Projetos fazem alunos da área rural aprenderem fora das salas de aula


Por Flávia Barros Publicado 29/07/2022 Atualizado 17/02/2024

A arte de fazer cestos de origem indígena, tão presentes nas comunidades que compõem a de São Miguel e adjacências; de coletar ostras; de lidar com a mandioca, desde o plantio até a produção de farinha e biju. Tudo isso vai ficando cada vez mais raro, mas, se depender do empenho dos servidores do Colégio Estadual do Campo Povoado São Miguel, jamais será esquecido. Isso porque a equipe pedagógica desenvolveu projetos que levam os alunos de todas as turmas de ensinos fundamental e médio a vivenciar essas práticas nos locais onde elas resistem, muitos deles bem próximos das moradias dos estudantes e tendo as atividades sido desempenhadas por seus pais e avós, mas que, ainda assim, os adolescentes não conheciam.

DO CESTO AO BIJU

Tramar: a cultura indígena no presente caiçara; Ostras: colhendo nosso passado; As Fábricas de farinha de São Miguel. Com esses três projetos os estudantes de São Miguel conhecem, cada vez mais, as raízes da comunidade. De acordo com o diretor do colégio, Waldece Wagner, as iniciativas “são parte da série de projetos onde buscamos atividades tradicionais da comunidade para contextualizar os conteúdos do currículo priorizado do Paraná e da BNCC. É o desemparedamento da escola. Nós, como educação do campo, muitas vezes esquecemos da função principal, que é preservar a cultura local, as raízes históricas das comunidades. Então, nós linkamos esse conteúdo aqui com diversas disciplinas curriculares, como educação ambiental e processo de relação do trabalho. É o diferencial da educação do campo”, disse o diretor.

RESGATAR O MUNDO DE ANTES DO CELULAR


No começo da semana, a reportagem do JB Litoral encontrou os professores, o diretor e os alunos coletando ostras na localidade de Caçueiro. A felicidade e os olhos atentos à toda a experiência já demonstrava que o projeto alcançava o objetivo. A professora Valdenice Modesto avaliou. “Tirar um pouco os alunos das salas de aula e trazê-los para a realidade deles, porque hoje, com a internet e os celulares, eles acabam não convivendo com a própria realidade. Então trouxemos os alunos para ver na prática como coletar as ostras. Vamos prepará-la e comer aqui mesmo. Também vamos levar esse conteúdo que eles aprenderam aqui para dentro da escola, fazendo o caminho inverso“, contou.


CONHECER PARA DECIDIR


O diretor da escola, mais conhecido como Wawa, ainda ressalta como as vivências são aproveitadas. “Fazemos a saída de campo, conhecemos a praxis, depois, em cada área do conhecimento, os professores fazem a contextualização. Temos que partir de dois princípios: aqueles que querem sair, ir para a cidade, e aqueles que querem continuar na comunidade. Então, a ideia é pensar dessas duas formas. Aquele que opta por sair, conhece sua realidade, de onde ele vem, tendo a consciência histórica desse processo. A gente tem comunidades próximas que vivem só da ostra, e mostramos para eles que é possível viver dos recursos daqui. Mas também preparamos aquele aluno que quer sair, fazer uma faculdade e ir para um centro urbano”, explicou. 


DO PLANTIO À PRODUÇÃO


Na quinta-feira (28) é a vez de começar o projeto “As Fábricas de farinha de São Miguel”, onde os alunos vão passar pelas vivências do plantio e coleta da mandioca até a confecção da farinha e do biju.


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