Pesca da tainha na ilha do Mel: pescadores iniciam preparativos para a temporada


Por Redação JB Litoral Publicado 05/05/2021 às 11h29 Atualizado 16/02/2024 às 01h15

Programada para começar no dia 15 de maio, a temporada de pesca da tainha já ocupa a rotina dos pescadores da Ilha do Mel, que começaram a consertar as redes e restaurar canoas, já pensando em organizar a logística das temporadas mais geladas. O período é ideal para localizar cardumes, pois o frio faz com que os peixes busquem a costa, na tentativa de encontrarem águas mais aquecidas.

Os trabalhos, que vão até a metade de julho, auxiliam muito na economia da ilha, que acaba tendo uma grande diminuição de turistas com o fim da temporada de verão. Hélio Lola, um dos organizadores da pesca em Nova Brasília, conta que a tainha é distribuída entre a ilha e o continente. “Os restaurantes e pousadas da ilha ficam com 30 a 40% do volume do peixe, o resto da pesca nós levamos para o Mercado Municipal de Paranaguá e vendemos lá”, diz Hélio, que ainda explica como o lucro é dividido. “A gente vende todo o pescado e o valor é repartido entre os pescadores que fizeram a captura na safra da tainha e o dono da embarcação e da rede ficam com ⅓ do valor”, diz.

Além da importância econômica, já que em 2019 houve recorde de captura do peixe, e a expectativa para a temporada de 2021 também é alta, ainda há o valor cultural e histórico. “A gente vem passando de geração para geração. Hoje tem os avós, os filhos e os netos. É uma tradição local que sempre seguimos”, ressalta Hélio ao afirmar que a praia fica lotada de pessoas das mais diversas idades que acompanham e auxiliam a atividade.

A pesca, que é considerada artesanal, envolve diversos profissionais. “A gente tem uma equipe formada para a pesca da tainha. Tem os espias ou vigias que ficam no topo do farol, tem o pessoal que faz a parte do lanço, que fica na canoa, tem os chumbeiros, proeiros. Muita gente envolvida. Tem até um pessoal que trabalha na cozinha preparando a alimentação dos pescadores”, explica o organizador da temporada de pesca da Tainha, que conclui falando da importância social do evento. “A gente vem mantendo nossa cultura local e é muito importante isso para nós, porque a época de maio a julho é de baixa temporada, ou seja, o número de turistas dentro da ilha é pouco. Então, a pesca da tainha é uma fonte de renda que nos ajuda a manter a ilha durante esses três meses”, explica.

Pesca regulamentada

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou no dia 07 de abril, por meio da Secretaria de Agricultura e Pesca (APA), uma portaria que estabelece as regras para a pesca da tainha nas temporadas de maio a julho, nas regiões sul e sudeste do Brasil. A regra delimita, entre outras coisas, quantas embarcações podem realizar os trabalhos, as cotas de captura e também as regras de monitoramento e controle das atividades pesqueiras. Com a portaria, fica instituída a Autorização de Pesca Especial Temporária.

Festa da Tainha é tradicional e surgiu para celebrar o Dia do Pescador. Foto: Divulgação

O monitoramento das regras será realizado pelo SisTainha, que conta com formulário de saída de embarcações, mapas de bordo, mapa de produção e formulário de entrada da tainha em empresa pesqueira. A ideia da portaria é auxiliar os trabalhos pesqueiros e, ao mesmo tempo, ter um controle maior de como a pesca é realizada.

Entre as punições para quem descumprir a portaria, está a impossibilidade de concorrer à autorização de pesca para os próximos dois anos ou a diminuição da cota anual de pesca, no ano que vem. Caso haja reincidência, a autorização da embarcação pode ser revogada, o que impossibilita a continuidade dos trabalhos.

Festa da Tainha é tradição

Uma das mais tradicionais festas do litoral paranaense, a Festa da Tainha, acontece sempre nas temporadas de inverno, em homenagem ao Dia dos Pescadores, celebrado no dia 29 de junho. O evento envolve toda a categoria que trabalha com turismo na ilha, que vê o trimestre da tainha como uma oportunidade de fazer receita.

Os cardumes se aproximam da costa, entre maio e julho, devido às baixas temperaturas. Foto: Divulgação

O evento, que ocorre há 27 anos, enfatiza o preparo dos mais diferentes tipos de pratos com o peixe, seja assado, frito ou com outras composições. Além disso, ocorrem eventos temáticos, como bingos, bailes, prática de esportes e também danças típicas, como o fandango e o forró caiçara. É possível, ainda, visitar o alojamento dos pescadores, em uma visita guiada.

A festividade é uma forma de manter a tradição do local viva, aproximar novas pessoas à cultura da região e, também, garantir a economia da região.