rapaz que aparece em vídeo do Mahle nega participação e relata ameaças


Por Publicado 21/10/2021 às 17h12 Atualizado 16/02/2024 às 16h48

Um dos rapazes que aparecem no vídeo que repercutiu por todo Paraná em que uma jovem de 18 anos é retirada do Mahle Bar e Restaurante enquanto está desacordada conversou com exclusividade com o JB Litoral. No relato ele cita como a noite teria ocorrido, negou sua participação na retirada da menina e ainda citou que vem sofrendo muitos ataques nas redes sociais.

Tendo denunciado no dia seguinte ao ocorrido, a menina afirma a polícia que não se lembra dos fatos daquela noite e como teria saído do estabelecimento, logo, o vídeo em que ela é carregada se tornou uma das provas da investigação em andamento, além de ter viralizado nas redes sociais, principalmente em tom de incredulidade de usuários das mídias que criticaram o fato de uma mulher ser carregada por estranhos em um lugar cheio de gente.

Com o avanço da investigação, a Polícia Civil já descartou que ambos os jovens que aparecem ao lado do homem que carrega a menina tiveram participaram no ocorrido. O JB optou por não divulgou o nome do entrevistado devido à quantidade de ataques, ofensas e ameaças que ele vem recebendo pelas redes sociais.

A NOITE

O jovem relata que já havia combinado com amigos de que iria até o Mahle Bar e Restaurante com antecedência e de que era um encontro já organizado “para curtir, beber e conversar”. O rapaz também relata que é praxe ele e algumas pessoas próximas marcarem de se encontrar em estabelecimentos como esse.

O entrevistado diz que ele e os colegas chegaram ao local por volta das 22h30. “O local estava bem cheio, bem agradável. Não é um ambiente de briga e nem nada, então estava bem tranquilo, bem legal mesmo“, relata. Sobre a denunciante, o rapaz afirma que já a conhecia de vista, mas que só a viu por volta das 1h da manhã. “Quando eu a vi, ela estava tranquila e conversando com uma menina que eu não conheço. E foi normal, eu passei, não parei para conversar e nem nada. Como eu disse, não tenho intimidade para conversar com ela“, diz.

Esse teria sido o único encontro entre a menina e o rapaz, já que a noite seguiu e horas depois, enquanto estava na parte superior do ambiente, a menina teria sido carregada na fatídica cena já popular na internet. “Eu saí lá de cima e desci para ir ao banheiro. Só que na hora que eu fui descer a escada, os dois rapazes passaram na minha frente carregando ela no braço. Eu achei que era um parente, algum amigo ou alguém próximo. Até porque eu não iria me meter“, recorda.

Enquanto passava pela porta atrás dos homens e da menina desacordada, houve a gravação, mas, o jovem ouvido pelo JB afirma que logo após a cena filmada, encontrou outros dois amigos. “Eu saí pela porta, tinha dois amigos meus à direita. Fiquei ali fora, vi que os piás estavam ali, cumprimentei de longe e voltei para o estabelecimento. Aí então eu fui ao banheiro“, diz.

O homem também relata que ficou até o final da festa no Mahle, que encerrou por volta das 4h30 da manhã e que ao sair da confraternização, voltou direto para casa. “Ficamos ali na frente eu e uns amigos. A gente conversou e tirou fotos, inclusive temos todas essas fotos de prova que ficamos ali até umas 5h30. E dali eu fui direto para casa. Tenho filmagens de eu chegando em casa às 6h da manhã“.

ATAQUES E AMEAÇAS NA INTERNET

Mesmo tendo a participação descartada pela Polícia Civil em um primeiro momento, o jovem recebeu muitos ataques nas redes, o famoso “hate“. Foram ameaças, xingamentos, ofensas de diversas pessoas. Para o rapaz, o ocorrido foi muito delicada, principalmente por ele ter entrado em uma situação que não lhe dizia respeito. “É complicado e triste [ver meu nome ligado a uma história dessas]. Não vou dizer que estou legal, porque quem que quer ser acusado disso? Ninguém quer ser acusado de algo tão delicado e grave. Nunca na minha vida eu pensei que ia passar por isso. Não tá sendo bom pra mim, está bem complicado“, lamenta.

Sobre os ataques na internet, o rapaz detalha como tem sido sua rotina desde que acabou envolvido no caso que repercutiu em todos os noticiários do Estado. “Os ataques na internet são muito ruins. Sofri muita ameaça de gente dizendo que tinham que linchar as pessoas que apareciam no vídeo, por exemplo. É bem complicado. Também recebi muitas mensagens de curiosos vindo perguntar se era verdade ou não. Já os amigos que estavam lá me deram muito apoio. Não é legal receber nenhuma dessas mensagem, sabe?”, diz.

Se a internet foi um grande tribunal, o acolhimento da família foi fundamental em uma período tão difícil como esse, conta o jovem. “Sempre fui realista e contei o que tinha ocorrido para eles. Em todos os momentos estiveram comigo. Eles me apoiaram desde o início, coremos atrás das imagens e tudo mais. Eles não deixaram passar nada batido“.

O maior alívio tanto do rapaz quanto de parentes foi quando a sua participação no suposto crime foi descartada rapidamente pelas forças de segurança. Mesmo sabendo de sua inocência e da injustiça que estava sofrendo, o homem relata que ficou surpreso ao assistir o vídeo já que alguém de fora do caso realmente interpreta que ele está acompanhando o suposto crime como alguém próximo aos envolvidos. “Estou bem aliviado, o problema foi só pela minha imagem. Um veículo de imprensa me difamou muito. Tomou muito no meu nome , colocou minhas filmagens e vídeos que eu tenho em uma conta privada. Eles colocaram vídeo do meu rosto na televisão. É uma situação bem complicada“, finaliza.

Por fim, o jovem afirma ter conversado com a vítima, que teria pedido desculpas por envolvê-lo em um fato que ele não tinha participação. O rapaz relata ter se solidarizado e que não precisava de desculpas, já que ela também não teria culpa. Ele encerra afirmando que pretende ajudar como possível nas investigações e que se voluntariou para ser testemunha da menina, caso necessário.