O que a atualização do PDZ do Porto de Paranaguá pode mudar na vida do parnanguara


Por Redação Publicado 22/06/2021 às 18h38 Atualizado 16/02/2024 às 05h55

Por Marinna Protasiewytch

A zona portuária exige um certo conhecimento do processo realizado pelo porto de Paranaguá. A empresa pública, uma das maiores da cidade, emprega mais de 4 mil pessoas em sua operação e, nos próximos meses, passa por uma revisão no seu Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ). Desenvolvido em 2012 pela Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC) e o Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), foi adequado em 2014 e, a partir de agora, o estudo é adequado a cada dois anos.

Da mesma forma que o Plano Diretor do município, que regulamenta os usos das áreas portuárias definindo suas vocações, o PDZ traz recomendações institucionais, operacionais, de interação porto/cidade e alternativas de expansão.

A empresa contratada para fazer essa análise detalhada, da área portuária, foi a Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL), que é uma instituição pública do Brasil, vinculada ao Ministério da Infraestrutura. “Alocamos uma equipe técnica especializada para adequar o PDZ a um formato mais objetivo, atualizando o planejamento às necessidades dos portos. O novo PDZ será elaborado dentro das normas do novo marco legal, que estabelece as diretrizes que balizam o setor portuário na elaboração de seus instrumentos de planejamento”, detalhou o pelo diretor-presidente da EPL, Arthur Lima.

Em entrevista ao JB Litoral, Rossano Reolon, gerente de Arrendamentos da Portos do Paraná, contou o que pode mudar com a revisão do PDZ. “A portaria deste ano trouxe algumas inovações. O PDZ é um instrumento de planejamento da autoridade local e do porto. Isso facilita a exploração das áreas pelo gestor, porque esse estudo já deixa previsto as áreas e suas segregações. Como tem que operar e de que forma elas vão operar e vão ser exploradas”, detalhou.


Zoneamento do Porto de Paranaguá adotado em 2014 conforme PDZ da época (foto: APPA)

O que está por vir?

A faixa de principal enfoque dos estudos será a do cais, que possui aproximadamente 3,5 km. No entanto, a revisão do documento pode apontar algumas alterações nos setores. Há a previsão de abertura de um novo terminal de gás e também mudanças que podem acarretar na eficiência de conter os resíduos portuários que advêm de caminhões que transportam as cargas. Por isso, a importância de o PDZ estar em sintonia com os planos diretores municipais e estaduais, a exemplo do Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS), o Eixo intermodal estadual e outros.

Diretor-presidente da EPL, Arthur Lima, explicou parte do processo do PDZ de Paranaguá

Subcontratada pela EPL, a Envex é a responsável pela parte de georreferenciamento do porto e pode diagnosticar alguns pontos cruciais neste novo plano. “A Envex vem com caráter de verificar, fazer um novo georreferenciamento, bases novas e, principalmente, esclarecer alguma delimitação de área que esteja interferindo com o plano diretor do município e, tudo isso, após coletado, também, vai ser encaminhado ao Ministério da Infraestrutura, para que a Poligonal do Porto seja melhor adaptada”, destacou Rossano.

Nesse caso, se encontra um problema apontado pelo JB Litoral, onde o colégio Estadual Estados Unidos da América (EUA), está há alguns metros de uma empresa portuária. A entrada e saída de caminhões gera transtornos, o que, segundo o gestor do Porto, pode ser resolvido após as análises feitas pela revisão do PDZ.

“As atualizações periódicas dos PDZs procuram manter o planejamento portuário aderente à dinâmica do setor, buscando maior eficiência das operações portuárias para promoção do desenvolvimento do porto. Aspectos importantes, como a melhora constante das relações porto-cidade, adequação dos acessos ao porto, otimização da gestão e do uso das áreas, instalações e infraestrutura, dentro de uma perspectiva sustentável, são objeto das avaliações nas revisões”, pontuou o pelo diretor-presidente da EPL.

Novo terminal de gás

O PDZ deve retornar aos gestores do porto em meados de julho. Com os apontamentos feitos pelo estudo, a ideia é auxiliar na implantação de novas áreas no porto de Paranaguá. Uma delas é a abertura de um terminal inédito de gás. “Nós recebemos, recentemente, uma carta da Invest Paraná, falando da intenção de algumas empresas de trabalharem com gás em solo parnanguara. Parece que vai ter uma licitação agora no meio do ano de gás, da agência responsável pelo gás no Brasil e a possibilidade da implantação de um novo terminal em Paranaguá existe. Nesse oficio nós, respondemos que sim, que o porto de Paranaguá tem interesse e que nós temos uma área disponível”, antecipou o gerente de Arrendamentos da Portos do Paraná.

Apesar das conversas, a materialização desse projeto também depende do resultado da revisão do plano entregue pela EPL, pois é nesse documento que constará se há áreas realmente disponíveis e se é possível a logística de implantação desse novo terminal de gás na área portuária da cidade.

Carga no chão

Outro problema crônico, que envolve inclusive crimes cometidos contra os transportadores, as cargas que caem no chão das avenidas e ruas portuárias são uma tarefa difícil de resolver. Além da perda normal que ocorre com a viagem e vibração dos caminhões, a cidade de Paranaguá vive uma epidemia de “vazadas”, crimes realizados contra caminhoneiros com a abertura de basculantes e bicas dos veículos, esparramando a carga que rapidamente é saqueada.

Para o gestor da Portos do Paraná, é possível buscar soluções sim, por isso esse estudo e revisão do PDZ é tão importante. “Ele é um documento de planejamento local, ele tem muito caráter social, ele tem caráter ambiental, e pra isso a gente chamou a diretoria de Meio Ambiente, para participar ativamente da construção desse PDZ. Porque a nossa preocupação é mitigar essa questão dos resíduos sólidos em Paranaguá. Parece, num primeiro momento, não ter ligação direta com o PDZ, mas tem muita”, explicou Rossano.

“A gente sabe do transtorno que é, eu mesmo tenho um veículo e a cada dois dias tenho que mandar lavar, porque ele cria uma camada, uma crosta de resíduo. Então, a gente tem muita preocupação com a parte ambiental também, e isso está inserido no contexto do PDZ, além da parte mercadológica e outras correlatas”, concluiu.

O prazo para a entrega e início da implementação dessa revisão no plano, que funciona a curto, médio e longo prazo, com previsões de como o setor deve se comportar pelos próximos anos, e o que é possível fazer na área portuária, é até dezembro. A perspectiva das autoridades portuárias, junto com a EPL são de poder apresentar e começar a incorporar as novas políticas em dezembro.