Moradores impedem Secretaria de Obras de ocupar e cercar área com madeira nativa


Por Redação JB Litoral Publicado 09/06/2017 às 09h00 Atualizado 14/02/2024 às 18h43

No encerramento das atividades do Departamento de Jornalismo do Jornal dos Bairros, na sexta-feira (02), uma série de vídeos enviados ao WhatsApp do JB, trouxe uma grave denúncia, dando conta da intenção da Prefeitura de Paranaguá, por meio da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SEMOP), em ocupar uma área comprada por moradores na região central do Bairro de Alexandra.

A ação foi filmada por celulares dos proprietários do terreno, que foram surpreendidos com a chegada de diversos servidores da SEMOP e do Diretor do Departamento de Manutenção Urbana, Alcides da Silva. Usando um ônibus da prefeitura, a equipe despejou no lote uma grande quantidade de diferentes tipos de troncos que, segundo os moradores, eram de madeiras nativas.

A intenção, pelo que disse o Diretor da SEMOP e os servidores, era de cercar a área e usá-la para guardar equipamentos e máquinas da prefeitura. Alcides Silva disse que a área é da prefeitura que pretende fazer um pátio no local. Questionado pelos moradores a respeito de quererem usar madeira nativa para fazer a cerca, o Diretor admitiu terem sido eles mesmos que pegaram os troncos numa localidade em Alexandra. Irritados com a afirmação os moradores disseram que denunciariam o caso para a Polícia Florestal. Um dos moradores, mostrando conhecimento da vegetação da região, observou que no amontoado de troncos, havia madeira de Mucuva, Canelinha, Jacatirão, Jacarandá, Guanandi, troncos que, em sua avaliação, custam entre R$ 80 a R$ 500 cada.
 

Equipe da SEMOP veio de ônibus fazer a cerca.

Na discussão os moradores alegaram que irão construir suas casas no local e só não o fizeram pela dificuldade de fazer com que o caminhão entre na área, em razão de uma enorme valeta existente no acesso ao terreno. Disseram que foram eles próprios que limparam toda a área. Segundo apurou a reportagem, a área que fica na Rua Antônio Miotto, atrás da Igreja Deus é Amor, pertencia ao morador Edevaldo da Veiga, que vendeu a posse para seis moradores do bairro. Ele permaneceu no lote por mais de 30 anos. Apesar do grande número de servidores que vieram para ocupar e cercar a área, os moradores não se deixaram intimidar e impediram que a cerca fosse feita. Sem alternativa, os servidores deixaram a área com a promessa de voltar no período da tarde, o que não aconteceu.

 

IAP e SEMOP

 

Nesta semana, a reportagem do JB vai procurar o Secretário e Vice-prefeito, Arnaldo de Sá Maranhão Junior (PSB), para saber a versão dos fatos desta situação. Também irá procurar o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para verificar a respeito do corte destas madeiras, supostamente tidas como nativas e que podem ter sido cortadas pela prefeitura municipal.

Vale lembrar que o corte de madeira nativa, sem autorização da prefeitura e dos órgãos ambientais, é crime previsto na legislação, municipal, estadual e federal.