Banca da Doca, em Pontal, vende frutos do mar há mais de 30 anos


Por Redação Publicado 19/01/2021 Atualizado 15/02/2024

Lucas Sarzi

A pescaria é uma das profissões mais antigas que conhecemos. No litoral do Paraná, temos vários exemplos de profissionais que não só fizeram suas vidas em torno da pesca, como também passaram essa paixão de geração em geração. Essa poderia ser facilmente o resumo da história da Peixaria Banca da Doca, de Pontal do Paraná, que já existe há mais de 30 anos e marcou toda uma geração de uma família inteira. 

Por lá, quem ainda toca o negócio é Maria Rosa, de 72 anos, conhecida como “Doca”. Quem a vê vendendo peixes, camarões e frutos do mar em geral, sequer imagina a história por trás dessa mulher forte que, literalmente, construiu sua vida com muita marra e criou seus filhos a partir da venda dos frutos do mar.

A filha de Doca, que também se chama Maria Rosa, de 33 anos, conta que a mãe começou do zero. “Ela é de Santa Catarina e foi morar primeiro em Guaratuba. Lá, surgiu a oportunidade de ir para Pontal e ela agarrou. Foi aí que nossa história começou a surgir”.

Segundo Maria Rosa, no começo a mãe vendia apenas camarão, mas não era como hoje. “É até emocionante lembrar. Ela pegava camarão dos barquinhos e vendia numa caixa de isopor. Andava para conseguir vender. Na época, comprava fiado dos pescadores, vendia e daí juntava o dinheiro para pagar os pescadores”.

Maria Rosa, a Doca, fez sua vida em torno dos frutos do mar

Dessa venda de camarão “porta a porta”, Doca foi crescendo aos poucos, a partir da força de vontade e do amor ao trabalho, duas das principais características de muitos dos profissionais que lidam com a pesca no litoral paranaense. “Hoje, temos uma peixaria e já estamos no mesmo ponto há mais de 30 anos. A história da minha mãe até se confunde com a nossa, pois crescemos nesse mesmo ambiente”, comenta Maria Rosa.

De geração em geração

Atualmente, a família toda está engajada em fazer a peixaria continuar: mãe e filhos. Doca vende os peixes e camarões junto com seus filhos Luís Fernando, Silvio, Silvia Maria, Fabianne e Maria Rosa. Alguns são responsáveis pela pesca, mas, apesar disso, a família também compra de outros pescadores e ajuda a movimentar a economia de uma região que vive em função da pesca. 

Doca, que continua bem ativa e trabalhando todos os dias, hoje tem o apoio da família. “Ela nos criou com a venda dos frutos do mar. Nada mais justo do que honrarmos. Tudo que nós temos até hoje é por conta da venda dos camarões e peixes, que pra nós é motivo de orgulho”, enfatiza Maria Rosa.

Para a filha de Doca, continuar o que a mãe construiu é mais do que simplesmente tocar uma empresa familiar, é nutrir o amor pelo que ela fez a vida toda. “Realmente, para trabalhar com a venda e até com a pesca de frutos do mar, a pessoa precisa gostar. E nós amamos muito o que fazemos. É gostoso, pois trabalhamos com o que gostamos, e temos uma vida incrível que foi construída pela garra da minha mãe. Essa paixão realmente passou para nós”.

Venda quebra os limites

A venda dos peixes e camarões da “banca da Doca” quebra os limites das cidades do litoral do Paraná. A peixaria tem vendido frutos do mar até para Curitiba, subindo a Serra, literalmente. “A gente sempre vendeu para outras localidades, como a capital, realmente. Começamos a vender também para restaurantes e até para outras peixarias”.

Entre os frutos do mar mais vendidos, o camarão é o principal

O preço justo atrelado a esse amor pelo que fazem, acabam também fidelizando clientes. “Temos muitos clientes que, quando estão no litoral, só compram com a gente. O que todos sabem é que gostamos de trabalhar com qualidade, além de pensar em preço justo, isso faz com que as pessoas enxerguem de um jeito diferente”, avalia Maria Rosa.

Por causa da pandemia, as vendas para os restaurantes diminuíram um pouco, mas Maria percebeu aumento na procura por outro lado, o de quem quer fazer o próprio prato. “O movimento até aumentou um pouco, porque as pessoas estão preferindo ficar em casa ao invés de comer em restaurantes. Então elas olham uma receita legal, sabem que com a gente vão encontrar o peixe ou o camarão que precisam. Isso nos trouxe até outros tipos de públicos”.

Da peixaria, para as redes sociais

Além de continuar trabalhando como vendedora na peixaria de sua mãe, Maria Rosa entrou para as redes sociais e, quando percebeu, estava se tornando influenciadora digital. Surgia, então, o “Blog da Megg”, trazendo não só informações sobre a peixaria, como também sobre tudo que as pessoas têm curiosidade de ver. “A vida real”, brinca Maria Rosa. 

Hoje, com aproximadamente 20 mil seguidores, Maria Rosa conta que começou por acaso. “Digo até que caí de paraquedas. Uma amiga abriu uma loja de roupas e pediu que eu ajudasse na divulgação. Comecei a postar e as pessoas que me seguiam pediam que eu postasse mais, porque eu não costumava publicar nada sobre mim, então resolvi testar e deu no que deu”.

Maria Rosa passou a ser influenciadora digital e faz sucesso no litoral

No Instagram, o @blog.megg, Maria Rosa realmente busca trazer um pouco de sua rotina, para transmitir às pessoas que nem tudo é glamour. “Gosto de mostrar a minha vida, meu dia a dia, como. é. E caiu na graça do povo. Mostro a mulher na vida real: hoje posso estar na peixaria trabalhando, amanhã em casa limpando, outro dia numa loja chique, mas em algum momento estou toda descabelada. Isso gerou engajamento”.

E com esse mesmo envolvimento que Maria Rosa conseguiu, ainda, juntar uma profissão tão antiga, como a da peixaria, a algo tão novo como as redes sociais. “Aproveitamos e divulgamos a peixaria, que é o que interessa. Mas também acabou que comecei a ser convidada para divulgar muitas lojas. Faz um ano, mas o povo é engajado e tem funcionado muito bem”.

Mesclando as duas profissões, Maria percebe o quanto as coisas podem evoluir e nós mesmos nem percebemos. “No começo, minha mãe não gostava muito, brigava por eu estar o tempo todo no celular, por exemplo. Agora, ela mesma pergunta se eu já fiz stories da banca. Percebemos que a diferença é grande quando postamos e falamos sobre o que temos. Os seguidores, além de comprar, ainda publicam e me marcam, essa é a parte mais legal de engajar as pessoas”.

Que tal um peixe ou um camarão para o almoço?

Vendendo produtos de qualidade e com preço justo, a Peixaria Banca da Doca se mantém aberta de domingo a domingo, das 7 às 18h. A tradição familiar pode ser encontrada na Avenida Deputado Anibal Khury, 2602, em Pontal do Paraná. O telefone é o (41) 3455-1372.