Obra saiu das obrigações da concessionária, mas um trecho voltou, por acordo de leniência


Por Katia Brembatti Publicado 21/06/2021 às 20h39 Atualizado 16/02/2024 às 05h48

O anúncio do começo da duplicação, de um trecho da rodovia PR-407, representou uma ponta de esperança para os motoristas que fazem o percurso entre Paranaguá e Pontal do Paraná, mas a verdade é que o trajeto todo, de 19 quilômetros, poderia ser em pista dupla há muito tempo. O contrato original das concessões de rodovias, de 1997, previa a obra, mas a justificativa de que o custo do projeto foi subdimensionado levou a uma renegociação, formalizada em 2015, entre o governo estadual e a Ecovia. A duplicação de 19 quilômetros virou um trecho 3,5 quilômetros, na saída de Paranaguá, somado a um viaduto e três passarelas. Os 15,5 restantes ficaram em pista simples.

Agora, mais um pedacinho será duplicado. Na chegada a Pontal, 1,4 quilômetro receberá uma segunda faixa. A obra é resultado de um tratado firmado com o Ministério Público Federal (MPF), quando a concessionária admitiu que pagou propinas em troca de benefícios. A Operação Lava Jato apontou episódios de corrupção praticados pela Ecovia, que se viu impelida a fechar um acordo de leniência (uma espécie de delação premiada voltada a empresas) para se livrar de complicações maiores.

Além de redução de 30% na tarifa – que durou quase um ano, até setembro de 2020 –, a concessionária se comprometeu a pagar R$ 20 milhões em obras. A principal é a intervenção na PR-407, mas tem também a construção de duas passarelas, uma em Paranaguá e outra em São José dos Pinhais, uma alça de retorno no acesso da Alexandra-Matinhos e a iluminação de cinco quilômetros da BR-277, no acesso ao Porto de Paranaguá. As obras começaram no dia 10, pela etapa de drenagem, e exigem cuidados dos motoristas, que devem prestar atenção à sinalização e estão sujeitos a congestionamentos. A previsão é de que os trabalhos durem até fevereiro.

A Ecovia foi procurada para comentar o assunto, informou os dados da duplicação, mas preferiu não se manifestar sobre o histórico da obra.