Indústria impulsiona retomada da economia em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 20/11/2020 Atualizado 15/02/2024

Por Marinna Protasiewytch

A pandemia do novo coronavírus levou o Brasil a bater um recorde negativo nos últimos meses, segundo dados divulgados no dia 23 de outubro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em setembro o país obteve o recorde de desemprego no ano. Com um contingente de 13,5 milhões de desempregados, cerca de 3,4 milhões a mais que o registrado em maio, chegamos a uma alta de 33,1% no período.

Em Paranaguá, indústrias, como a recém instalada Klabin, mostraram que a pandemia foi suportável com ajustes nas demandas e rotinas de trabalho. “Logo nos primeiros dias, definimos e estabelecemos um comitê de gestão da crise, com o objetivo de garantir a segurança de nossos colaboradores e priorizar a saúde e o bem-estar de todos. A Klabin prezou pela manutenção de suas atividades para garantir o suprimento de cadeias essenciais com a produção de embalagens para itens de primeira necessidade, importantes para a população”, explicou Francisco Razzolini, diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Projetos da Klabin e porta voz da unidade de Paranaguá.

Processo de retomada

Segundo o gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-Regional) do IBGE, Bernardo Almeida, o Paraná apresentou uma alta de 7,7%, sendo o maior resultado em magnitude e o segundo impacto positivo no índice nacional de produção industrial. “No caso do Paraná, a influência positiva veio, além do setor de veículos, do setor de máquinas e equipamentos”. Esta é a quinta taxa positiva consecutiva, o que demonstra uma reação do mercado e, consequentemente, uma maior abertura de postos de trabalho.

Dados apresentados pelo cadastro do Ministério do Trabalho Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que 180 mil pessoas foram contratadas na indústria de transformação, de janeiro a setembro deste ano, e 172,8 mil foram desligadas. O saldo ficou em 7,2 mil novas vagas. No Paraná, a queda foi bem mais acentuada quando comparada com o mesmo período de 2018, redução de 31% no número de vagas abertas.

No entanto, segundo o economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Evânio Felippe, “de maio em diante, como a indústria foi considerada uma atividade essencial, na sua integralidade, e não parou como um todo, isso teve um efeito positivo no esforço da recuperação industrial. O que acabou gerando um impacto positivo e a abertura de novas vagas de trabalho dentro da indústria”, destacou.

Para Francisco Razzolini, um dos motivos para a Klabin ter conseguido êxito em manter postos e prospectar novas vagas foi a atitude tomada durante a fase mais crítica da pandemia. “Flexibilizamos a rotina de atividades com a gestão do trabalho remoto, para diversos grupos de colaboradores da administração, e adotamos horários diferenciados para áreas que concentram mais trabalhadores, buscando menor exposição e distanciamento social. Na obra do Projeto Puma II, onde paralisamos entre meados de março e abril, foi possível começar uma remobilização gradual dos profissionais envolvidos nas obras de construção civil e montagem do projeto ao fim do segundo trimestre do ano”, exemplificou o gestor.

Setores em alta

Setores que mais criaram vagas este ano foram confecções e artigos do vestuário, produtos de metal e borracha e materiais plásticos. (Foto: Gelson Bampi / FIEP)

Dados divulgados no Caged demonstram que os principais setores que proporcionaram a retomada dos empregos foram o de confecções e artigos do vestuário, com 1.213 vagas, produtos de metal, gerando 1.027 postos de trabalho, e borracha e materiais plásticos, caso da Klabin, com a abertura de 910 empregos. “O saldo é positivo, mas o ritmo de contratações está bem mais lento do que o verificado no mesmo período de 2018”, afirma o economista da FIEP.

Expectativa para o fim do ano

“O mercado de trabalho vem apresentando uma recuperação das vagas perdidas, principalmente nos meses de abril e maio, em decorrência da Covid-19, mas essa trajetória é persistente, como temos observado. Por isso, acreditamos que a retomada continue assim até o fim deste ano. Para 2021, tudo vai depender de uma conjunção de fatores, como uma recuperação mais forte da atividade econômica mundial e de reformas fiscais”, Evânio Felippe, economista da FIEP.

Já Francisco Razzolini demonstra otimismo, já que a Klabin deverá receber aportes e ampliar suas atividades em Paranaguá até 2023. “A obra do Projeto Puma II receberá um aporte de R$ 9,1 bilhões até 2023, no próximo ano será iniciada a construção do Terminal de Celulose no Porto de Paranaguá, que vai gerar 180 empregos no pico das obras de construção do terminal e, para a operação, a previsão é que o empreendimento gere cerca de 200 novos postos de trabalho diretos e indiretos”, concluiu o diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Projetos da Klabin.