Mudança no altar do Santuário do Rocio causa estranheza aos devotos


Por Redação JB Litoral Publicado 17/06/2020 Atualizado 15/02/2024


Há algumas semanas, fiéis do Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio, Padroeira do Paraná, observaram uma grande mudança no altar da igreja. Mais colorido e moderno, ele tem sido alvo de críticas daqueles que acreditam que a alteração não deveria ter ocorrido, por se tratar de um prédio centenário.

Para o devoto Cleverson Vecchione, que congrega no Santuário desde o seu nascimento, há 40 anos, as alterações estruturais deveriam ter passado pela aprovação da comunidade. “Os mais conservadores acreditam que qualquer mudança na configuração de um imóvel ‘histórico’, apesar de ainda não ser tombado, deve passar por uma breve consulta pública e atender a critérios técnicos. É lamentável que um prédio e uma região de tamanha relevância cultural, histórica e econômica para a cidade e para o Estado seja desconfigurado, descaracterizado, sem profunda consulta técnica e/ou popular. Realmente, isso enfraquece a luta pela preservação do Santuário em seu local de origem”, comenta.

Assim como ele, diversos outros fiéis têm a mesma opinião e, em uma publicação nas redes sociais, referente à alteração no altar, mostram sua desaprovação. Celso Luiz Johnsson, por exemplo, comenta que “tudo o que se faz de modificação em uma igreja tem que consultar o povo. A igreja não é do padre e nem do bispo, ela é do povo. Quem faz a igreja ir para a frente é o dízimo que pagamos, por isso existe comunidade”, diz.

Obras de manutenção na igreja

O JB Litoral procurou o reitor do Santuário, padre Dirson Gonçalves, para esclarecer as reformas que vêm acontecendo na igreja. Ele explica que o prédio completou 100 anos no último dia 30 e, devido à idade, necessita de manutenção constante. “Várias obras são urgentes. A igreja tem infiltração, quando chove traz grandes transtornos como goteiras e infiltração de água pelas paredes. É preciso trocar e aumentar a largura das calhas que conduzem as águas da chuva”, conta.

O padre fala a respeito das demais obras realizadas. Em 2019, por exemplo, toda a fiação da igreja foi trocada devido à idade dos fios, que já estavam comprometidos. E ainda existem melhorias a serem promovidas. “A iluminação interna e externa precisa ser melhorada para aumentar o conforto das pessoas que visitam e celebram ali. Na parte externa, é necessária uma iluminação que valorize a beleza da igreja e estejam em harmonia com a praça e o entorno. Além disso, no verão, o calor é intenso, e temos um estudo em andamento para colocar um sistema de refrigeração”, informa.

Ele também revela que o sino do Santuário não passa por manutenção há décadas e, por isso, está em desuso, uma vez que precisa de reformas tanto no próprio sino, quanto na estrutura que o sustenta. “A pintura interna e externa também necessita de manutenção constante, pois a maresia vai corroendo a beleza das cores e criando uma aparência que não deixa a igreja com a beleza que ela merece”, diz.

Pintura do altar

Nesse contexto, está incluído o cuidado com o presbitério da igreja – local onde ficam o altar, o sacrário e outros espaços. Padre Dirson afirma que depois de ouvir os bispos das 18 dioceses do Paraná, os Missionários Redentoristas, o Bispo de Paranaguá, Dom Edmar Peron, e vários artistas sacros, resolveu-se por fazer algumas alterações na área, “de modo a torná-la mais liturgicamente correta e harmoniosa, dentro daquilo que a Igreja Católica ensina no mundo inteiro”.

Estamos em um Santuário Estadual, que deve ser referência para o Estado todo (e para o mundo) em termos de beleza arquitetônica, boa definição dos espaços litúrgicos e sintonia com o que a Igreja ensina. Dentro disso, foram redefinidos os espaços do presbitério (…)”, explica o padre.

A respeito das mudanças na pintura do altar, que antes tinha a imagem de Nossa Senhora do Rocio no ponto central, ele afirma que a Igreja Católica ensina que “o centro da Igreja é Jesus Cristo e, embora Nossa Senhora seja a Padroeira e dê nome ao Santuário, o centro continua sendo Jesus Cristo”. “Os bispos e nós resolvemos essa pendência teológica fazendo um desenho do Pantocrator – representação de Jesus, com a mão direita em posição de benção – porque Ele, sendo o centro, é quem abençoa todos os que entram naquele templo. A Igreja ensina também que foi Ele quem nos deu sua Mãe (Nossa Senhora) como nossa Mãe. Quem não entende isso, não entende de Cristianismo nem de Igreja Católica. Portanto, no coração da pintura do Pantocrator está o trono onde fica a imagem de Nossa Senhora do Rocio”, esclarece.

O padre Dirson conta, também, que existem outros vários projetos de manutenção que já deveriam estar em andamento, mas, em virtude da pandemia, estão parados. “Nossa intenção é continuar a melhorar cada vez mais o Santuário Estadual e seu entorno, para que, além de se tornar o centro da fé de todos os devotos de Nossa Senhora do Rocio, seja um lugar que alegre os olhos e o coração de todos que por aqui passarem”, afirma.

Todas as obras da igreja são realizadas graças à colaboração dos devotos.