Para estimular aprendizagem de alunos com deficiências, APAE de Matinhos realiza atendimento domiciliar durante a pandemia


Por Luiza Rampelotti Publicado 27/08/2020 às 20h23 Atualizado 15/02/2024 às 15h07
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Equipe da APAE realizando um atendimento domiciliar durante a pandemia. Foto/reprodução

Em tempos de isolamento social em razão da pandemia do novo coronavírus, o ensino remoto, com videoaulas e atividades com vídeos, se tornou frequente devido às aulas on-line. Porém, essa modalidade de ensino pode ser um desafio ainda maior para estudantes com algum tipo de deficiência.

Enquanto os professores se esforçam para continuar mantendo os vínculos com os alunos, sem deixar o conteúdo letivo de lado, apesar do distanciamento social obrigatório; os pais também precisam se adaptar ao cenário atual, já que os filhos permanecem em casa durante o dia todo e as dúvidas e atividades escolares são realizadas com o auxílio deles. Os estudantes com síndrome de Down, Transtorno do Espectro do Autismo, deficiência visual, auditiva, intelectual ou outras condições especiais também estão buscando se habituar à nova realidade. 

Em Matinhos, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é mantenedora da Escola Bem Me Quer de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, na Modalidade Educação Especial. A instituição oferta escolarização para estudantes com Deficiência Intelectual, Múltiplas Deficiências e Transtornos Globais do Desenvolvimento, embora não haja, no momento, alunos com deficiência visual ou auditiva.

Atualmente, 110 alunos estão matriculados na escola. Desde o dia 20 de março, as aulas presenciais estão suspensas e passaram a ser realizadas no formato remoto, acontecendo via aplicativo de mensagens no celular – WhatsApp, de segunda a sexta-feira, no turno em que cada estudante já estava acostumado a ir para o colégio.

Se não tem participação, há intervenção

A diretora da Escola Bem Me Quer, Ana Cláudia Viana Silva, explica que o setor pedagógico realiza orientação aos pais e a entrega do material para acompanhamento das aulas, já que as atividades são aplicadas no domicílio. “Os professores, de suas casas, enviam as atividades por meio de videoaulas e, havendo necessidade, se dispõem a sanar dúvidas e dar dicas. As aulas são salvas em uma biblioteca virtual a qual irá validar o ano letivo de 2020”, diz.

Caso haja ausência de participação, as Assistentes Sociais da instituição realizam uma intervenção junto à família para tentar sanar as dificuldades encontradas. Porém, Ana Cláudia afirma que o novo formato de aula tem surpreendido a todos, tanto em relação ao dinamismo e criatividade dos professores, quanto na expressiva participação dos estudantes e de suas famílias.

Diretora da Escola Bem Me Quer junto a um de seus 110 alunos

Conteúdos adaptados

Segundo ela, os professores são incentivados a utilizar várias dinâmicas e diferentes estratégias com cada aluno, pensando sempre no material que a família pode ter em casa. A diretora comenta que os conteúdos são os mesmos que seriam aplicados na escola, porém, com as devidas adaptações, com o intuito de facilitar o aprendizado.

Além disso, a APAE oferece o acompanhamento de Assistentes Sociais, Psicólogos, Neurologistas, Fisioterapeutas, Nutricionistas e Terapeutas Ocupacionais, inclusive, durante esse período de pandemia. “Criamos um plano emergencial que conta com um roteiro para o atendimento de todos os educandos. A equipe faz, diariamente, visitas de orientações, alguns atendimentos domiciliares e entrega de cestas básicas aos estudantes”, comenta Ana Cláudia.

Ela também afirma que o acompanhamento psicológico destinado aos alunos e suas famílias foi intensificado, com o objetivo de apoiar a adaptação dos estudantes e, também, de seus pais e/ou responsáveis diante ao momento vivenciado.

Escola aberta, mesmo sem alunos

Conforme a diretora, a maioria dos alunos faz parte do grupo de risco para o coronavírus. “Aqueles que necessitam de atendimento presencial com Neuropediatra, estão tendo na escola, seguindo todas as normas de segurança. A Equipe Multiprofissional do SUS também está sempre à disposição das famílias”, informa.

Por isso, mesmo com a suspensão das atividades presenciais, em nenhum momento a Escola Bem Me Quer ficou fechada. Ana Cláudia destaca que a comunidade escolar se uniu para dar apoio emocional e assistencial às famílias e auxiliar aquelas que precisam, por exemplo, de medicação e de encaminhamentos a especialistas.

Para receber aqueles que necessitam de atendimento presencial de forma segura, funcionários do colégio continuam cumprindo uma jornada de trabalho diária, a fim de prover a manutenção e higienização correta do ambiente escolar. A instituição disponibiliza álcool em gel e sabonete líquido para limpeza das mãos, além das demais medidas de higienização necessárias para todo o local e seus equipamentos e móveis.

É importante salientar que é realizado o monitoramento diário de sintomatologia, ou seja, é verificado se os funcionários apresentam possíveis sintomas de gripe e investigado sobre os familiares”, finaliza a diretora.

Cidade pode contar com Programa de Apoio ao Down

Nesta segunda-feira (24), será votado, pela Câmara de Vereadores, em segunda discussão, o Projeto de Lei nº 037/2019, que institui o Programa de Apoio ao Down em Matinhos, de autoria do vereador Rodrigo Gregório dos Santos. Já aprovado em primeira discussão, agora, o PL deve receber a chancela final para, então, seguir à sanção do prefeito.

O Programa oferecerá serviços de aconselhamento e orientação às famílias que possuem pessoas portadoras da síndrome de Down, em uma Unidade Básica de Saúde, que servirá como referência. O projeto prevê que a prefeitura disponibilizará uma equipe, formada por um Psicólogo, um Enfermeiro e um Assistente Social, para esclarecer as dúvidas e indicar o melhor tratamento para garantir um desenvolvimento eficaz da pessoa que possui a síndrome.