Editorial: Lugar de mulher em Paranaguá também é na política!


Por Maximilian Santos Publicado 09/03/2020 Atualizado 19/02/2024

Uma coisa que qualquer pessoa que nasceu e viveu em Paranaguá sabe, e que teve uma experiência de vida fora da cidade, é que o machismo é algo estrutural e cultural, totalmente enraizado no nosso hábito. Não sou só eu quem fala isso, os próprios dados e o cenário em Paranaguá comprovam! Agora pare e reflita, caro leitor… pense na nossa Câmara Municipal… quantas mulheres vereadoras nós temos? Pois é. Uma! Isso mesmo, apenas UMA! E nos Portos, quantas diretoras mulheres foram nomeadas? Então, nenhuma. Repito, NENHUMA! Com relação às secretarias municipais, quantas secretárias são mulheres? Bem… são apenas 4… só QUATRO, de 16 secretarias! E se falarmos em prefeita e vice-prefeita, acredito que ainda estamos bem longe disso (diferente de Morretes, Antonina e Guaratuba).

Mas, claro, também precisamos ser justos… infelizmente isso não é algo exclusivo de Paranaguá.

Segundo dados compilados pela Inter-Parliamentary Union – uma associação dos legislativos nacionais de todo o mundo – no Brasil, pouco mais de 10% dos deputados federais são mulheres. Ocupamos o 154º lugar entre 193 países do ranking elaborado pela associação, à frente apenas de alguns países árabes, do Oriente Médio e de ilhas polinésias. Embora as candidaturas femininas tenham crescido nos últimos anos – apenas para atender à nova exigência da lei de 2009 –, o percentual de votos recebidos pelas mulheres caiu no mesmo período. E, como consequência, a parcela de vagas conquistadas por elas, nas câmaras municipais, permaneceu bastante baixa, abaixo de 15%.

Isso significa que, no Brasil, há sete vereadores (homens) para apenas uma vereadora (mulher). Mas Max, o que você quer dizer com isso? Resumindo, a imposição de uma quota de candidatura das mulheres para os partidos políticos não está surtindo efeito! Nos últimos anos, nós votamos menos em mulheres, em um percentual ainda menor que elas conseguiram se eleger.

Ô Max, mas por qual motivo isso? Primeiro que boa parte das candidaturas são apenas pra cumprir a quota obrigatória. As campanhas das mulheres são as que menos ganham investimentos. Isso mesmo!

Os próprios partidos não investem nas candidaturas femininas, mantendo a maior parte do dinheiro das campanhas nas masculinas. Com relação a doações também, as campanhas masculinas são as que mais arrecadam dinheiro. Outro ponto bastante importante é que, apesar de as mulheres representarem 52% do eleitorado na cidade, elas preferem votar em homens. Será que não é por essa falta de representatividade que o desemprego é maior entre as mulheres? Ou que as políticas públicas ainda são limitadas para elas? Que por essa falta de expressão, a cidade ficou muito tempo sem uma mastologista? Que os feminicídios cresceram 47,7% em um ano no estado?

Para a eleição municipal deste ano, acreditamos que isso vai mudar. Novos nomes, de mulheres fortes e guerreiras, se colocam como possíveis pré-candidatas para o Palácio Carijó. É o caso de Josi Isaias, vice-presidente do Conselho da Mulher; de Janete Passos, que comanda o Sindicato dos Servidores Municipais de Paranaguá; de Mirian Mathias, da Associação de Moradores da Ilha dos Valadares; de Marcia Garcia, comandante da Guarda Municipal de Paranaguá; de Carla Slongo, importante e conhecida psicóloga, e de tantas outras.

Neste Dia Internacional das Mulheres queremos que o machismo seja combatido todos os dias, nas mais diferentes áreas. Que mais mulheres possam concorrer aos cargos políticos, que nossos candidatos ao Palácio São José pensem com muito carinho, em possíveis nomes de mulheres da nossa cidade para o cargo de vice. Que os partidos possam indicar mulheres para a prefeitura. Que possamos também eleger novas e mais mulheres na Câmara… pois… lugar de mulher em Paranaguá é onde ela quiser… inclusive e, principalmente,… na nossa machista e limitada POLÍTICA!