Leilões pela B3 garantem maior rentabilidade aos contratos da nova era de investimento


Por Redação Publicado 19/01/2021 às 19h32 Atualizado 15/02/2024 às 18h42

Por Magaléa Mazziotti

Lance a lance a rentabilidade e a transparência da nova era de investimentos nos portos de Paranaguá e Antonina, literalmente, estão determinando o valor alcançado pelas ofertas nos leilões da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), atual Bolsa de Valores do Brasil. Esse caminho foi decidido a partir do leilão do Terminal de Celulose, o PAR 01, arrematado pela Klabin em 2019. E em dezembro do ano passado se consagrou com o leilão do Terminal de Veículos, o PAR 12, arrematado pela Ascensus Gestão e Participações.

“A rentabilidade dos dois primeiros leilões superou as expectativas iniciais das ofertas de outorgas pagas, mas ainda considero que o principal ganho dessa interface é a lisura e transparência conferidas ao processo, pois quando o leilão acontece na bolsa de valores ele se torna praticamente inquestionável por conta da expertise, governança e complianceda B3. Ninguém se sente prejudicado, como tende a acontecer em qualquer disputa com vários interessados e isso impacta no tempo para a finalização do processo de arrendamento”, aponta Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná. No entendimento de Garcia, o leilão pela B3 se constitui em uma clara demonstração de respeito e profissionalismo aos investidores, mas que também vem acompanhada de um custo significativo.

“A cada sessão de leilão, pagamos R$ 800 mil pelo uso da B3, mas esse custo é compensado pela transparência e vamos alavancar financeiramente outros projetos de infraestrutura nesses mesmos moldes”, revela.


O valor desembolsado por sessão não é a única sinalização de respeito aos investidores e ao mercado como um todo. “Seguimos um modelo consolidado de somente cem dias após a publicação do edital, realizar o leilão, pois é o tempo exigido no mercado internacional para os investidores analisarem as condições de cada processo de licitação”, afirma. Outra diferença está na maneira de administrar as ofertas das áreas portuárias.

“Não focamos apenas em arrendar todas as áreas disponíveis no cais, porque uma superoferta precisa vir acompanhada de um cuidado técnico para não desequilibrar as operações dos terminais existentes, e o contrário também é verdadeiro, já que uma superdemanda também desequilibra o preço”, acredita. “É um ajuste complexo, mas fundamental para o equilíbrio de toda a operação, a fim de não inviabilizar os negócios”, complementa.

Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná.

Um exemplo dessa visão é que no contrato do PAR 12 está prevista a desativação dos pátios públicos de veículos, tão logo o terminal entre em operação e passe a ofertar o serviço de movimentação de cargas rodantes (veículos leves, ônibus e máquinas agrícolas). “Manter os espaços públicos, seria uma maneira de gerar uma concorrência do serviço em condições desiguais. E isso não representa risco dos terminais daqui praticarem preços fora do mercado, de haver alguma arbitrariedade, porque a concorrência com outros portos não permite. Atualmente, centsde dólar fazem a diferença em uma negociação”, constata.

Confiança mútua se converte em investimentos sólidos

Do mesmo modo que a maneira de conduzir o processo de concessões exprime respeito aos investidores, quem investe demonstra confiar no potencial de crescimento dos portos de Paranaguá e Antonina. O leilão do Terminal de Veículos em 2020, que vinha de uma tentativa frustrada em 2018, teve um desempenho muito relevante. Diante de um cenário de crise e pandemia, a área greenfield (concessão do zero), de 74,1 mil metros quadrados, foi arrematada por R$ 25 milhões de outorga, com a obrigação de fazer investimentos de R$ 22 milhões ao longo de 25 anos, além de pagamentos ordinários mensais pela ocupação.

“O setor automotivo teve a crise agravada com a pandemia e as três empresas que participaram demonstraram um compromisso de longo prazo, acreditando no Porto de Paranaguá como parte da estratégia e no desenvolvimento de toda a economia”, observa Garcia.

