Ministério Público investiga denúncia de irregularidades em diárias pagas a vereadores de Guaraqueçaba


Por Flávia Barros
Câmara de Guaraqueçaba

MPPR instaurou uma Notícia de Fato para apurar as irregularidades denunciadas em relação ao pagamento de diárias pela Câmara de Guaraqueçaba. Foto: JB Litoral

Câmara de Guaraqueçaba

Vinte e quatro mil, quatrocentos e dezessete reais e cinquenta centavos (R$ 24.417,50). Esse foi o valor pago em diárias a seis vereadores de Guaraqueçaba, entre eles a presidente da Casa, para viagens a Curitiba, Morretes e Paranaguá, entre os dias 23 de janeiro e 16 de fevereiro de 2023, período em que a Câmara estava em recesso (03/01 a 28/02) e não poderia, por lei, pagar diárias por ser fora do período em que há atividades parlamentares. Esse é o teor da denúncia recebida e acatada pelo Ministério Público do Paraná, por meio da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Antonina, que instaurou uma Notícia de Fato (nº 0006.23.000201-3). O procedimento está em andamento e pode ser convertido em Inquérito Civil.

Por que é irregular?


A Constituição da República, de 1988, prevê atividade legislativa no período de recesso tão somente quando há urgência, a exemplo de apreciação para decretar o estado de sítio e instituir o estado de defesa, a nível federal, e o caráter emergencial deve ser seguido por estados e municípios.

Além disso, a Emenda Constitucional nº 50, de 2006, reforça que o trabalho legislativo, durante o período de recesso parlamentar, é excepcional. Ela foi aprovada para coibir inúmeras convocações extraordinárias feitas em período de recesso parlamentar, sem que estivesse presente a urgência da convocação, o que acarretava onerosas remunerações extras.

As diárias


Receberam as diárias toda a mesa diretora da Câmara de Guaraqueçaba: a presidente, Luciane Teixeira Pereira (PSD), foi a que recebeu a maior quantidade, com cinco diárias; o vice-presidente, Marcos Vinícius Dias (MDB), com três diárias; o 1º secretário, Julhardy Costa de Arruda (PROS), com quatro diárias; 2º secretário, Gustavo de Oliveira Xavier (PTB), com quatro diárias; e os vereadores Júlio dos Santos Batista (PSB), com três, e Nair de Siqueira (MDB), com uma diária. Ademais, fora os parlamentares, durante o recesso também receberam diárias os servidores que ocupam cargos de auxiliar de serviços gerais, auxiliar administrativo, diretor comercial, diretora administrativa, controlador interno e técnico em contabilidade.

Seis dos nove vereadores receberam diárias no período de recesso parlamentar; incluindo os quatro da mesa diretora. Foto: Reprodução/Arquivo Câmara de Guaraqueçaba
Outros dois parlamentares que não fazem parte da Mesa, mais seis servidores, também receberam diárias. No total, R$ 24.417,50 foram pagos durante recesso parlamentar. Foto: Reprodução/Arquivo/Câmara de Guaraqueçaba

O que defende e pede a denúncia


De acordo com a denúncia que motivou a instauração da Notícia de Fato, receber as diárias no período do recesso pode incorrer em alguns dos seguintes crimes:

Com isso, a denúncia pede que seja aberto procedimento investigativo sobre as diárias (o que foi acatado). Se comprovadas as irregularidades, será tomada ação para a devolução dos recursos, além da aplicação dos demais procedimentos previstos na legislação vigente.

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