Prefeitura não recolhe óleo de cozinha e usina de Biodiesel continua desativada


Por Redação JB Litoral Publicado 04/04/2015 Atualizado 14/02/2024

  O projeto da Usina de Biodiesel de Paranaguá e a coleta do produto que iria ser transformada em combustível para os veículos da prefeitura não estão funcionando. Criado em 2011, o projeto está totalmente parado e os óleos continuam acomodados em residências à espera da coleta. Além do biodiesel, com o óleo usado é possível fazer resina para tintas, sabão, detergente, glicerina e até ração para animais. O investimento inicial no empreendimento foi de R$ 200 mil.
  Implementado após uma parceria entre a Prefeitura e o Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), por meio do Senai-PR, a usina teve ampla divulgação como um método sustentável e inovador. O projeto inclusive foi apresentado no Rio+20, em junho de 2012, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, um estande da prefeitura foi montado no Parque dos Atletas, na região da Barra, e o atual secretário municipal de Meio Ambiente (Semma), o biólogo João Roberto Barros Maceno Silva, foi o responsável pela apresentação do projeto, que inclusive foi mostrado a representantes de diversos países, estados e cidades brasileiras.

   A dona de casa Valquíria Fernandes, moradora na Costeira, separa o óleo desde a divulgação do projeto. Ela conta que costuma guardar em recipientes o produto usado e entrega para os veículos de coleta seletiva da Prefeitura. Porém, há mais de duas semanas ela tenta fazer a entrega e não consegue.

“Separo o óleo desde a gestão do Baka, que disseram que era para fazer combustível e também para preservar o Meio Ambiente. Coloco em galões vazios, estou com mais de 20 litros de óleo e não sei o que fazer com eles”.

   Já liguei duas vezes para a secretaria (Semma). A primeira vez eles falaram que o caminhão estava quebrado. Na segunda, eles falaram que iam passar na semana passada e não passaram”, criticou, completando que não sabe o que vai fazer com os produtos. “Não sei se estão recolhendo. Também não sei o que eu faço. Se jogo ou deixo lá frente, pois temos que preservar o Meio Ambiente. Está guardado aqui em casa, mas tenho que retirar daqui”, concluiu.

Projeto parou no tempo

   A reportagem do JB já mostrou que quando foi inaugurada, a capacidade de produção da usina de biodiesel era de 800 litros por dia. Na época, se evidenciou que a iniciativa iria trazer economia dos gastos públicos, pois o combustível feito iria abastecer a frota municipal. Além disso, a usina evitaria que milhares de litros da água fossem contaminados com o óleo de fritura. Outro benefício seria em torno da educação profissional, pois junto com a Usina se abriria uma escola prática que capacitaria alunos do Senai para operar no local, um laboratório na escala 1:1, que daria condição de emprego aos jovens do município. Porém, agora com a usina fora de funcionamento, mesmo que haja a formação de pessoas aptas, não há local para que elas trabalhem com que aprenderam. Haveria também a possibilidade das indústrias locais utilizarem a usina para reciclagem de óleo utilizado, opção inexistente no momento.

 Prefeitura diz que usina funcionará em 60 dias

  Em respostas aos questionamentos da reportagem do JB, a Assessoria de Comunicação informou que a estrutura física da usina está montada no pátio da garagem da prefeitura em manutenção. “A previsão é que ela entre em funcionamento nos próximos 60 dias”, diz a nota. A Prefeitura ressalta ainda que a usina não está quebrada e que após a manutenção dará continuidade ao projeto, com ampliação e novos parceiros.

  Sobre a coleta de óleo, a prefeitura confirmou que o agendamento para coleta de óleo de cozinha usado, acima de 20 litros, deve ser feito pelo telefone 3420-2953. Para quantidades menores, os recipientes podem ser deixados na própria na sede da SEMMA, no Aeroparque, ou no Setor de Limpeza Pública (garagem) da Prefeitura, que são os pontos de entrega.