Republicano e Nordestino, espaços públicos sem nenhuma utilidade


Por Redação JB Litoral

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  Assim como alguns prédios históricos da cidade, o espaço onde funcionou o Clube Republicano durante anos continua abandonado e sua rica história se perde no tempo.  Sem telhados, após o desabamento em 2011, com fiação exposta, infiltrações, entre outros problemas, o prédio aguarda processo de desapropriação e principalmente sua restauração. O documento continua tramitando na prefeitura e a intenção da atual administração é que a compra seja efetivada, para que no local funcione um centro de formação de profissionais da Educação. Da mesma forma, ocorre com o Centro de Tradições Nordestinas de Paranaguá, que ficou conhecido popularmente por“Nordestino”, onde a entidade deixou de exercer suas atividades no município e a prefeitura pôde solicitar a reversão do prédio para seu patrimônio. O espaço tem sido usado esporadicamente e a última vez foi usado pelo Diretório Municipal do PT de Paranaguá, em junho do ano passado, para realização do 3º Encontro de Formação para Dirigentes.

  O Clube Republicano foi fundado no dia 21 de agosto de 1887, sob os ideais republicanos e se tornou um dos marcos históricos da proclamação da república no país. Paranaguá foi um dos primeiros municípios que se manifestou para o evento da República, devido ao desassombro de um grupo de parnanguaras, entre eles: Fernando Machado Simas, Nestor Victor dos Santos, João Eugenio Machado Lima, Guilherme José Leite, que lutaram para a queda da Monarquia e o estabelecimento da República Federativa do país. Após a proclamação, diretores do clube resolveram transformar o local que lutava somente pela República em um espaço para recreação dos associados. O prédio, localizado na Rua XV de Novembro, Centro Histórico, passou a fazer parte da sociedade parnanguara, sendo realizados vários bailes memoráveis.     Em 1992, após crise financeira e dívidas trabalhistas, o clube fechou suas portas e o prédio foi para leilão anos depois. “Para não perdermos o prédio, em 2006, procurei o então prefeito José Baka Filho (PDT), pedindo para ele evitar o leilão. Ele desapropriou a área e com uma parte do dinheiro quitamos a dívida trabalhista”, conta o presidente do clube desde 1985, Moises Osíris da Costa Soares. Porém, devido ao pouco valor da desapropriação, houve um acordo.

“A prefeitura desapropriou esse prédio com pouco mais de R$ 600 mil, muito pouco para o tamanho e pela localidade.

  Porém, ficou acertado que a prefeitura destinaria uma área pública para a construção da nova sede com a quantia restante”, conta o presidente. No meio do processo de desapropriação, houve o desabamento e a Defesa Civil interditou o prédio. Desde então o espaço permanece fechado para sua recuperação ou nova construção.

O que diz a prefeitura

  De acordo com a nota enviada pela Secretaria Municipal de Educação e Ensino Integral, no caso do Clube Republicano “o processo ainda está tramitando internamente na Prefeitura, por questionamentos da diretoria do clube feitos em relação à avaliação do imóvel, fixada à época por R$ 665.973,35. Deste, foram pagos à diretoria um total de R$ 30.220,35, até 2012, ou seja, na administração anterior”, diz a nota.
  Sobre a intenção da atual gestão, a Assessoria de Comunicação da prefeitura ressalta que “a atual administração quer que a compra seja efetivada, para que no local funcione um centro de formação de profissionais da Educação. Por isso, estão sendo verificadas todas as questões jurídicas envolvidas para liquidar o pagamento restante. Enquanto isso não acontece, a Secretaria Municipal de Urbanismo, em parceria com a Defesa Civil, monitoram periodicamente as condições do prédio para avaliar a estrutura, desde que ocorreu a queda da cobertura do local”.
  A reportagem do JB questionou ainda a prefeitura sobre a real situação do Clube do Nordestino, na questão dos impostos, manutenção e limpeza. Sobre o assunto, a prefeitura diz que existe lei municipal, do período em que o prefeito era Nelson Barbosa, cedendo a área para uso da entidade, que construiu o prédio. “É de responsabilidade da associação o pagamento dos impostos e limpeza. Em caso de a entidade não exercer mais suas atividades o município poderá solicitar a reversão em seu favor”. Sobre o que seria feito no local, a prefeitura não respondeu a pergunta até o fechamento dessa edição.

Republicano pode retomar atividades no Nordestino
 
 Uma das possibilidades da diretoria do Clube Republicano retornar suas atividades seria a apropriação do antigo prédio do Clube do Nordestino, instalado na Rua Nestor Victor, e que há muito tempo não recebe eventos. A reportagem do JB, em outubro de 2012, mostrou que o projeto havia sido elaborado pela diretoria do clube e enviado para Câmara de Vereadores afim de que ela autorizasse o município a ceder o imóvel. Porém, o projeto não foi aprovado.“Levamos o projeto nas mãos do presidente na época, Jozias de Oliveira Ramos (PDT), atual presidente do Legislativo.

 Porém, nem foi analisado e até hoje não sei o motivo”, ressalta Moises, que estava preocupado com a mudança de gestão. “O problema começou na era Baka e o Jozias era do mesmo partido dele. A nossa preocupação era porque já estava acabando a gestão e sabíamos que com a mudança o projeto seria esquecido. Infelizmente foi o que aconteceu”, declarou.

 

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