Acusado de pedir propina para compra de vacina foi vice-presidente do Consad na APPA


Por Marinna Prota Publicado 07/07/2021 às 12h48 Atualizado 16/02/2024 às 07h02

A CPI da Pandemia que está sendo realizada pelo Senado na Câmara Federal tem investigado o esquema de corrupção envolvendo a compra de vacinas contra a Covid-19 no Brasil. Dentre as testemunhas ouvidas, surgiu o nome do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. Ele é acusado de ter pedido U$1 de propina, por vacina, para fechar o contrato com a fabricante da Covaxin, vacina intermediada pela Precisa Medicamentos. O dirigente chegou a ser vice-presidente do Consad (Conselho Administrativo) da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina.

Em nota, a Portos do Paraná esclareceu “que Roberto Ferreira Dias foi membro titular e vice-presidente do Conselho de Administração da APPA, empossado em 26/07/2018 e destituído em 25/07/2019. O Consad é um órgão de deliberação coletiva, de existência obrigatória e funcionamento permanente, com a finalidade de compartilhar, com a diretoria, a administração da empresa. Os membros do conselho – exceto uma das vagas que compete a um representante dos trabalhadores, concursado e eleito pelos funcionários – não são funcionários da empresa pública”.

Para entrar na administração da empresa pública subordinada à Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná, Roberto Ferreira Dias foi nomeado pela ex-governadora do estado, Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros (PP-PR), que se licenciou do Congresso para assumir o Ministério da Saúde no período de 2016 a 2018, na gestão de Michel Temer. 

O ex vice-presidente do Consad esteve a frente de questões da APPA de 2018 até maio de 2019. Dias estava, inclusive, participando de reuniões do conselho e tendo um ganho médio de R$8 mil por presença nestes encontros. No entanto, em janeiro de 2019, ele já havia sido nomeado para o Ministério da Saúde, indicado pelo próprio Ricardo Barros, podendo ter recebido em dobro do governo.

Acusação de corrupção

Barros e Dias são acusados por denunciantes da CPI da Pandemia de participarem do esquema de corrupção envolvendo a compra de vacinas da Covaxim, em um esquema milionário com a Precisa Medicamentos. O deputado foi apontado pelo colega de cadeira federal, Luis Miranda (DEM-DF), como responsável pelo “medo de Bolsonaro” fazer algo para impedir o esquema. Na fala dos denunciantes, o presidente da república teria sido avisado sobre as irregularidades contratuais, mas teria alertado que “isso é rolo do Barros”.