MPPR denuncia prefeitura de Guaraqueçaba pela falta de água potável na Ilha das Peças


Por Redação JB Litoral Publicado 18/12/2016 às 10h51 Atualizado 14/02/2024 às 17h21

Moradora postou na rede social como esta a água na Ilha das Peças. Foto/Divulgação

No último mês, denúncias nas redes sociais apontando a falta de água potável para centenas de moradores da Ilha das Peças, geraram por parte do Ministério Público do Paraná (MPPR) uma Recomendação Administrativa cobrando providências da gestão da Prefeita Lilian Ramos Narloch (PSDB) para solucionar o problema. Apesar disto, o município repassou a responsabilidade desta situação para a Sanepar, empresa do Governador do Paraná, gerando conflito entre poderes, enquanto os moradores ficam sem solução para o seu problema: o acesso à água potável. Por conta desta situação, moradores estão investindo em poços artesianos, o que pode causar doenças em crianças e idosos.

De acordo com a moradora de Guaraqueçaba, Luciane Teixeira, a denúncia em torno de falta de água na Ilha das Peças está repercutindo em toda a comunidade.
 

“Os moradores da Ilha das Peças estão com problema de falta de água, bem como concessão de uma água barrenta na rede. Os cidadãos destacam que a Sanepar já possui os encanamentos prontos em Guaraqueçaba para construir a rede, porém, segundo alguns funcionários da empresa pública, a Prefeitura não estaria cumprindo com sua parte que era de transportar o material até a ilha, bem como ceder funcionários do município e alguns recursos para conclusão da obra”, explica.
 

Um dos motivos das obras paradas na rede de abastecimento de água da Sanepar seria o fato de a prefeita estar em final de gestão, visto que foi derrotada pelo candidato a prefeito Riad Said Zahoui.

O início das denúncias em torno da situação ocorreu no começo de novembro, quando a moradora Mary Pires, que reside na Ilha das Peças, compartilhou um vídeo demonstrando uma de suas vizinhas, denominada como “senhora Nara”, onde a mesma está furando um poço para conseguir água para a sua família. “Com a indignação total de uma moradora da Ilha das Peças que se propôs a mandar este vídeo, visto que não aguenta mais o descaso. Isto não ocorre só com ela, inúmeras pessoas estão passando pela mesma situação, nós aqui de casa também. A senhora Nara mandou-me publicar o vídeo com a autorização dela para mostrarmos nossa indignação com a falta de água que nós estamos passando”, completa Luciane Teixeira.
 

O vídeo na rede social

Deixo bem claro que não postei este vídeo para me promover com a desgraça alheia, sendo que passamos os piores dias de nossas vidas essas semanas desde as enchentes. Perdemos algumas coisas de valor, mas vamos seguindo em frente como Deus quer”, completa Mary Pires. (clique para ver o vídeo).

Segundo a senhora Nara, houve a necessidade de moradores furarem poços para conseguir água na Ilha das Peças, inclusive algumas em áreas próximas às fossas da localidade, enfrentando butucas e apenas conseguindo obter água salgada, algo que causa risco à saúde de idosos e crianças do local. O vídeo da denúncia teve mais de 4.000 visualizações.

Segundo os moradores, um dos fatos que causaram a falta de água e o comprometimento da rede foram as enchentes ocorridas em todo o litoral no início de novembro. “Estamos recebendo água em doações agora, mas não é o suficiente para toda a comunidade. Precisamos de água para tomar, para fazer comida, só que agora nem isto temos”, destaca Mary, ressaltando que a qualidade da água repassada pelo Poder Público e a do poço são péssimas.

 

Prefeitura culpa SANEPAR

Por meio da Recomendação Administrativa 14/2016, a 2ª Promotoria de Justiça de Antonina do MPPR, no dia 20 de novembro, cobrou oficialmente a Prefeitura e a Sanepar quanto à “ausência de execução de obras necessárias para o abastecimento e distribuição de água potável na Ilha das Peças”. No final do mês passado, a recomendação ajuizada tornou-se oficialmente um inquérito civil, devido à gravidade do caso.

No ofício 22/2016, apreciado pela prefeitura, 15 dias depois de vencido o prazo estabelecido pelo MPPR, a prefeitura jogou a responsabilidade da solução do problema para a Sanepar. Destacou ainda que a Sanepar seria, supostamente, a “única responsável” pela elaboração do projeto técnico de engenharia para as melhorias do abastecimento de água segundo o termo aditivo ao contrato do programa sob o número 101/2014.

O processo ainda está em andamento junto ao MPPR e Justiça Estadual. O JB analisará o posicionamento da Sanepar quanto ao caso junto à Promotoria.