Indústria de veículos no Brasil tem pior queda desde abril 2007


Por Redação JB Litoral Publicado 07/05/2015 Atualizado 14/02/2024

A indústria brasileira de veículos teve queda de 21,7 por cento na produção de abril sobre o mesmo período do ano passado, no pior resultado para o mês desde 2007, diante da forte queda do mercado interno e fraqueza nas exportações.

As montadoras instaladas no país produziram 217,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em abril, queda de 14,5 por cento sobre março, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela associação que representa o setor, Anfavea. Em abril de 2007, a produção de veículos havia sido de 211.147 unidades.

No acumulado de janeiro ao mês passado, o setor teve produção de 881,8 mil de unidades, queda de 17,5 por cento sobre o mesmo período de 2014 e também pior desempenho para o período desde 2007.

Apesar da queda na produção, os estoques do setor voltaram a subir, atingindo 367,2 mil veículos no mês passado ante 360,4 mil em março. O volume é suficiente para atender 50 dias de vendas, considerando o ritmo de licenciamentos de abril, segundo a Anfavea.

A Anfavea reduziu no início de abril suas projeções para o ano, passando a esperar queda de 10 por cento na produção de veículos deste ano, a 2,832 milhões de unidades. A entidade começou o ano esperando crescimento de 4,1 por cento.

A expectativa para as vendas também foi mantida pela a entidade nesta quinta-feira. A previsão é de queda de 13,2 por cento, a 3,038 milhões de veículos.

TENDÊNCIA CONTINUA

A indústria terminou abril com 139.580 postos de trabalho ocupados, uma redução de 9,5 por cento ante o total verificado no mesmo período de 2014.

A queda verificada até agora na produção tende a se prolongar, uma vez que as montadoras seguem tomando medidas para se adaptarem ao recuo da demanda. Apenas nesta semana, por exemplo, Volkswagen paralisou sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP) por 10 dias, segundo sindicato local, enquanto a Fiat concedeu férias coletivas para 2 mil funcionários de sua fábrica em Betim (MG) por 20 dias.

Segundo o presidente da entidade, Luiz Moan, os meses de maio e junho também devem ser ruins para o setor. “Maio e junho ainda serão meses bastante difíceis (…) Vamos aguardar o Plano Safra e as campanhas de vendas antes de revermos as previsões para o ano”, disse ele a jornalistas.

“Temos sinais de que o pior já passou, mas é preciso a aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso para ajustar as expectativas do mercado”, disse Moan.

CAMINHÕES PARADOS

Em abril, a produção de caminhões, um importante indicador da confiança dos empresários para investir, caiu 44,3 por cento sobre o mesmo período do ano passado, para 6.864 unidades, acumulando queda no quadrimestre de 45,2 por cento.

Segundo a Anfavea, as vendas de veículos novos no Brasil em abril caíram 6,6 por cento sobre março e 25,2 por cento sobre o mesmo mês de 2014, a 219,3 mil unidades. Desde o início do ano, os licenciamentos registram tombo de 19,2 por cento sobre o mesmo período de 2014, a 893,63 mil unidades.

Já as exportações de veículos no mês passado somaram 28.761 unidades, queda de 10,7 por cento sobre março e de 18,4 por cento sobre abril do ano passado, apesar do cenário cambial mais favorável, segundo os dados da Anfavea.

“Os números refletem a situação econômica da Argentina, nossa principal cliente no exterior. Estamos reforçando as vendas para outros mercados como México, Peru, Colômbia e África”, disse Moan.