Por Katia Brembatti
Um navio que ficou encalhado no Canal de Suez, de 23 a 29 de março, acabou atrasando a movimentação de outras 422 embarcações e deixou em suspenso o comércio marítimo mundial. Mesmo com essa dificuldade em escala global, não houve registro de problemas no Porto de Paranaguá. Nem atraso de cargas nem congestionamentos relacionados ao incidente.
Foi possível escapar dos transtornos porque, embora o canal egípcio represente uma das maiores rotas de navios no mundo, grande parte das embarcações, que se dirigem ao Porto de Paranaguá, não passa por lá. Uma das explicações é a posição do Paraná em relação às latitudes. A título de exemplo, um navio que saía da China com destino ao porto parnanguara muito provavelmente fará a rota pelo Sul da África, passando pela região do Cabo da Boa Esperança, por ser mais direta (menos quilometragem) em relação à linha que cruza o Canal de Suez. Somente em situação de várias escalas, na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, que a rota egípcia faria sentido.
Contudo, mesmo sem ter registrado reflexos diretos a partir do encalhe, a atividade portuária em Paranaguá pode ter vários efeitos correlatos. Estimativas apontam que o valor do frete marítimo deve subir, já que os armadores enfrentam uma série de dificuldades por causa do incidente. Também há registros de congestionamentos em alguns terminais pelo mundo, que podem ter um efeito cascata, em menor grau, em Paranaguá. Outro impacto deve acontecer na disponibilidade de contêineres. Atualmente, as empresas trabalham com estoques baixos e alta rotatividade. Uma semana de encalhe pode ter consequências no gerenciamento de cargas por três a seis meses.