Levantamento revela que 90% da população do Litoral, suscetível à contaminação da febre amarela, está imunizada


Por Redação JB Litoral Publicado 15/07/2020 às 20h30 Atualizado 15/02/2024 às 13h02

Por Andresa Costa

Em meio a pandemia do coronavírus, a COVID-19, outras doenças que podem ser tratadas e que possuem vacinas, disponibilizadas pelo serviço de saúde, podem ficar em segundo plano por parte da população. Pensando nisso, a Secretaria da Saúde do Estado (SESA) decidiu intensificar as campanhas para a imunização das doenças que já constam no calendário vacinal. Para isso, promoveu no dia 6, deste mês, uma videoconferência com a participação das 22 Regionais de Saúde para reforçar a importância dessas ações junto a todos os municípios do Paraná.

A secretaria enviou ofício para todas as regionais apresentando a cobertura vacinal, registrada até o momento, e destacando a necessidade de se atingir a meta de 90% em todas as vacinas do calendário nacional. A dose contra a febre amarela também consta na programação.

De acordo com um levantamento, realizado pelo JB Litoral junto às prefeituras do Litoral, a média de imunização dos habitantes das regiões, onde existe a probabilidade de contágio da doença, é de 90%. Um alto número de doses foram aplicadas após a confirmação que o vírus está circulando na região desde janeiro de 2019. As áreas em que existe a predominância dos macacos que possam portar o vírus são: Antonina, Morretes e Guaraqueçaba.

A Sesa alerta para que, ao encontrar um macaco, dessa espécie morto, é preciso notificar a Secretaria Municipal de Saúde mais próxima da região, para que o animal possa ser analisado e a circulação do vírus acompanhada. Contudo, a secretaria faz um apelo que ninguém maltrate os macacos que encontrar, pois eles não são os responsáveis pela transmissão da doença e a morte intencional deles pode atrapalhar o trabalho de investigação do vírus.

Antonina

Os quatro macacos mortos da espécie bugio-ruivo (Alouatta guariba) encontrados na cidade, no início do ano, deixou o Litoral do Paraná em alerta para uma possível epidemia. Na época, o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen) e a Fiocruz-PR examinaram o material coletado pelos técnicos da Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), na localidade conhecida por Mato Queimado, e confirmaram a existência do vírus no estado.

Macacos encontrados mortos deixou o Litoral do Paraná em alerta para a doença

O órgão de saúde fez um alerta e tomou todas as providências para que o vírus não se espalhasse para outras regiões. Após o ocorrido, Antonina registrou o primeiro caso da doença em humanos no Litoral, o que mobilizou as autoridades de saúde a tomar medidas para proteger a população. De acordo com o secretário Municipal de Saúde, para que não houvesse mais casos da doença, uma campanha foi realizada no município, convocando a população para a importância da imunização. “As pessoas se conscientizaram da gravidade da situação e atenderam ao chamado dos profissionais de saúde. Com isso, conseguimos atingir 90% dos cidadãos de Antonina”, disse Odileno Garcia Toledo, secretário da pasta.

Morretes

O trabalho de imunização dos habitantes na cidade foi intenso. Até o final do ano passado, o município já contabilizava a imunização de 91% da população. De acordo com a secretária Municipal de Saúde, “de janeiro para cá, foram aplicadas 680 doses da vacina em diferentes faixas etárias”, declarou a secretária do órgão, LúciaHissae Shingo.

Outro projeto, realizado pela secretaria, foi a coleta de material retirado dos primatas, no seu ambiente natural, na busca pelo vírus. Os resultados apresentados de epizootia (doenças) foi negativo para a febre amarela.

Guaraqueçaba

A região, onde há grande extensão de mata nativa e de proteção ambiental, também intensificou a vacinação nos postos de saúde de Superagui e Tagaçaba. Além disso, equipes volantes visitaram outras comunidades rurais e marítimas. A meta da prefeitura foi imunizar 100% daquela localidade. Na prática, esse percentual quase foi alcançado.

SINTOMAS

A febre amarela silvestre é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus. É facilmente transmitida por mosquitos do gênero Haemagogos a pessoas não vacinadas e que entram em áreas rurais, matas, rios, parques, reservas ou localidades onde já há casos confirmados da doença.

Os sintomas iniciais são febre alta com início súbito, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômitos, dor no corpo e dor abdominal. Pode ser confundida com outras doenças como leptospirose, gripe ou dengue. Tem uma evolução rápida, em cerca de 10% dos casos, para formas graves com icterícia (amarelão da pele), dor abdominal intensa, sangramentos em sistema digestivo (vômitos ou fezes com sangue), pele ou urina e falência renal. Por isso, a importância de identificar a doença o quanto antes para realizar os cuidados médicos necessários.

VACINE-SE    

Apesar de o alto número de mortes de animais pela febre amarela, até o momento, houve apenas um caso confirmado em humanos. Para evitar a doença, a Sesa pede que a população procure as unidades de saúde da sua cidade e tome a vacina.

As doses são indicadas para crianças a partir dos nove meses, com reforço aos quatro anos, e para adultos até os 59 anos, que tomam apenas uma dose. Quem tiver dúvidas a respeito da imunização, a Sesa recomenda tomar a vacina como precaução. Gestantes, mulheres que amamentam, crianças até nove meses de idade, adultos maiores de 60 anos, pessoas com alergia grave a ovo e imunodeprimidos devem procurar orientação do médico responsável para saber se é possível receber a vacina.