LÍNGUA DE SINAIS


Por Redação JB Litoral Publicado 14/03/2015 Atualizado 14/02/2024

A necessidade de dar comunicação para os surdos fez o abade francês Charles-Michel desenvolver na metade do século XVIII, um sistema de sinais para alfabetizar crianças surdas que serviu de base para o método usado até hoje. Nesta época, as crianças com deficiências auditivas e na fala não eram alfabetizadas. O abade fundou, em 1755, a primeira escola para surdos, ensinando o alfabeto a seus alunos com gestos manuais descrevendo letra por letra. 

O método foi aperfeiçoado ao longo dos séculos nos vários países onde foi adotado e, em 1856, o conde francês Ernest Huet, que era surdo, trouxe ao Brasil a língua de sinais francesa. No ano seguinte, marcado pela tragédia que fez nascer o Dia Internacional da Mulher, era fundada no país a primeira escola para surdos, o Instituto dos Surdos-Mudos, hoje, Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES). No Brasil o sistema é conhecido como Língua Brasileira de Sinais (Libras) e, em 2002, ela foi oficialmente reconhecida e aceita como segunda língua oficial brasileira, através da Lei 10.436/2002. Em 2005, o decreto 5.626/05 regulamentou a Língua Brasileira de Sinais como disciplina curricular e, em 2010, a profissão de tradutor intérprete de Libras foi regulamentada. Hoje é dever do Poder Público garantir acesso e educação para surdos nas escolas regulares de ensino, preservando seu aprendizado e progressão educacional. Em Paranaguá, ainda são poucos os profissionais que atuam como tradutor intérprete, em sua maioria, mulheres. Todavia, o interesse pela profissão vem crescendo entre os jovens devido o seu uso em eventos oficiais, através de tradutoras da língua de sinais.

Resistência dos poderes constituídos

Apesar de a legislação determinar a contratação de tradutores intérpretes da língua e sinais, os poderes constituídos, executivo, legislativo e judiciário, ainda resiste no seu cumprimento. Com isso nas prefeituras, câmaras municipais, assembleias legislativas, tribunais e câmara federais a presença destes profissionais ainda é pequena em relação à demanda.

Na última de quinta-feira (5) na Câmara Municipal o professor de Libras da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar) Ednilson Assenção levantou este problema antes do início da sessão e cobrou a contratação de um tradutor interprete nas sessões legislativas.

Durante o movimento grevista dos profissionais da educação, o plenário da Câmara tem sido ocupado por centenas de professores e professoras e os trabalhos têm sido traduzidos aos surdos pelas
tradutoras intérpretes de língua Gisele Cuch, Caroliny Martins, Laiz Ribeiro, Camilla Leão e Maria Eunice Celestino.

Revezando nas atividades, elas têm se destacado pela forma como trabalham e ainda chamam a atenção pelo fato da tradução não se limitar simplesmente ao movimento das mãos. A emoção incorporada à técnica e aliada à expressão corporal e facial faz com que a tradução chegue bem próximo da arte teatral. Focadas na comunicação, o grande número de pessoas que acompanham em momento algum as deixam tímidas e tampouco compromete o repasse da informação. São as mãos rompendo o silêncio e fazendo a comunicação de quem não ouve, mas vê, sente e se emociona. Trata-se de um mundo onde mãos falam e olhos escutam, onde o corpo dá a nota e o ritmo. Um mundo especial para pessoas especiais.