Três famílias que residem em uma travessa, cujas casas fazem divisa com um muro de uma área da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), viveram momentos de tensão e medo, durante as fortes chuvas que castigaram Paranaguá e o litoral na madrugada de quarta (11) para quinta-feira (12).
Um vídeo postado nas redes sociais mostrou um intenso vazamento de água no buraco do muro de concreto que o separa de uma das casas em madeira. A força da água era tamanha que alagou parte da casa e gerou transtornos e prejuízo para a família. Ainda durante a madrugada, os moradores tiveram que improvisar uma valeta para fazer o escoamento das águas da chuva que vazaram pelo buraco no muro.
Na casa ao lado, a parede é praticamente colada ao muro da APPA e a vazão da água também avançou para o interior da mesma e o alagamento chegou em uma altura de 30 centímetros. No dia seguinte, a família contratou um pedreiro que fez uma rede de drenagem, abaixo do piso, para que a água fosse escoada.
Da mesma forma, na primeira casa os moradores sentiram o impacto das águas e o risco de conviver ao lado do muro de propriedade da estatal portuária.
A reportagem do JB esteve nas três residências e tomou conhecimento de que o problema passou a existir após a construção do muro que cerca a área onde funcionava o Entreposto do Paraguai. Ocorre que, com o fim da cessão do imóvel ao país vizinho, a APPA demoliu os armazéns que eram usados pelo Entreposto e tem usado a área como depósito de entulhos, aterro, blokrets, ferragens e materiais que são frutos das demolições e limpeza do solo.
Este acúmulo de material e aterro alcançou uma elevada estrutura e a areia é contida apenas pelo muro, fazendo pressão sobre ele. Com as fortes chuvas da semana passada, a situação piorou e, sem ter nenhuma rede de drenagem na área, as casas vizinhas se tornaram alvos do escoamento das águas.
Moradora mostra a altura onde a água avançou. Foto/JB
O buraco no muro que aparece jorrando água vinda da área da APPA possui um diâmetro de 30 centímetros de comprimento e 10 centímetros de largura.
Preocupados com suas residências os moradores tiveram uma reunião com a APPA que informou que o aterro acumulado servirá para fazer a base de um estacionamento, o qual será construído pela estatal. Entretanto, no mesmo dia da reunião, uma equipe esteve na área e improvisou uma valeta para escoamento da água, o que minimizou o problema dos moradores. Porém, se trata de uma solução alternativa e as famílias temem pelas próximas chuvas.
Nesta semana, o JB irá procurar a APPA para ver quais providências ainda poderão ser tomadas para se evitar possíveis fatalidades.