Porto tem programa de controle de ratos, mas resultado não parece satisfatório


Por Redação JB Litoral Publicado 26/11/2020 Atualizado 15/02/2024

Por Marinna Protasiewytch

No mês de outubro, o JB Litoral trouxe uma reportagem mostrando que com o início da temporada de chuvas e calor, que começa nos últimos meses do ano e vai até meados de março, a proliferação de ratos na cidade de Paranaguá tende a aumentar. A Secretaria Estadual de Saúde (SESA) afirmou que não existe um projeto específico para a contenção de zoonoses, como ratos, na cidade, mas alertou que uma média dos últimos cinco anos aponta que 49% dos casos confirmados de leptospirose ocorreram no primeiro trimestre, onde há o aumento de ocorrência das chuvas.

O porto de Paranaguá foi apontado como um dos maiores influenciadores no problema que atinge a saúde pública parnanguara. Procurada, a instituição indicou que possui um controle de vetores e que acompanha de perto a movimentação da população de ratos no município. “A APPA monitora trimestralmente o nível de infestação de roedores, conforme metodologia estabelecida no Manual de Controle de Roedores da Funasa. O Programa de Controle de Proliferação de Vetores da Portos do Paraná consiste na vigilância e manejo de vetores, e isso inclui roedores, pombos, artrópodes nocivos e animais domésticos”, afirmou Juliana Lopes Vendrami, analista portuária.

No entanto, quem costuma transitar nos bairros adjacentes ao porto e nas ruas e avenidas utilizadas pelos caminhões que levam as cargas até o local, observa diariamente roedores mortos no asfalto, além de tocas visíveis perto das calçadas. A gestão portuária afirma que a limpeza dos arredores é feita e que existe uma política para manter os espaços limpos e livres das pragas.

“A Portos do Paraná possui portas-isca nas suas instalações, na qual são abastecidos com iscas contendo produtos com pesticidas registrados e autorizados pela ANVISA, sendo revisados periodicamente. Além disso, o Regulamento do Sistema de Gestão Integrada da Portos do Paraná estabelece que os Operadores Portuários devem manter as áreas limpas durante e após a operação e precisam vedar possíveis abrigos para vetores, de forma a reduzir a disponibilidade de alimento e abrigo”, ressalta Juliana Lopes Vendrami.

Valores gastos no controle

A planilha de custos do projeto básico de operações tem um valor total de mais de R$10 milhões destinado pela administração e cerca de R$ 5 milhões para a “Gestão Ambiental”.

No entanto, a direção portuária realiza o pagamento para a empresa Cia Ambiental de aproximadamente R$ 80.000,00 com o objetivo de que seja feita a “auditoria do Programa de Controle e Proliferação de Vetores”, durante todos os dias.

Segundo a analista portuária da Portos do Paraná “a empresa CIA é responsável pelo monitoramento da eficiência e eficácia do controle”. Procurada, a CIA Ambiental afirmou que não pode revelar os dados das auditorias e que todas as informações são repassadas ao porto conforme contrato.

Ao todo, a empresa deve destinar R$ 222.333,33 ao combate, controle e minimização de impactos dos ratos em Paranaguá, número estipulado após sua contemplação na concorrência para a administração do porto na cidade, conforme edital de licitação da operação portuária.

Sujeira nas ruas

É com facilidade que encontramos grãos no chão das principais avenidas com ligação ao porto de Paranaguá, sem a limpeza constante, é possível encontrar mini plantações de soja, milho e outros vegetais que caem dos caminhões os quais transitam na região. Segundo a portuária, a empresa “realiza a varrição diária das vias públicas do Porto Organizado e áreas adjacentes. Além disso, a APPA disponibiliza uma área, na qual é administrada por associações, para a limpeza dos caminhões que descarregam grãos nos terminais, de forma a evitar que seja realizada nas vias públicas. Adicionalmente, o Regulamento do Sistema de Gestão Integrada da Portos do Paraná estabelece que os Terminais Portuários Arrendatários devem realizar a limpeza de caminhões/vagões e instalar dispositivos de vibração, visando a remover ao máximo os resíduos ainda existentes dentro dos terminais”.

O que dizem os moradores

Fabio Robassa, é motorista de caminhão e mora no Residencial Laranjeiras. Segundo ele, o controle de ratos não funciona direito, pois é possível vê-los todos os dias no local. “A gente sai para trabalhar e dá de cara com as ratazanas. Temos um filho pequeno e ele fica com medo disso, porque para pegar uma doença é rapidinho, mas para sarar demora”, conta o parnanguara preocupado.

Hilton Rangel, sindicalista que mora no mesmo local, explica que nunca viu ninguém fazer limpeza da Avenida Ayrton Senna da Silva. “Se existe esse negócio de que eles cuidam eu nunca vi, por aqui pelo menos nunca passou ninguém varrendo e nem limpando, dá para ver os milhos crescendo na estrada de tanto que ficam no chão”, disse o morador.