Na visão dele, isso reforça a responsabilidade da Portos do Paraná em entregar qualidade para manter a atratividade dos investimentos. “É nosso dever prover uma infraestrutura de serviços portuários cada vez melhor e mais eficiente porque estamos ofertando terminais ao mercado”, comenta. “Da intenção de uma concessão até o início da operação, são pelo menos cinco anos. São investimentos planejados de quem aposta em um retorno no médio e longo prazo”, acrescenta Garcia.

Mais do que declarações otimistas sobre esses investimentos lançarem os pilares para a consolidação de um Hub Logístico da América do Sul, os contratos que estão sendo estabelecidos desde o PAR 01 atualizam não só a maneira de negociar as licitações, mas também demandas para os próximos 30 anos de atividade como as questões socioambientais.

Localização do PAR 01 no Porto de Paranaguá (Crédito: Divulgação)

“Nessa renovação dos contratos dos ativos públicos portuários estamos prevendo mecanismos cada vez mais criteriosos no que envolve o desenvolvimento sustentável, priorizando condições que garantam a segurança dos trabalhadores e sejam ambientalmente ainda mais condizentes com nossos portos que já são reconhecidos pela atenção dispensada ao meio ambiente”.

Para Klabin, Terminal de Celulose no Porto de Paranaguá é a concretização de um sonho

Não foi por acaso que a maior produtora e exportadora de papéis do país, a Klabin, abriu essa nova era de investimentos em Paranaguá via leilões da B3, desembolsando R$ 1 milhão de outorga, mesmo sendo a única empresa participante. Muito antes da construção da fábrica em Ortigueira, a Unidade Puma da Klabin, inaugurada em 2016, vislumbra o desenho ideal de toda a sua cadeia, tendo o Porto de Paranaguá como maior Terminal de Celulose da América Latina. “Estou há 26 anos na Klabin e posso dizer que o que está acontecendo, nessa nova fase de investimentos no porto, coincide com um novo momento importante para a empresa, embora a busca por realizar o sonho de fazer o Terminal de Celulose vem desde 2010”, admite Sandro Ávila, diretor de Planejamento Operacional, Logística e Suprimentos da Klabin.

A Klabin também arrematou uma área greenfield, de 27.530 metros quadrados, com a obrigação de fazer um investimento no local na ordem de R$ 87 milhões, mas os valores previstos de investimentos até 2020 já chegam a R$ 130 milhões, apesar do início das obras ter sido adiado em função do atraso nas licenças.

Representação ilustrativa simulada em 3D do Terminal de Celulose que a Klabin quer construir no Porto de Paranaguá (Crédito: Divulgação-Klabin)
 

“A licença de instalação só foi obtida em outubro e, agora, nos preparamos para realizar a audiência pública para apresentar o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) com a comunidade do Rocio no dia 3 de março”, informa. Por conta da pandemia, a audiência será em formato híbrido (presencial e on-line). Essa etapa é parte do processo para obter o alvará de construção que, se tudo evoluir, permitirá que as obras tenham início em abril, a fim de que o terminal entre em operação no segundo semestre de 2022.

“Nossas fábricas de Ortigueira e Telêmaco Borba, juntas, devem chegar a uma produção de 3,5 milhões de toneladas e uma parte fundamental desse complexo industrial é o Terminal de Celulose no Porto de Paranaguá para dar vazão à operação e ao fluxo de abastecer e escoar para os mais de 90 países onde nossos produtos estão presentes”, acrescenta. AUnidade de Logística de Papel e Celulose, localizada no KM 5, continuará em atividade. Na época, a unidade foi a saída para mais um adiamento dos planos de se construir o Terminal de Celulose.

Segundo Ávila, a previsão é que os 15 meses de obras para o terminal empreguem 180 pessoas e que a operação em Paranaguá contrate 200 profissionais. “Em parceria com o Sebrae e outros órgão vamos maximizar a empregabilidade da própria região”, assegura