Pescadores x baleias: LEC UFPR explica dinâmica e encalhes nas praias


Por Marinna Prota Publicado 30/07/2021 às 11h25 Atualizado 16/02/2024 às 08h46
baleia

O encalhe de baleias jubarte no litoral paranaense está mais frequente nos últimos meses. O último registro foi feito na praia de Brejatuba, em Guaratuba. Desde maio, seis baleias encalharam na região, todas acabaram mortas e foram estudadas pelas equipes do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Um dos problemas constatados é exatamente o emalhe dos animais com redes ou equipamentos de pesca.

Para explicar a dinâmica da pesca no litoral e como isso influencia nestes registros, a coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR, Camila Domit, gravou um vídeo e publicou nas redes sociais, falando sobre os encalhes e emalhes de baleias jubartes.

“É muito importante que a gente lembre que a gente lembre que o emalhe de uma baleia com a rede de pesca é acidental. Elas estão lá para capturar os peixes, para garantir uma atividade econômica essencial apara a sobrevivência de várias comunidades. No entanto, muitas redes que estão sendo utilizadas neste período são redes irregulares. São aquelas que ficam ao longo da praia, como redes de espera”, descreveu a pesquisadora.

Para o pescador artesanal de Matinhos, Lopes Fabiano Ramos, é preciso identificar os responsáveis, já que os profissionais caiçaras tem o cuidado e vivem do mar o ano todo, não somente na temporada de pesca da tainha, peixe que é tradicionalmente pego através do lanço.

“Nós adoramos as baleias, gostamos e cuidamos. Temos que fazer uma fiscalização maior em cima do pescador falso. Eles atrapalham não só as baleias, mas também os pescadores daqui, a economia nossa. Ele faz uma rede e não tem dó da rede, engata na baleia e deixa lá. Nosso equipamento é caro, a gente não deixa, tira tudo quando acontece”, disse o pescador, também através de um vídeo divulgado pelo LEC.

O encalhe e emalhe de baleias nos últimos três meses foi registrado na Ilha do Mel, em Paranaguá, duas foram encontradas na Ilha do Superagui, em Guaraqueçaba, uma no balneário Shangril-lá, em Pontal do Paraná, e duas em Guaratuba, nos balneários de Brejatuba e Coroados.

Algumas delas tinham marcas de equipamentos de pesca, que acabaram presos na carcaça, já outras estavam emalhadas por redes, que segundo os pesquisadores, são deixadas sem supervisão por alguns pescadores na temporada de tainha. “Se pegar daqui até Pontal, você conta para mais de 200 redes, rede feiticeira, malha 11, malha 12 e o pescador verdadeiro está perdendo com isso. Infelizmente temos que pescar vivemos disso”, desabafou Lopes Fabiano Ramos.

Desde o início do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), há seis anos, haviam sido registrados encalhes de 12 baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) na costa paranaense, incluindo indivíduos adultos e jovens. No último encalhe, os pesquisadores chegaram a tempo de acompanhar que uma fêmea, que estava em Guaratuba, havia sobrevivido ao emalhe, mas com a vazante da maré acabou encalhada na praia e fora do mar acabou morrendo na areia da praia antes que pudesse ser socorrida.

Por Marinna Protasiewytch