Os filhos ingratos da cidade “Mãe do Paraná”


Por Redação JB Litoral Publicado 09/05/2015 às 21h00 Atualizado 14/02/2024 às 07h38

Diz a sabedoria popular que “ser mãe é padecer no paraíso”, afinal viver a expectativa de nove meses, passar pelas dores do parto e dedicar uma vida toda de doação e amor para criar filhos que, algumas vezes, se voltam contra ela é, de fato, um padecer. 

Mas se isso ocorre no milagre da concepção, imagine para quem apenas cede o solo para o corte do cordão umbilical e nos dá a honra e o orgulho de ostentar eternamente um gentílico?

No alto dos seus 366 anos de idade, Paranaguá não teve motivos para comemorar o tradicional “Dia das Mães” no domingo, diante da atenção que seus filhos – cidadãos e autoridades – têm dedicado nos últimos anos. Se o Estatuto das Cidades criasse penalidades “aos filhos gestores” pelo descaso com municípios idosos, muitos deles sequer teriam condições de disputar o direito de responder por sua “mãe” nas eleições municipais.

A ingratidão de filhos normais que não se importam de fazer das vias públicas e calçadas depósito de lixo e entulhos se estendem aos filhos ilustres e detentores de mandato que, depois de empossados, trocam o interesse comunitário pelo pessoal, político e financeiro e fazem de sua “mãe” seu cofrinho particular.

Percorrer nossa cidade e ver o Restaurante, a Farmácia Popular e postos de saúde fechados, servidores municipais decanos sobrevivendo de salário mínimo, escolas e praças tomadas pelo mato, vias públicas disputando o maior número de buracos e uma entrada de boas vindas mais parecendo uma floresta na BR-277 mostram o nível de esquecimento, desleixo e falta de amor para com a “Cidade Mãe do Paraná”.

Temos um orçamento que chega próximo de R$ 350 milhões e não se envergonhar de usar os quase 60% da folha de pagamento com comissionados que sequer aparecem nos locais onde foram nomeados, mostra que esta “mãe” gerou muitos filhos ingratos.

Mas tem ainda os filhos piores, marginalizados pelo vício da ânsia do poder em benefício próprio que usurparam dos poucos bens de sua “mãe” e hoje lutam nos tribunais para provar que a culpa é da própria genitora.

O que de fato não deixa de ser verdade, afinal, como ela iria saber que daria vida para um filho desnaturado. Já que não podemos fazer muito por esta “mãe”, desejamos a todas as mães parnanguaras muita paz, saúde e prosperidade.