OBRA DE R$ 1.1 MILHÃO: Com latão e barco de alumínio, obra da passarela poderia ser feita a custo zero


Por Redação JB Litoral Publicado 07/09/2018 às 00h00 Atualizado 15/02/2024 às 04h45
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Desde maio a Empresa Fator 3 Engenharia e Consultoria Ltda, vencedora da obra de reforço das estacas e da laje, além de pintura e sinalização da passarela Drº Antônio José Sant’anna Lobo Neto, a qual liga o continente à Ilha dos Valadares, tem surpreendido os moradores insulanos pela qualidade do serviço realizado.

A empresa, que receberá R$ 1.1 milhão (R$1.108.781,81) pela obra, levando em conta a planilha do edital de licitação, inicialmente chamou a atenção pelo alto preço a ser pago por apoio náutico, quase 85% do montante destinado para reforço da estrutura. Considerando esta porcentagem, estima-se que ela receba R$ 920 mil apenas nos serviços com barcos, mergulhadores, limpeza e pintura, e cerca de R$ 188 mil no reforço das estruturas que estão em condições precárias.

A grande diferença entre serviço e material, segundo a opinião de um empreiteiro, o qual atua na área e já executou obra semelhante, sugere a realização de duas licitações para execução da obra, uma de material e outra de serviço, o que reduziria drasticamente o custo do empreendimento. “Acredito que toda a obra, com duas licitações, fecharia em menos de R$ 800 mil”, estimou o empresário ao JB Litoral, que optou por não se identificar.

 

Apoio náutico de quase R$ 1 milhão é feito de
Apoio náutico de quase R$ 1 milhão é feito de ‘batera’

Entretanto, o ofício 1234/2015 enviado ao Diretor Geral do Departamento de Estradas de Rodagem – DER/PR, Nelson Leal Junior pelo Ex-prefeito Edison de Oliveira Kersten (MDB), no final de outubro de 2015, solicitava a formalização de Convênio para contratação de reforma da Passarela da Ilha dos Valadares, com custas do Governo Estadual.

 

A prefeitura já havia encaminhado, inclusive, um Projeto Executivo de reforma que contava com a pré-aprovação do setor técnico do DER/PR. No ofício, o prefeito solicitava a formalização do convênio.

 

Legenda

Contudo, não se sabe o motivo pelo qual não foi efetuado até o final do mandato e, da mesma forma, nem porque o Prefeito Marcelo Elias Roque (PODEMOS) não procurou resgatar o convênio e optou por fazer os reparos com recursos próprios.

 

Qualidade questionada nas redes sociais
 

Porém, com o desenvolvimento da obra, o que se vê do suporte náutico é o uso de pequenos barcos de alumínio no trabalho de reforço, algo que ganhou as redes sociais e foi alvo de muitas críticas, tanto pelos insulanos como grupos de cidadania das redes sociais.

Contudo, a indignação maior ocorreu na semana passada, quando a baixa da maré mostrou que o reforço na estrutura está sendo feito com tambor de ferro e preenchimento de cimento.

Nas redes sociais a qualidade do trabalho prestado sofreu severas críticas, o internauta Edenir José Gonzaga postou as fotos das estruturas em cimento com o tambor de reforço e questionou: “algum engenheiro poderia me explicar se, de fato, essa reforma das estacas está correta? Pois penso que não”, disparou Edenir. Até o fechamento desta edição, a postagem estava com 16 compartilhamentos, 40 reações e 37 comentários. Um dos usuários da rede criticou tanto o apoio náutico como o reforço. “De quem é aquela empreiteira que carrega o cimento em uma bateirinha, fazendo duas viagens por dia?”, questionou.

 

Nóbrega vistoriou a obra de caiaque
 

Utilizando um caiaque, o Vereador Nóbrega (PRTB) fez um vídeo da estrutura da passarela, alegando se tratar de recursos públicos, pagos pela população e postou no comentário do internauta. Ele explicou que o concreto usado no reforço é comum e não usinado e constatou que, de fato, estão sendo usados latões nas pilastras. “Já tinha avisado e mostro em vídeo todo o procedimento, onde o engenheiro diz que é o melhor que tinha para ser feito. Solicitaremos ao secretário e engenheiro para que expliquem toda essa situação quando eles finalizarem”, postou Nóbrega admitindo ficar triste por se tratar de situações “solicitadas e fingem que não veem”. Chamou a atenção a informação do vereador de que a empresa não fez o reforço do início ao fim da estaca, apenas no meio. “Vamos continuar cobrando, dos responsáveis, melhorias sempre”, concluiu.

Um internauta satirizou o alto valor gasto nesta obra. “Tampar buraco até eu faço dando milhões na minha mão” postou Romeu Maia.

 

Prefeitura não se manifesta

 

A reportagem do JB Litoral procurou a prefeitura, por intermédio da Secretaria Municipal de Comunicação Social, enviando a foto do barquinho e do tambor e quatro questionamentos, dentre eles o seguinte: quem são os engenheiros responsáveis pela obra da empresa e da prefeitura. Até o fechamento desta edição não houve resposta.