Com alta de 47,49% em 2021, parnanguaras amargam preço dos combustíveis e reclamam por falta de opções e valores diferentes na cidade


Por Flávia Barros Publicado 26/01/2022 às 09h08 Atualizado 17/02/2024 às 00h36

A inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA) oficial do Brasil fechou 2021 em 10,06%, estourando o limite do sistema de metas e sendo a maior alta do índice desde 2015. E, como já se previa, a gasolina foi o item com maior peso no IPCA, acumulou alta de 47,49% no ano, e o etanol, 62,23%. Os números divulgados no último dia 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só atestam o que os parnanguaras já sentiam na prática, a ginástica que foi fazer tanto aumento caber no orçamento.  

Pelo modelo da economia no Brasil, cabe ao consumidor escolher os estabelecimentos nos quais comprar e isso não é diferente na hora de optar pelo posto de combustíveis. Mas, o preço é um dos principais critérios, no topo da lista, na hora de decidir pelo posto A, B ou C. A questão é que moradores, que preferiram não ter seus nomes divulgados, procuraram o JB Litoral, na primeira semana de janeiro, com a queixa de que os valores nas bombas dos estabelecimentos na região central de Paranaguá são muito parecidos, senão iguais, mesmo sendo de diferentes redes, de mesma bandeira ou não, incluindo o único posto ligado a uma rede de supermercados, que tem um valor inferior, mas próximo aos demais. E, ainda, o porquê da diferença significativa dos valores praticados na capital, com a dúvida sobre se o frete até o litoral justificaria uma média de R$ 0,30 a R$ 0,40 a mais, por litro.

JUSTIFICATIVAS

Para entender os motivos que levam aos preços constatados pelo JB Litoral, em passagem pelos postos citados pelos leitores, a reportagem procurou o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniências do Estado do Paraná (Paranapetro). De acordo com o assessor de comunicação da entidade, Fabiano Camargo, o sindicato fiscaliza e rechaça qualquer tipo de irregularidade. “Repudiamos toda e qualquer ilegalidade, como representante de um dos setores mais importantes para a economia do estado.  Sobre a questão de formação de preços, o mercado é livre e regido pela concorrência. Não há tabelamento de preços e cada empresa forma seu preço conforme os custos que tem. O frete não é o único componente dos preços. As distribuidoras, por exemplo, praticam preços diferentes para cidades diferentes”, disse.

ATÉ DENTRO DA MESMA CIDADE

Ainda segundo o Paranapetro, o valor praticado pelas distribuidoras pode variar até para postos do mesmo município. “Até mesmo dentro de uma mesma cidade as companhias distribuidoras vendem aos postos combustíveis com outros preços, conforme bairro ou região. Como o mercado é livre, isso é possível, e ocorre com frequência, sem interferência dos postos de combustíveis.  Outros fatores [que determinam os valores nas bombas] são os custos que cada cidade oferece, que vão do transporte do produto e aluguel do ponto até seguros, além do volume de venda. Com as margens obtidas com a venda de combustíveis, os postos precisam pagar uma série de custos fixos de estrutura, pessoal e taxas. Esses preços podem variar muito de cidade para cidade, principalmente aluguel de ponto, seguros e segurança privada”, defendeu Fabiano Camargo.

FACILIDADES X REAJUSTE NA ORIGEM

Entre os custos dos postos, o assessor do sindicato também atribui o valor final dos combustíveis até pela facilidade de pagamento com cartões, tanto na função crédito, como débito. “Apenas os custos de taxas de cartão de crédito e débito podem chegar a 6% do valor pago na bomba”. E responsabiliza a Petrobras pelas altas tão expressivas. “O preço está caro no Brasil todo por responsabilidade da Petrobras. O valor elevado dos combustíveis prejudica a economia e toda a população, ainda mais num mercado tão abalado pela pandemia. De um ano para cá, a Petrobras elevou os preços nas refinarias em 76%. Os postos de combustíveis não podem comprar os combustíveis diretamente das refinarias, são obrigados a comprar das distribuidoras. Por isso, a velocidade e a dimensão do repasse, tanto das altas como das baixas, pois depende das distribuidoras. Conforme o Paranapetro aponta, desde o início da política de preços da Petrobras que acompanha o mercado internacional, geralmente as distribuidoras repassam os aumentos de preços rapidamente para os postos, enquanto demoram para repassar as baixas”, finalizou Fabiano Camargo.

MERCADO NEGA

A reportagem também procurou o Grupo Muffato, dono do único posto de combustíveis, em Paranaguá, ligado a uma rede de supermercados. O Muffato não se manifestou por meio de nota, apenas em conversa com a assessoria de comunicação, informando que mantém a mesma política de preços competitivos e mais baixos do que a concorrência, tanto nos supermercados, como em seus postos de combustíveis. Também negou que haja um incentivo fiscal, com variação do ICMS, uma vez que mercado e posto têm CNPJs distintos.

NOVO AUMENTO, NOVA COINCIDÊNCIA

Como mencionado no início da reportagem, as queixas dos moradores e a verificação feita pelo JB Litoral nos postos citados pelos leitores, são da primeira semana de janeiro. Antes desta publicação, a reportagem voltou aos mesmos postos neste domingo (23) e constatou que, depois de mais um reajuste de preços realizado nos últimos dias, há nova semelhança nos valores cobrados, com cerca de R$ 0,20 de aumento no litro da gasolina.