Moradores do Mirim pedem socorro: “a falta de água é frequente”, dizem; vereador quer criar comissão para levar assunto ao Governo do Estado


Por Luiza Rampelotti Publicado 18/05/2022 Atualizado 17/02/2024

Na última semana (9), o vereador de Guaratuba, Ademir da Silva (União), mais conhecido como Ademir da Balsa, trouxe à Câmara Municipal o problema da falta de água frequente nas casas do bairro Mirim. Segundo ele, no domingo (1), houve a interrupção do fornecimento, que só retornou na quinta-feira (5).

Isso aconteceu na rua Rocha Pombo. Foram quatro dias sem água, cobrando a Sanepar. Os moradores do Mirim são pessoas humildes, quero ver se nesse mês eles terão o desconto por esses quatro dias. As pessoas tendo que ir trabalhar, crianças tendo que ir para a escola. Isso foi um descaso total com a população que merece um pouco de dignidade”, disse.

Ao JB Litoral, Ademir afirmou que a falta de água é recorrente e que frequentemente recebe reclamações dos moradores em seu gabinete. “Eles vêm nos perguntar o que está acontecendo, querem entender o motivo, vou procurar saber, mas não tenho respostas da Sanepar”, diz.

A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) oferece os serviços públicos de saneamento básico em Guaratuba e distribui água potável. O vereador afirma que a Câmara já protocolou diversos ofícios solicitando a presença de um representante da empresa na Casa de Leis, com o intuito de explicar a situação à população, mas nunca foram atendidos.

Vereador diz que Sanepar não dá explicações


A Câmara já mandou ofícios para eles virem se explicar e até agora nada, nem responderam”, afirma. Por isso, a intenção de Ademir da Balsa é criar uma comissão para reunir outros vereadores e, então, irem em busca de respostas na sede do Governo do Estado, em Curitiba.

Vamos a Curitiba para procurar o governo estadual e encontrar os meios cabíveis para sanar esse problema. Queremos criar uma comissão para nos aprofundarmos nessa questão e repassarmos as informações para o povo, porque a população quer saber o motivo dessa falta de água frequente. Eu, como vereador, não vou ficar de braços cruzados. Vamos trabalhar em cima disso e ir em busca de respostas”, afirma.

Ele conta que, além da falta de água, quando ela retorna às casas, chega muito suja de barro ou com muito cloro. Conforme o vereador, esse é um dos motivos para tantos casos de diarreia e vômito entre as crianças da cidade. “Quem sofre mais são as crianças. E a saúde do município acaba tendo mais demanda, porque se tivesse uma água limpa, de qualidade, não haveria esses problemas de saúde”, diz.  

O vereador Ademir da Balsa diz que quer criar uma comissão com todos os outros parlamentares para levar o assunto ao governador. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

“Por que sofremos essa desigualdade?”, questiona morador


O JB Litoral também falou com o morador Marcos Roberto, que reside no Mirim há seis anos. Segundo ele, isso acontece a cada três dias e, no verão, a situação é ainda pior. “No verão, falta água no nosso bairro para fornecer ao centro, onde estão os banhistas e turistas. Mas o valor que pagamos dos impostos é o mesmo valor que os banhistas e proprietários de imóveis, que alugam a casa na temporada, pagam. Porém, nós é que sofremos com essa desigualdade”, comenta.

Em sua opinião, isso acontece porque o Mirim é o último bairro da cidade, onde residem moradores mais humildes. De acordo com ele, a última vez que faltou água, no domingo (1), foram quatro dias com o fornecimento totalmente interrompido – nem pela madrugada retornou.

O morador Marcos Roberto diz que, a cada três dias, falta água no bairro. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

Por que essa desigualdade? Só porque é uma comunidade humilde? A cada três dias falta água no bairro, mas moramos em área regularizada. Precisamos dela para tomar banho, nos alimentarmos e suprirmos as necessidades da nossa família”, desabafa.

Valdirene Correia, moradora na rua Miguel Jamur – mesmo bairro – há mais de 10 anos, também confirma a situação. “Isso ocorre quase todos os dias. Perguntamos para a Sanepar e ela diz que o abastecimento está normal. É algo frequente”, afirma.

Ela ainda conta que, quando a água retorna, vem com sujeira, terra e lama. “A areia entope todos os canos. Estávamos tomando água suja, além do cheiro forte de cloro. Há mais de 10 anos é a mesma situação, principalmente na temporada de verão. Precisamos de uma solução urgente, mas não há ninguém que nos socorra. Um joga para o outro, porém o talão vem e, se não houver o pagamento, eles cortam”, diz.

Sanepar diz que desabastecimento foi provocado por vazamento


Procurada pelo JB Litoral, a Sanepar afirmou que o motivo da falta d’água no início do mês foi ocasionada por um vazamento. “Em relação à falta d’água no bairro Mirim, assim que recebeu as primeiras reclamações na região, a Sanepar começou a investigar a existência de vazamentos, uma vez que a produção e a reserva de água estavam normais. No entanto, a localização do ponto exato do vazamento foi mais difícil porque, como havia chovido muito, a água da chuva se misturava com a do vazamento. A Sanepar fez coletas e análises em vários pontos até encontrar presença de cloro que indicava, então, que era água da Sanepar e não da chuva. Assim que localizado, na rua Rocha Pombo x rua Guarás, foi feito o conserto imediatamente e o abastecimento foi normalizado”, afirma.

Além disso, a empresa informou que realizou manobras na rede para mandar mais água à região afetada, mesmo que com pressão mais baixa.

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