Mergulhe no universo das cooperativas, que tanto impactam a economia de Paranaguá


Por Katia Brembatti Publicado 31/08/2021 às 22h45 Atualizado 16/02/2024 às 11h57

O Litoral paranaense não tem na agropecuária o seu principal foco – com a exceção de alguns cultivos, como a banana –, mas acaba sendo influenciado diretamente pela produção que vem de outras partes do estado, do país e até de nações vizinhas. Por isso, é muito importante entender como esse setor se organiza, a conjuntura do momento e as tendências futuras, pois uma eventual retração impactaria a área portuária e toda a cadeia dependente dessa movimentação e a atual expansão pode representar novos negócios locais. 

No Paraná, uma das principais características agropecuárias é a presença forte de cooperativas – que são responsáveis por 65% da produção de grãos e 45% de carnes e lácteos do estado. A entidade que representa o setor é a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Vale destacar que a instituição reúne 217 cooperativas, de todos os ramos, como de saúde, de crédito, de trabalho. As de agro são 59, mas faturaram em 2020 R$ 100 bilhões dos R$ 120 bilhões de todas as cooperativas.

As cooperativas de produção agropecuária reúnem 150 mil dos 315 mil produtores rurais do Paraná e concentram 95 mil funcionários. Além das estruturas de armazenagem, também se destacam por ter 120 unidades industriais, que agregam valor à matéria-prima, transformando soja em óleo, por exemplo.

Comércio exterior

O setor agropecuário brasileiro exportou 100 bilhões de dólares em 2020 – desses, 13,3 bilhões pelo Paraná, sendo 4,4 bilhões de dólares pelas cooperativas. Ou seja, da área de produção agrícola e pecuária do Brasil, de cada 100 dólares exportados, 13 foram pelo Paraná, e desses 4,4 dólares por cooperativas do estado. Aqui vale dois destaques: o crescimento da exportação de peixe, principalmente tilápia, e o fato de que grande volume dos grãos produzidos pelas cooperativas do Paraná fica no Brasil, para consumo interno.

Embora uma grande parte do que é mandado para o exterior seja de grãos, o perfil das cooperativas paranaenses apresenta a carne de frango como produto enviado a outros países com maior receita, com 37%. Os Emirados Árabes são o principal comprador da carne de frango exportada pelas corporativas paranaenses. Em segundo lugar, entre a arrecadação dos produtos, está a soja, com 25%, e em terceiro o farelo de soja, com 18%.

Como funciona uma cooperativa

O sistema cooperativo é uma forma de união de forças com objetivos comuns, comenta Maiko Zanella, analista da gerência de Desenvolvimento Técnico da Ocepar. Ele destaca que o formato permite que pequenos produtores rurais, mesmo com poucos hectares, consigam uma participação significativa no mercado. Na prática, é uma estratégia para reduzir custos na compra de insumos e ter poder de negociação na venda de produtos, ganhando escala por aumentar os volumes comercializados. Outro benefício direto para os cooperados é a assistência técnica, com 2 mil engenheiros agrônomos, além de cerca de 25 campos de testes experimentais no Paraná.

O modelo paranaense é baseado no sistema alemão e oferece uma série de vantagens, como estrutura de armazenamento, poupando os produtores de terem de fazer grandes investimentos. E quando as matérias-primas são processadas nas indústrias das cooperativas, os produtores recebem uma parcela desse valor agregado. Quando a eficiência operacional representa queda nos custos, as sobras são divididas entre os cooperados, proporcionalmente à participação de cada um. No ano passado, foram R$ 4,5 bilhões.