Comitiva da África Austral apresenta rota atrativa de negócios ao porto de Paranaguá


Por Luiza Rampelotti

Comitiva da Namíbia esteve na Portos do Paraná buscando uma parceria para relações comerciais entre os dois países. Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

Na quarta-feira (6), uma comitiva do Walvis Bay Corridor Group (WBCG), uma parceria público-privada (PPP) à frente da promoção e desenvolvimento dos portos de Walvis Bay, na Namíbia (África Austral), esteve em Paranaguá. Na ocasião, o CEO, Mbahupu Hippy Tjivikua, e o representante de negócios do grupo no Brasil, Ricardo Latkami, estiveram na redação do JB Litoral falando sobre a busca pelo estreitamento das relações entre o Paraná e a África Austral.

Latkami explica que o Walvis Bay Corridor Group é uma organização múltipla do governo da Namíbia e que congrega instituições governamentais, privadas, como operadores e agentes de cargas, e associações sem fins lucrativos. “Somos parecidos com a empresa pública Portos do Paraná, pois somos do governo e promovemos o porto da Namíbia”, diz.

A visita ao Brasil, especificamente ao Paraná, tem o objetivo de promover a Namíbia como a entrada mais importante dos produtos produzidos no Estado para a África Austral (cerca de 12 países, com mais de 350 milhões de habitantes). “O porto de Walvis Bay está de frente para o porto de Paranaguá. Ou seja, o lugar mais industrializado e mais próximo dessa região da África, que tem 350 milhões de habitantes, é o Paraná”, comenta Ricardo.

Ricardo e Mbahupu estiveram na redação do JB Litoral falando sobre a expectativa de negócios com os portos paranaenses. Foto: JB Litoral


Possível rota atrativa para negócios


A intenção é mostrar para os produtores rurais ou empresários que possuam fábricas de qualquer tipo de produto, e que queiram explorar um novo comércio naquela região, que é possível realizar a exportação dos itens. O representante de negócios destaca que a ideia é interconectar produtores e exportadores ao comércio da África Austral. 

Na terça-feira (5), Mbahupu e Ricardo estiveram no Palácio Iguaçu com o secretário estadual de Agricultural, Norberto Ortigara e, na quarta-feira (6), fizeram uma visita ao porto de Paranaguá. Segundo eles, a busca é por um acordo de cooperação com o Estado.

Somos o melhor e mais inteligente ponto de entrada para a África Austral. Nossos corredores são conhecidos por serem rotas de negócio muito atrativas e estamos nos tornando a mais preferida rota de comércio”, diz o CEO Mbahupu.

Em sua visão, chegou o tempo de a África Austral aumentar as relações comerciais com o Brasil. “O Brasil é bem industrializado e desenvolvido, então podemos importar muitas coisas do país, de produtos agrícolas a equipamentos. Também gostaríamos de promover o suporte técnico para o Brasil, e cooperar na produção agrícola local”, comenta.

Benefícios da parceria


Com essa relação, o porto de Walvis Bay ganharia com a diminuição do custo médio dos produtos, uma vez que ao importar itens do Brasil, poderia exportar outras mercadorias para o país e vice-versa. “Países ligados à Namíbia e que não têm acesso ao mar são produtores de cobre, que para a indústria eletrônica e automobilística do Paraná é maravilhoso. Também temos o sal mineral, que é um alimento para gado muitíssimo importante e de altíssima qualidade, servindo muito bem para o gado premium, que é criado aqui. Além disso, temos o peixe reiki, pescado no Oceano Atlântico e a Corrente de Benguela faz com que a qualidade seja muito boa. A ideia seria que esse produto fosse registrado pelo Paraná para consumo humano e importado direto. Isto é, temos vários produtos para exportar para cá, indo com contêineres refrigerados de frango, porco e carne, e voltando com peixe, sal mineral, cobre etc. Com isso, o frete médio cairia pela metade, impactando no valor final dos produtos”, explica Mbahupu.

Ele destaca que o importante, no momento, é criar conhecimento para que as empresas paranaenses tenham acesso a esse mercado diretamente. Além disso, também informa que, recentemente, Walvis Bay deu início à importação de açúcar pelo porto de Paranaguá e pretende diversificar sobre tudo aquilo que está sendo importado para a África Austral.

De acordo com a empresa pública Portos do Paraná, saindo pelo porto de Paranaguá, o frango é o principal produto de exportação com destino ao país africano. No primeiro semestre de 2022, foram quase 8 mil toneladas do produto exportado para a Namíbia; em 2021, durante todo o ano, 12,1 mil toneladas.

Visita ao porto de Paranaguá


Após a entrevista ao JB Litoral, Mbahupu Hippy Tjivikua e Ricardo Latkami se reuniram com a equipe da Diretoria de Desenvolvimento Empresarial da Portos do Paraná. Na pauta, estava a estrutura e as operações do porto e, ainda, uma visita ao cais para compreensão da eficiência e produtividade da atividade portuária no Paraná.

O que percebemos é que o grupo quer ter os portos paranaenses como exemplo a ser seguido para desenvolver os portos africanos. Além disso, eles buscam conexões que visam criar novas oportunidades de negócios – estabelecendo um elo entre os dois países – Brasil (pelo Paraná) e Namíbia”, comenta o diretor empresarial André Pioli.

Segundo ele, a empresa pública está sempre aberta e disposta à colaboração. “Esperamos que essa visita de cortesia abra portas para o desenvolvimento do Estado e seus produtores. E que possamos seguir cooperando para a melhoria da logística mundial”, conclui.

Porto de Walvis Bay

O porto de Walvis Bay é o maior porto comercial da Namíbia, recebendo, aproximadamente, 3 mil escalas de navio por ano e movimentando cerca de 5 milhões de toneladas de carga, de acordo com a empresa estatal Namport (Namibian Ports Authority).

Além disso, a empresa afirma que o porto atende a importação, exportação e transbordo de contêineres, bem como a granel de diversas commodities. A Namport atende às indústrias de petróleo, sal, mineração e pesca, sendo que o sal a granel e ensacado são exportados pelo Walvis Bay.

O porto passou por um plano de expansão de 40 hectares, tornando sua capacidade máxima de recebimento de 1 milhão de contêineres. Ele ainda está em conformidade com o código International Ship and Port Facility Security (ISPS).

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