Moradores da Ilha do Mel não querem a reabertura ao Turismo no dia 15


Por Redação JB Litoral Publicado 04/08/2020 Atualizado 15/02/2024
ilha do mel

Diante do anúncio da reabertura da Ilha do Mel aos turistas no dia 15 de agosto, por conta de um acordo firmado entre a Prefeitura de Paranaguá e o Governo do Estado, moradores da região manifestaram sua posição contrária a medida e abriram abaixo-assinado buscando apoio popular nas redes sociais.

Neste acordo, estabelecido entre a prefeitura de Paranaguá e do Governo do Estado, representantes da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), do Instituto Água e Terra (IAT) e da Secretaria Municipal da Agricultura e Pesca (Semapa), um dos principais pontos de visitação do Paraná estaria apto a voltar a recepcionar turistas afastados desde o dia 21 de março.

Em conformidade com o decreto estadual há cinco meses, apenas moradores podem entrar e sair da localidade sem as restrições impostas pelo documento.

A Notícia foi divulgada no sábado (01) na imprensa estadual e pegou a comunidade de surpresa. De acordo com o morador Flávio Pitanga Damasceno, da região de Encantadas, não houve nenhuma consulta prévia ou decreto por parte da administração municipal, ou estadual sobre a decisão, da qual a comunidade quer participar.

“A Ilha do Mel é um dos únicos locais do mundo que não há casos da Covid-19, além do abaixo-assinado contar com mais de 500 assinaturas de pessoas das comunidades da Ilha do Mel, o documento também tem o objetivo de esclarecer que grande parte dos moradores de Encantadas não está de acordo com a abertura do local para o turismo nesta data”, disse.

Na noite desta segunda-feira (03), uma reunião, em Encantadas, reuniu moradores insatisfeitos com a decisão. Neste encontro, a comunidade elaborou um documento endereçado às secretarias de saúde municipal e estadual, ao Ministério Público Estadual e Federal, e à imprensa para que auxiliem no adiamento da data.

Outra reivindicação dos habitantes é com relação a estrutura do Posto de Saúde da região, que conforme Flávio, não é adequada ao atendimento dos pacientes com suspeita ou mesmo com a confirmação da Covid-19. “Se já há falta de medicamentos e insumos hospitalares nos grandes centros, deduzimos que a mesma situação deve ocorrer na Ilha”, declarou o morador.

Embora seja uma área ampla e aberta, os habitantes sabem que as pessoas expostas à infecção são aquelas que moram nas vilas e que atendem ao turismo. E querem um controle mais rígido exigido de entrada e saída dos não moradores. “Precisa ser mais controlado, assim como a fiscalização das normas de higiene dos moradores que se deslocam até o continente”, afirmou Flávio. 

ADIAMENTO DA ABERTURA

A Associação dos Nativos da Ilha do Mel (Animpo), de Nova Brasília, também está se organizando para que a data de abertura seja adiada. Segundo o secretário da Animpo Felipe Andrews “Não está nada definido para a abertura da Ilha para o dia 15 de agosto. Quem vai decidir quando vai ser aberto a Ilha do Mel será seus moradores, e não estado e município. Já estamos nos organizando para ver uma melhor data para a abertura”, resumiu Felipe.

A redação do JB Litoral entrou em contato com a Prefeitura de Paranaguá sobre a atual situação. Contudo, a Secretaria Municipal de Comunicação Social (Secom) informou que realizou algumas reuniões na tarde desta terça-feira (04), sobre o assunto e que as decisões serão repassadas à imprensa nesta quarta-feira (05), pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secultur).

TRAPICHE

De acordo com os moradores, o trapiche de Encantadas não possui atualmente condições de receber o turismo, pois ainda está em reforma. A estrutura passou por um longo processo até que finalmente pudesse ser reconstruída. A expectativa é que fique pronta até o final de novembro.

As obras de reparo no trapiche de Nova Brasília e Encantadas foram autorizadas pelo Governo Estadual em agosto do ano passado, após uma série de problemas na estrutura e vários apelos da comunidade. Em 2018, a estrutura da Praia de Encantadas chegou a despencar quatro vezes num curto período, chegando a ser interditada pela Capitania dos Portos do Estado do Paraná.

Já na Praia de Nova Brasília, o trapiche ganhou repercussão em agosto do ano passado, na imprensa, quando a estrutura ficou completamente embaixo d’água mesmo após a reforma. Moradores chegaram a pedir a interdição da passagem ao Ministério Público do Paraná (MPPR) pelos riscos que poderiam provocar aos habitantes e turistas. A Marinha do Brasil também interditou parcialmente estrutura em fevereiro deste ano, mas pouca coisa foi resolvida. No último mês de maio, houve um novo desabamento.

SEDEST E IAT

Procurados a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) e o Instituto Água e Terra (IAT) informam que após reunião, na sexta-feira (31), organizada pela prefeitura ficou definido que serão instalados barreiras sanitárias no acesso aos terminais de embarque para a Ilha do Mel em Pontal do Paraná e Paranaguá, além da fiscalização nos trapiches da Ilha conferindo a apresentação de carteirinha de residente ou o comprovante de recolhimento de taxa de embarque, todas essas ações ficarão sob a responsabilidade de cada município.

O órgão informou ainda que irá ofertar por meio da Paraná Turismo, em parceria com o SEBRAE, a capacitação dos comerciantes em relação aos protocolos de segurança sanitária e social, e a prefeitura, fará ao mesmo com os profissionais de saúde. Com relação às obras do trapiche elas prosseguem e a previsão de conclusão é para novembro.

Confira o abaixo-assinado dos moradores (aqui)