Prefeito registra BO contra autor de vídeo polêmico sobre fechamento do Costelão no domingo


Por Luiza Rampelotti Publicado 04/06/2020 Atualizado 15/02/2024

No domingo (24) pela manhã, o morador de Paranaguá, Rogério Alves Barbosa, publicou em sua rede social Facebook um vídeo no qual protestava contra o fechamento do estabelecimento alimentício Costelão Ponta Grossa, pela Guarda Civil Municipal, por descumprimento ao decreto municipal que, até então, impedia o funcionamento de atividades não essenciais aos domingos. O vídeo logo ganhou repercussão e, até o sábado (30), já acumulava mais de 45 mil visualizações e 940 compartilhamentos.

Na publicação, ele afirma que está ocorrendo uma “ditadura em Paranaguá. Ninguém pode trabalhar. A Guarda Municipal mandou o cara fechar o estabelecimento, ele só trabalha domingo. A fila toda ali, o cara perdeu tudo o que estava vendendo. (…) Isso é ridículo, é o cúmulo, é uma ditadura”, fala alterado. Entre as palavras gravadas, ele profere ofensas ao prefeito Marcelo Elias Roque (Podemos), que registrou Boletim de Ocorrência 536807/2020 contra ele, por difamação/injúria via redes sociais.

Quatro dias depois, na quinta-feira (28), Rogério recebeu a Intimação nº 9855/2020, para que comparecesse, no dia seguinte (29), às 10h, a 1ª Subdivisão Policial de Paranaguá, localizada na Delegacia Cidadã. De acordo com ele, a audiência já está marcada para julho.

A intenção do vídeo era mostrar o que estava acontecendo, porque o cidadão estava sofrendo. Quem estava na fila também passou constrangimento. Sou um cidadão comum, que estava na fila, fui impedido de comprar meu alimento e fiquei indignado com a situação. Fiz o vídeo como está no Facebook e teve muita repercussão. Recebi a intimação para esclarecimento de fatos em um dia e já tive que me apresentar no outro. A audiência já vai ser em julho. As coisas funcionam bem rápido quando há interesse”, diz.

“Intimação e intimidação”

Ele avalia que a intimação foi uma forma de intimidação, como resultado da exposição de sua indignação. “Mas a indignação não era só minha, era de todo o comércio de Paranaguá, desde o vendedor de cachorro quente, dono de pizzaria, lojista, eu falei em nome de todos os comerciantes”, afirma.

Em outro vídeo postado na sexta-feira (29), na mesma rede social, Rogério prossegue com as críticas ao prefeito, após prestar esclarecimentos na delegacia. “É ditadura? Eu não posso falar? Não sou político, não tenho envolvimento com política, mas sou eleitor, se eu votei, quero resultado. Te coloquei nessa cadeira para me representar, não para me processar”, declara.

Porém, ele comenta que, apesar de ter sido denunciado, o vídeo gerou resultados positivos. “O que me deixa mais contente são as inúmeras mensagens que tenho recebido, do pessoal feliz, advogados querendo me defender de graça, empresários querendo pagar o advogado pra mim, muitas palavras bonitas. Tem gente dizendo que se eu tiver que varrer rua, vai varrer comigo, que se eu tiver que pagar cesta básica, vai me ajudar. São inúmeras pessoas, então deu resultado positivo”, diz.

Rogério destaca que não tem “lado político”. “Não estou torcendo para um ou outro, não sou de oposição, até elogiei o prefeito sobre algumas coisas feitas na cidade, tanto que até votei nele, mas, naquela situação, não concordei. Minha decepção maior também é essa, sou eleitor dele”, finaliza.

O que diz o prefeito

O JB Litoral também procurou o prefeito Marcelo Roque para que se manifestasse sobre a situação. Ele enviou uma nota à equipe de reportagem, afirmando que adotará as medidas judiciais necessárias visando penalizar os responsáveis pelos ataques à sua pessoa.

Como gestor público e político, estamos sempre sujeitos às críticas, isso é comum e aceitável. Porém, ataques pessoais e familiares são inaceitáveis, pois, antes de homem público, sou pai de família e prezo pelo meu nome e por minha honra, não aceitarei jamais esse tipo de conduta, seja de quem for. Certamente, adotarei as medidas judiciais necessárias visando penalizar os responsáveis por tais ataques”, conclui.